Torcida do Boca Juniors no Rio adota boteco e tem prioridade na TV

Era um início de noite de terça-feira movimentado na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Enquanto comerciantes baixavam suas portas, um discreto bar começava a receber pessoas vestidas de azul e amarelo. Eram torcedores do Boca Juniors, animados para acompanhar o duelo com o Racing, pelo Argentino, uma semana antes da esperada final da Copa Libertadores contra o Fluminense, no Maracanã.

A tradicional concentração é promovida pelo "Consulado Boca Juniors Rio de Janeiro", grupo de xeneizes que moram na Cidade Maravilhosa e que é chancelado pelo clube.

Um dos fundadores estava lá. Brian Muhs é natural de Buenos Aires, mas já mora no Rio há três anos. Foi ele, na companhia de três amigos, que teve a ideia de criar o consulado para poder reunir o grande número de adeptos do Boca Juniors na capital carioca.

O bar adotado pelos "bosteros" é acanhado, mas os recebeu de braços abertos, a ponto de dar total prioridade aos jogos do clube argentino na TV, mesmo que estejam acontecendo jogos de brasileiros no mesmo horário.

Achamos o boteco aqui, o cara é muito legal, ele é paranaense. E ele falou para ficarmos tranquilos, que a prioridade seria sempre o Boca. Mesmo jogando Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo no mesmo horário, não teria problema, que a prioridade seria o Boca, o que é um privilégio

Brian Muhs, um dos fundadores do consulado do Boca no Rio

Os torcedores estenderam no bar uma faixa com a frase "Rio és de Boca" [Rio é do Boca]. Muhs, que trabalha no Rio como guia turístico, explicou que o processo para se tornar um consulado oficial do Boca Juniors é longo e necessita de muitas etapas, que incluem até mesmo ações sociais. O deles, por exemplo, já promoveu limpezas nas praias da Zona Sul da cidade e agora pretende realizar doações nas comunidades do Cantagalo e do Tabajara, que ficam próximas à Copacabana.

Brasileiros integram o consulado do Boca no Rio

Brasileira Lilian (esq.), de Niterói (RJ), é torcedora do Boca: seus avós são argentinos e "bosteros"
Brasileira Lilian (esq.), de Niterói (RJ), é torcedora do Boca: seus avós são argentinos e "bosteros" Imagem: Bruno Braz / UOL
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O consulado do Boca Juniors no Rio de Janeiro não se limita somente aos argentinos fãs do clube. Há integrantes que são brasileiros, caso de Lilian Gomes, moradora do município de Niterói (RJ) e que também estava no bar. Ela é neta de argentinos torcedores dos Xeneizes e cultivou o amor pela equipe desde criança.

Meus avós são argentinos e têm a tradição. Realmente, desde pequena, meu primeiro time foi o Boca Juniors e tenho o sócio internacional do Boca. Descobri o consulado na página do Facebook Desde então, pode ser o horário que for, o dia da semana que for, estou com a galera

Lilian Gomes

Consulado promoverá 'banderazo'

O consulado do Boca Juniors no Rio de Janeiro, em parceria com as principais organizadas do clube que estão vindo à cidade, está organizando o chamado "banderazo" na orla de Copacabana, na véspera da final da Libertadores contra o Fluminense. O local escolhido foi o quiosque "Buenos Aires", às 16h, e são esperados milhares de torcedores "bosteros".

O consulado do Rio não é o único do Boca no Brasil. Há também em São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Búzios, cidade da Região dos Lagos (RJ) conhecida por ser quase uma "mini Argentina", já que cerca de 20% do 35 mil da população são "hermanos", segundo dados do IBGE.

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A Conmebol promoverá uma "Fan Fest" nas areias de Copacabana, a princípio, do dia 30 de outubro a 3 de novembro, véspera da final.

Já a Prefeitura do Rio de Janeiro estuda separar o Terreirão do Samba, espaço de eventos ao lado do sambódromo da Sapucaí, para abrigar os torcedores sem hospedagem.

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