O menino Hugo era mimado.
O atleta que disputou seis Olimpíadas, que ganhou 15 medalhas pan-americanas (sendo dez de ouro) e que foi porta-bandeira do Brasil no Pan de Guadalajara-2015 quase não se transformou em um campeão. E, agora, às vésperas dos Jogos de Tóquio-2020, em que será o técnico da equipe feminina de tênis de mesa, ele se lembra, inevitavelmente do peso da enxada que mudou seu destino.
"Eu tinha talento para o esporte, mas levava tudo na brincadeira", reconhece Hugo Hoyama, que começou a bater sua bolinha com o vovô Shimotinho, na mesa improvisada da sala de sua casa em São Bernardo do Campo. "Eu não era indisciplinado, eu era sapeca".
Aos sete anos, Hugo já treinava para valer e disputava torneios defendendo o Palestra de sua cidade do ABC paulista. Mas era um garotinho levado. Se a bolinha batesse no cabo da raquete e repicasse na cabeça de seu parceiro de duplas, caía na gargalhada. Se errasse uma jogada importante por puro desleixo, nem ligava.
Tinha muito jeito para o tênis de mesa e, a esta altura Shimotinho, o Ditian (que é como os nisseis chamam os vovôs), já não era páreo para o neto bom de raquete. Hugo ganhava todos os torneios.