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Felipão revela clima ruim nos bastidores antes do 7 a 1: 'Não eram unidos'

Confiança, em pleno Mineirão, impõe a Felipão o primeiro revés desde seu retorno ao Cruzeiro - Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Confiança, em pleno Mineirão, impõe a Felipão o primeiro revés desde seu retorno ao Cruzeiro Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

29/05/2021 17h41

Luiz Felipe Scolari é uma figura ímpar entre os técnicos mais marcantes formados no Brasil. Comandante no pentacampeonato da seleção brasileira, em 2002, Felipão também é marcado pela maior derrota do Brasil em Copas do Mundo. Sobre o Mundial de 2014, o treinador analisou as falhas da equipe e ainda revelou conflitos nos bastidores do grupo: 'A gente ia manobrando, mas não tínhamos o mesmo ambiente de 2002'.

Ao programa Grande Círculo, do canal SporTV, Felipão criticou os erros cometidos na semifinal diante da Alemanha e desabafou sobre o clima entre os jogadores. De acordo com ele, a seleção de 2014 não era unida como a de 2002.

"Eu acho que nós colocamos responsabilidade demais a partir do momento em que ganhamos a Copa das Confederações. Nós todos achávamos que aquele caminho estava sendo bem trilhado, tínhamos todas as condições e que independentemente de uma ou outra coisa estaríamos disputando o título de qualquer forma. Para chegar à semifinal foi difícil, empatamos um jogo que tivemos que ganhar nos pênaltis (Chile). Mas a gente chegou à semifinal que se traduziu de forma que nem posso imaginar... Nem imagino até hoje como a gente perdeu daquela forma. Não tem cabimento nenhum, nem daqui 100 anos vamos ter um momento errado como nós nos portamos no jogo", disse Felipão.

"Em 2002, tínhamos um tipo de pensamento. Para 2014, tínhamos outras ideias e outros jogadores, embora tivéssemos bons jogadores. Tínhamos uma certa influência de situações que não conseguimos acabar na seleção. Não foi por isso também (que perdeu). Dentro dos resultados, nós vínhamos conseguindo passar nos pênaltis... Chegamos a uma semifinal. O jogo que nos marca como derrotados é o jogo da semifinal. Não tivemos derrota nenhuma até o jogo da Alemanha. A gente ia manobrando, mas não tínhamos o mesmo ambiente (de 2002). Isso era público e notório", acrescentou o treinador.

O ex-técnico do Cruzeiro ainda contou um momento de discordância entre jogadores antes do 7 a 1.

"Em 2014, não conseguimos esse entrosamento (de 2002). Mesmo em 2014, quando teve uma situação crítica que fomos montar uma carta, um comunicado para a imprensa, houve discordâncias muito grandes entre jogadores no grupo. Não conseguimos aquela unidade de pensamento muitas vezes porque jogando aqui no Brasil tínhamos conhecimento e ouvíamos pessoas que não precisávamos ouvir. Lá fora não foi assim", desabafou.

"Foi um dia que nos reunimos e falamos que tínhamos que montar uma situação nova, que nós queríamos colocar para determinada pessoa que comandasse isso e houve discordâncias entre três ou quatro pessoas. Já teve gente de fora interferindo dizendo que se fosse isso não concordava. Jogamos no Brasil em situação que muitas vezes não é benéfica para a seleção brasileira. Qualquer campeonato disputado fora temos mais possibilidades ainda pelo ambiente que se forma do que aqui dentro do Brasil", declarou.

Por fim, Felipão analisou as falhas cometidas dentro da semifinal que custaram a goleada história e posterior queda do técnico do comando da seleção brasileira.

"Saímos com a bola, jogamos para o lado, voltou no pé de um jogador nosso, ninguém falou nada, roubaram a bola do nosso jogador que imaginávamos estaria de frente, sabia o que estava acontecendo. Roubaram a bola e fizeram o gol. Em dois minutos fizeram dois gols. Não tinha explicação para isso. Depois imaginamos uma equipe que estivesse mais ou menos espelhada na Alemanha e não aconteceu", ponderou.

"Tivemos erros em bola parada que marcávamos individual por uma série de detalhes que tínhamos visto nos jogos da Alemanha. E também erramos. Foram erros nossos que permitiram que a Alemanha crescesse e dominasse o jogo", concluiu.

No Cruzeiro, último clube onde trabalhou, Felipão deixou o cargo após 3 meses por estar insatisfeito com os bastidores do clube mineiro.