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ANÁLISE

Como ficam as narrações da Globo sem Galvão após a Copa do Mundo?

Galvão Bueno deixará um posto que dificilmente será preenchido por apenas um narrador na Globo em 2023 - Victor Pollak/Globo
Galvão Bueno deixará um posto que dificilmente será preenchido por apenas um narrador na Globo em 2023 Imagem: Victor Pollak/Globo

Allan Simon

Do UOL, em São Paulo

06/08/2022 04h00

O narrador Galvão Bueno vai deixar a Globo após a Copa do Mundo de 2022. Sem renovar contrato com a emissora pela qual cobriu todas as edições do Mundial desde 1982, o locutor vai seguir com sua carreira na internet em projetos próprios a partir de 2023. Mas como fica a emissora sem o profissional que foi sinônimo dos principais momentos esportivos do Brasil nas últimas quatro décadas?

Essa é uma pergunta para a qual a Globo vem se preparando nos últimos anos para responder. O nome de Luis Roberto hoje é o mais próximo de um "narrador número 1" na emissora. Foi o único outro locutor de TV aberta escolhido para viajar ao Qatar na lista divulgada pelo canal ontem (5).

Mas muito provavelmente não haverá mais um "Galvão" na Globo em 2023. A emissora se planejou para ter dois ou três narradores fazendo um rodízio em eventos importantes. Essa prática já pôde ser vista quando Galvão Bueno ficou ausente das transmissões por causa da pandemia da covid-19. Os jogos da seleção brasileira, por exemplo, se alternaram entre Luis Roberto e Cléber Machado.

O que ainda fica no ar é: quem serão esses nomes que se revezariam nos principais momentos esportivos da Globo? Cléber Machado tem contrato até o fim de 2022 e ainda não teve sua renovação confirmada.

Gustavo Villani chegou com status de grande promessa em 2018 e tem aparecido em algumas escalas na TV aberta nas folgas de Cléber e Luis Roberto. Mas vai fazer sua segunda Copa do Mundo à distância na emissora, já que não está na lista de enviados ao Qatar.

Everaldo Marques, que vai narrar a Copa pelo SporTV também dos estúdios brasileiros, fez boas participações na Globo aberta nas transmissões das Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Renata Silveira vem ganhando espaço e, apesar de não viajar ao Qatar, vai fazer o Mundial na TV Globo no fim do ano, se tornando a primeira mulher a narrar a Copa do Mundo na TV aberta.

Outros nomes sempre lembrados, como Luiz Carlos Junior e Milton Leite, que estão há décadas no SporTV, parecem consolidados na TV por assinatura. São os únicos narradores que vão cobrir in loco a Copa pelo canal pago em novembro, inclusive.

Libertadores de volta, sem Galvão

A Globo que começará 2023 é uma emissora que terá que lidar com a ausência de Galvão Bueno pela primeira vez desde 1992, quando o então já principal narrador do canal optou por deixar a empresa em nome de um projeto que lideraria no esporte da Rede OM.

A emissora paranaense, que hoje é a CNT, tinha uma meta ambiciosa de figurar entre as maiores redes do país. E contou com eventos como a Libertadores e a Copa do Brasil naquele ano para conseguir bons resultados no Ibope. Mas a aventura durou menos de um ano, Galvão voltou para a Globo em 1993 e nunca mais saiu até 2022. Jogo grande era com ele. Narrou dois títulos do Brasil nas Copas de 1994 e 2002, bem como todas as decepções que a seleção causou em 1998, 2006, 2010, 2014 (no histórico 7 a 1) e 2018.

Galvão não era figura constante em todos os eventos porque tinha uma escala muito própria, principalmente quando viajava o mundo cobrindo a Fórmula 1. Diversas finais de Libertadores foram narradas por Cléber Machado e Luis Roberto. A de 2006, por exemplo, foi narrada por ambos, quando a emissora dividiu rede e fez duas transmissões diferentes para São Paulo e Rio de Janeiro.

No ano que vem, a Globo vai ter de volta a Libertadores, agora com o compromisso de exibir qualquer final, inclusive sem times brasileiros. São quatro temporadas garantidas com a principal competição de clubes do continente. As escalas de narradores sem Galvão devem seguir uma lógica parecida com a que definiu Luis Roberto como seu substituto na final de 2019.

Dias antes da vitória do Flamengo sobre o River Plate, que valeu o bicampeonato da Libertadores ao time rubro-negro, Galvão Bueno, que faria o jogo e já estava no Peru para a transmissão, sofreu um infarto. Luis Roberto foi chamado porque é o narrador principal dos jogos de times cariocas no dia a dia do futebol da Globo. É altamente provável que Cléber Machado fosse o escolhido caso o finalista brasileiro contra o time argentino fosse um time paulista.

A Libertadores tem sido transmitida pelo SBT desde 2020, com direito a duas finais que só envolveram times brasileiros. Os duelos Palmeiras x Santos e Palmeiras x Flamengo, respectivamente decisões de 2020 e 2021, são jogos que em tempos normais, sem pandemia, quase certamente teriam sido narrados por Galvão Bueno se a competição estivesse na Globo. Mas e sem ele? O rodízio de narradores planejado nos últimos anos seria a solução mais simples, com Cléber Machado e Luis Roberto, respectivamente.