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Primeira deputada indígena dos EUA era lutadora de MMA e tentou vaga no TUF

Sharice Davids foi eleita para o Congresso dos EUA pelo partida Democrata do Kansas; de 2006 a 2014, ela foi lutadora de MMA - Colin E. Braley/AP Photo
Sharice Davids foi eleita para o Congresso dos EUA pelo partida Democrata do Kansas; de 2006 a 2014, ela foi lutadora de MMA Imagem: Colin E. Braley/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

07/11/2018 12h44

As eleições desta terça-feira (6) nos Estados Unidos para o Congresso elevaram o patamar feminino na política do país. Pela primeira vez, os norte-americanos terão mulheres indígenas e muçulmanas entre os congressistas. Entre elas, uma ex-lutadora de MMA: a democrata Sharice Davids, do Kansas.

Nascida em 22 de maio de 1980, Sharice foi criada apenas pela mãe, uma veterana do Exército que deixou as Forças Armadas depois de 20 anos para seguir carreira civil no US Postal Service, o serviço de correios dos EUA. Membro da tribo Ho-Chunk, que se concentra principalmente no estado de Wisconsin, ela estudou na Leavenworth High School, no Kansas. Em 2007, conquistou o bacharelado em direito na Universidade de Missouri-Kansas City; dois anos depois, veio o título de juris doctor da Cornell Law School.

Em 2006, ainda durante seus estudos universitários, Sharice Davids começou a lutar MMA. A carreira no esporte teve que começar tarde, justamente por causa de questões familiares.

“Eu não treinava, porque fui criada só por minha mãe”, contou Davids, em entrevista publicada em agosto pelo jornal britânico The Guardian. “Era muito caro para mim pagar por aulas de artes marciais”, explicou.

Já formada, ela começou a ter aulas de capoeira e caratê. Então, começou a aprender taekwondo com um treinador que já tinha experiência no MMA. Em poucos meses, o treinador perguntou se ela tinha interesse em lutar em um evento de MMA. Mesmo desconfiada, ela topou.

Vieram então as primeiras lutas. Em 27 de outubro de 2006, ela encarou Courtney Martell em luta do peso palha (em geral, para lutadoras entre 48 kg e 52 kg) de um evento chamado Midwest Fightfest, também em Kansas City. Resultado: venceu em 44 segundos.

“Em termos de opções de carreira, eu não pensava de jeito nenhum no MMA”, contou ela ao The Guardian.

Só que a carreira no MMA parecia uma opção viável para a norte-americana. Entre 2006 e 2012, em seis lutas como amadora, Sharice Davids conquistou cinco vitórias. Com o crescimento da participação feminina na modalidade, os planos dela pareciam mudar.

Em setembro de 2013, o UFC anunciou a realização do programa The Ultimate Fighter 18, tendo como treinadoras as lutadoras Ronda Rousey e Miesha Tate. De olho em uma vaga, Sharice decidiu se arriscar no MMA profissional.

“Eu estava tão apaixonada pelas artes marciais que senti que queria pelo menos tentar, o que me levou a minha primeira luta profissional”, contou.

Na estreia profissional, em 1º de novembro de 2013, ela encarou Nadia Nixon no Shamrock Fighting Championship e venceu. No entanto, antes mesmo das eliminatórias para o TUF 18, enfrentou Rosa Acevedo no LCS 18 e perdeu por decisão unânime dos árbitros. Naquele dia, 1º de março de 2014, Sharice Davids dava fim a sua carreira nas lutas, antes mesmo de tentar uma vaga no programa de TV.

“Você dedica 12 anos de sua vida aos treinos e tem três minutos para demonstrar para um painel de pessoas que vai decidir se você vai para o UFC ou não”, lembrou Davids. “Quando eu não consegui (uma vaga nas eliminatórias do TUF), eu senti que, embora eu sempre seria uma lutadora, eu já tinha tentado demais as lutas de MMA”, completou.

Desde então, a lutadora começou a viajar pelos Estados Unidos para realizar trabalhos junto a comunidades indígenas. Em 2016, Sharice Evans foi selecionada para participar de um programa de colaboração com a Casa Branca. Em pouco tempo, viu que a política poderia ser um caminho.

Nas eleições para o Congresso dos EUA, ela concorreu à vaga do terceiro distrito do Kansas contra o republicano Kevin Yoder, então no cargo. Homossexual, defensora da causa LGBT, foi eleita. Agora, em 3 de janeiro de 2019, assume o posto.