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Corinthians tem desconforto interno com modelo de trabalho de Vítor Pereira

Contratado em fevereireo, Vítor Pereira tem pouco mais de cinco meses de Corinthians - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Contratado em fevereireo, Vítor Pereira tem pouco mais de cinco meses de Corinthians Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Arthur Sandes e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

05/08/2022 14h17

Pressionado por maus resultados no mata-mata, o Corinthians enfrenta também um desafio interno no momento mais importante de sua temporada. Alguns pontos do modelo de trabalho de Vítor Pereira têm criado desconforto em parte dos jogadores e causam incômodo.

O UOL Esporte ouviu pessoas próximas a cerca de um terço dos jogadores do elenco e um integrante do departamento de futebol. Os pontos de maior incômodo são três:

Treinos
Na véspera do jogo não há treino coletivo de 11 contra 11, tradicional no futebol brasileiro e ao qual muitos estavam acostumados. O treinador prefere diminuir o tamanho do campo e intensificar o treino.

Escalação em cima da hora
Vítor Pereira não revela o time na véspera na intenção de que todos se preparem como titulares. Jogadores preferem saber antes quem vai jogar.

Declarações
Há desconforto com algumas declarações públicas do treinador em entrevistas coletivas. As críticas nominais criam insegurança em parte dos atletas: "Quem será o próximo?"

Oficialmente, o Corinthians não comenta o assunto.

Vítor Pereira já explicou publicamente que passar a escalação aos atletas no dia do jogo é proposital, para que todos os relacionados para aquela partida se preparem como se fossem titulares. No entanto, a prática incomoda parte dos atletas, que entende que a intenção mais atrapalha do que ajuda na preparação.

Os treinos de véspera também são um pilar do trabalho do técnico, que diz ser "um treinador de treinos", que gosta desta dinâmica. No dia anterior aos jogos, o Corinthians sempre faz exercícios de posse de bola em campo reduzido. Não é o treino tático tradicional, à base do 11 contra 11 em campo todo, muito comum no futebol brasileiro; e sim uma atividade mais rápida e de ritmo forte.

As entrevistas também são uma marca de Vítor Pereira, que não esconde as falhas do time. Na última coletiva que deu, por exemplo, após a derrota contra o Flamengo na Libertadores, falou que a equipe não enxergou "os espaços no lado contrário" do campo e que o segundo gol adversário foi um golpe psicológico. É praxe também abrir o jogo sobre as características de alguns atletas, como as de Róger Guedes, que valoriza muito ofensivamente mas diz que "não tem condições de defender o corredor".

O clima entre alguns jogadores é que entrevistas assim os expõem de forma desnecessária, e que, se um jogador foi criticado publicamente, qualquer outro do elenco pode ser o próximo.

O técnico ainda não completou seis meses de trabalho no Corinthians. Chegou com grande prestígio e impressionou a diretoria e os próprios jogadores nas primeiras semanas de trabalho justamente pelo modelo dos treinos: mais curtos, porém mais intensos. Em relação aos antecessores, a nova comissão técnica aumentou a exigência e as cobranças aos atletas, o que foi visto como positivo na época. Com a diretoria, VP mantém o mesmo prestígio e inspira a mesma confiança de sempre.

Junto do desconforto, o Corinthians vive também turbulência nos resultados. O time é vice-líder do Brasileirão, mas saiu atrás nas quartas de final das duas Copas, contra Atlético-GO e Flamengo, e precisa reverter ambas as derrotas por 2 a 0 para se manter vivo em três disputas de títulos.

O Corinthians tenta melhorar o clima e a fase na visita ao Avaí, às 19 horas (de Brasília) de amanhã (6), pelo Brasileirão. Três dias depois encara o Flamengo no Maracanã; em seguida tem clássico contra o Palmeiras; e finalmente joga outra decisão contra o Atlético-GO no dia 17.

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