Topo

Atlético-MG

Admirado por Messi e Ibrahimovic, Pavón tenta se reinventar no Atlético-MG

Pavon ajuda Messi a levantar-se durante estreia da Argentina na Copa do Mundo de 2018 - REUTERS/Maxim Shemetov
Pavon ajuda Messi a levantar-se durante estreia da Argentina na Copa do Mundo de 2018 Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov

Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

05/07/2022 04h00

"É um jogador muito rápido e faz a diferença. Encontrei um novo sócio".

A frase acima é simplesmente de Lionel Messi sobre Cristian Pavón, antes do embarque da Argentina na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Quatro anos depois, esse mesmo Cristian Pavón se tornou jogador do Atlético-MG. Anunciado pelo clube mineiro no final de semana, o argentino de 26 anos chega ao futebol brasileiro com o desejo de voltar a defender a seleção argentina. Além da questão financeira, a escolha pelo Galo se justifica pela força do clube na América do Sul, atualmente é uma das equipe mais fortes do continente e isso também seduziu o atacante.

"Todo jogador sonha em voltar. E tomara que aconteça de novo. Vou tratar de mostrar o que sei fazer e tratar de fazer o melhor para poder voltar. Vou ajudar o meu melhor no momento que estiver", disse Pavón à Galo TV.

Mas quais as razões para o então promissor atacante de 22 anos, convocado pela seleção argentina para uma Copa do Mundo, e cobiçado por gigantes europeus como Arsenal e Barcelona, deixar o Boca Juniors pela porta dos fundos e nem sequer ser lembrando nos últimos quatro anos para o ciclo do Mundial do Qatar?

É uma pergunta que nem mesmo os argentinos sabem responder. Um garoto tratado como prodígio na Argentina em 2017, aos 21 anos. Apesar da pouca idade, Pavón já era considerado o melhor jogador do futebol local e apareceu numa lista do jornal francês L'Équipe, que listou os 50 melhores jogadores de futebol abaixo dos 21 anos no planeta. Tanto que o Zenit, da Rússia, chegou com uma proposta de US$ 21 milhões, mas o Boca rechaçou imediatamente, acreditando na valorização do seu atacante na Copa do Mundo no ano seguinte.

Após ser elogiado por Messi, que teria indicado Pavón ao Barcelona, de acordo com publicações dos jornais espanhóis, o Arsenal também demonstrou interesse no jogador xeneize, mas não estava disposto a pagar os US$ 50 milhões pedidos pelo Boca. A pedida da equipe de Buenos Aires inviabilizou a negociação e o clube inglês desistiu da compra.

Aos 22 anos, com a disputa de uma Copa do Mundo no currículo, Pavón seguia como o grande jogador do Boca. Foi importante na campanha que levou a equipe da Bombonera para a final da Libertadores, mas não jogou a decisão com o River Plate nas melhores condições. Pavón se machucou no primeiro jogo, quando deixou a partida mais cedo, e na volta, em Madri, o atacante ficou os 120 minutos em campo (a decisão do titulo foi na prorrogação), mas sem nenhum brilho.

"Bom demais para a MLS"

Cristian Pavón durante treinamento na Cidade do Galo  - Pedro Souza/Atlético  - Pedro Souza/Atlético
Cristian Pavón durante treinamento na Cidade do Galo
Imagem: Pedro Souza/Atlético

O tempo foi passando e as propostas por Pavón foram sumindo. A venda milionária desejada pelo Boca Juniors jamais aconteceu, e em 2020 a solução foi emprestar o atacante ao Los Angeles Galaxy, que pagou US$ 2 milhões para contar com o jogador por uma temporada. Foram 34 partidas na equipe norte-americana, com 14 gols marcados. Pavón formou ataque com o sueco Zlatan Ibrahimovic, que foi mais uma estrela do futebol mundial a elogiar o argentino.

"Ele é muito bom. Ele é bom demais para a MLS. Eu acho que a MLS não vai tê-lo por muito tempo. Nós deveríamos aproveitar enquanto ele está por aqui", disse Ibra, claramente pensando numa transferência de Pavón para a Europa.

Outro ponto que o Atlético pode ajudar Pavón. O contrato com o Galo vai até junho de 2025, mas ao aceitar a proposta para jogar no futebol brasileiro, o staff do atleta viu como uma possibilidade de retomar o melhor nível, como foi o ápice de 2018. Além de um retorno à seleção argentina, Pavón ainda sonha como uma transferência para a Europa. O que só será possível com grandes exibições com a camisa alvinegra.

Sem jogar desde dezembro, após brigar com Riquelme, que é vice-presidente do Boca Juniors e não ficou nada satisfeito ao saber que Pavón recusou a oferta para renovar o contrato, por ter o desejo de trocar de clube, o atacante fez um trabalho físico especial nas últimas semanas. Antes mesmo da mudança para o Brasil,, Kichan, como é chamado na argentina, já treinava sob a supervisão da comissão técnica do Atlético, mesmo à distância.

Aos 26 anos, Pavón sonha em recuperar o prestígio de quatro anos atrás. Sem ser convocado pela seleção argentina desde o segundo semestre de 2018, o atacante viu no Atlético a possibilidade de se reinventar.

"O que eu mais quero é competir, tratar de chegar ao lugar mais alto possível e fazer com que o Atlético sempre esteja brigando em cima, tratando de ajudar com a minha parte para que a equipe esteja bem. E que eu possa dar esse salto para que a equipe me conheça e para que saiba como sou. Vou tratar de fazer o melhor aqui no Atlético e ganhar o máximo possível", completou o reforço atleticano.

Confusões fora de campo

Do mesmo jeito que tem muito talento com a bola nos pés, Pavón também mostrou facilidade arrumar escândalos fora dos gramados. O primeiro deles foi em 2017, quando apareceu fumando durante uma transmissão no Instagram, feita pelo lateral Jonathan Silva, então companheiro de Boca e atualmente no Getafe, da Espanha.

O escândalo mais grave de todos foi a acusação de abuso sexual, quando Pavón chegou a ser denunciado em março de 2021 pela Justiça de Córdoba. A enfermeira Gisela Marisol Doly afirma que após consumo de álcool e maconha, Pavón a trancou no banheiro e a obrigou a ter relações sexuais, em novembro de 2019. O assunto se tornou público e os advogados do jogador sempre trataram a acusação como falsa.

Antes da assinatura do contrato, o Atlético buscou detalhes do caso, com um representante na Argentina. Após ter acesso a um documento que apontava a inexistência de provas na denúncia de crime sexual, a diretoria alvinegra se sentiu confortável para firmar o vínculo com o jogador argentino.

Atlético-MG