Topo

ANÁLISE

O que a lista da Copa significa para a sucessão de Galvão na Globo

Cléber Machado, Galvão Bueno e Luís Roberto - Globo/João Miguel Júnior
Cléber Machado, Galvão Bueno e Luís Roberto Imagem: Globo/João Miguel Júnior

Allan Simon

Do UOL, em São Paulo

05/08/2022 18h24

Classificação e Jogos

A Globo divulgou hoje (5) a lista de profissionais que serão enviados ao Qatar para a cobertura da Copa do Mundo no fim do ano. Chama atenção a presença de apenas dois narradores da TV aberta e outros dois do SporTV na viagem. Se no caso do canal pago as escolhas de Luiz Carlos Junior e Milton Leite mostram a força do "tempo de casa" de ambos, no caso da TV Globo a indicação mostra como está a situação da sucessão de Galvão Bueno na emissora.

Além do próprio Galvão, que se despedirá da Globo na Copa após quatro décadas de trajetória interrompida por menos de um ano em 1992, a empresa vai mandar Luis Roberto para as transmissões in loco no Qatar. Cléber Machado, com mais de 30 anos de casa, vai narrar do Brasil, assim como contratados relativamente recentes do canal, como Gustavo Villani e Renata Silveira.

Escalado para a cobertura presencial, Luis Roberto pinta hoje como o sucessor de Galvão na Globo a partir de 2023. Nos últimos anos, o narrador já vinha fazendo jogos nacionais de destaque na emissora, além de substituir o principal locutor do canal na final da Libertadores de 2019, quando o Flamengo foi campeão contra o River Plate.

Na ocasião, Galvão Bueno estava escalado para o jogo, mas sofreu um infarto dias antes da decisão. Prevaleceu na substituição a ligação de Luis Roberto com o futebol do Rio, o que rendeu ao substituto a chance de narrar um jogo em rede nacional que teve mais audiência que as quatro últimas finais de Copa do Mundo.

Em meio a um cenário de crise econômica e disparada do dólar desde o início da pandemia, a equipe que vai ao Qatar é mais enxuta do que a enviada pela Globo à Rússia em 2018. Na ocasião, os três principais narradores da Globo (Galvão, Cléber e Luis Roberto) estiveram em solo russo. O SporTV enviou, além de Luiz Carlos Junior e Milton Leite, os locutores Jader Rocha e Júlio Oliveira, que agora estarão nos estúdios dividindo narrações com Everaldo Marques, Natalia Lara e Rogério Corrêa no canal.

Cléber Machado já tinha ficado fora de uma campanha feita pela área de negócios da Globo para o mercado publicitário, como informou o site Notícias da TV no mês passado. A ausência na viagem interrompe uma sequência de participações in loco nas coberturas de Copa do Mundo que vinha desde 1994.

Na edição de 2002, marcada também por cortes de custos, disparada da moeda americana e exclusividade da emissora em TV aberta, o narrador foi o único a acompanhar Galvão Bueno na função em solo asiático. Luis Roberto, na época, narrou e apresentou programas no Brasil, apesar de ter viajado para a França na Copa anterior.

Cléber Machado está na Globo desde 1988 e narrou todas as Copas do Mundo desde então. Esta será a nona edição com a sua voz, ainda que dos estúdios da emissora no Brasil. Luis Roberto, que já tinha passagens pelo mesmo grupo no rádio e trabalhou na ESPN Brasil, chegou à TV aberta no final de 1997 e estreou no começo de 1998.

A partir do ano que vem, a Globo vai viver um cenário que só conheceu durante alguns meses do ano de 1992, quando Galvão Bueno deixou a emissora para liderar a equipe de esportes da Rede OM, uma emissora paranaense que hoje é a CNT e tinha projeto de estar entre as maiores do país. Cléber Machado na época "herdou" alguns eventos, como corridas de Fórmula 1. Foi dele a narração de uma corrida histórica em Mônaco, quando Ayrton Senna venceu após uma batalha emocionante com Nigel Mansell nas últimas voltas.

A ausência de Galvão Bueno virá justamente no ano em que a Globo vai retomar os direitos de transmissão da Libertadores, após três anos de exibições no SBT. É nesse contexto que Luis Roberto deverá assumir o papel de "número 1" da narração na emissora. O próximo estágio é saber se Cléber Machado terá o contrato renovado com o canal. Em 2018, ele assinou uma renovação por quatro anos que se encerra justamente após a próxima Copa do Mundo.