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OPINIÃO

Arnaldo: Violência na Copinha expôs falência de torcida única e preconceito

Do UOL, em São Paulo

24/01/2022 16h57

A semifinal entre São Paulo e Palmeiras na Copa São Paulo teve já nos instantes finais da partida uma invasão de torcedores, além de uma faca arremessada no gramado, situação que voltou a trazer questionamentos a respeito da torcida única nos clássicos realizados no estado de São Paulo.

No podcast Posse de Bola #196, Arnaldo Ribeiro afirma que o episódio no jogo que tinha apenas torcedores são-paulinos escancarou o fracasso do modelo de torcida única, assim como trouxe à tona diversos preconceitos, citando o uso do termo 'Trikas', homofobia e apontamento de culpa a torcedores organizados mesmo sem a apuração do envolvimento deles nos atos violentos.

Ouça também o boletim do Posse com Arnaldo e Tironi; exclusivo na Apple Podcasts

"A torcida única em São Paulo já é quase uma instituição e sim, ela em tese 'facilita' o trabalho da polícia nos arredores do estádio em dias de jogos, isso é fato, o contingente, o horário de chegada dos policiais é muito mais tranquilo com a questão da torcida única e o que a gente viu sábado foi, digamos, uma expressão escancarada da falência desse modelo de torcida única", diz Arnaldo.

"A invasão imediatamente foi associada à torcida organizada, um membro de torcida organizada invadiu o campo com uma faca para esfaquear o jogador do Palmeiras, foi essa a versão colocada imediatamente para quem não estava lá, para quem não foi atrás da apuração. Minutos depois a súmula do árbitro do jogo tinha a identidade, o nome completo dos dois invasores e o relato de que a faca foi atirada das arquibancadas dentro de uma marmita", completa.

Arnaldo afirma que o futebol é o meio mais homofóbico no Brasil e que o tom homofóbico turbinou a questão do uso do 'Trikas' nas redes sociais, criticando a própria mídia por turbinar as provocações com este teor.

"Eu até agora não entendi como provocação, alusão ou celebração do São Paulo, o tal do Trikas, que a torcida organizada rejeitou e tudo mais, tem meio que uma questão homofóbica nessa hashtag e a repressão da torcida organizada mais homofóbica ainda, um monte de situações, aí tem esse preconceito que envolve o mundo do futebol, que é completamente impregnado, tinha vários times na Copa São Paulo que não inscreveram jogador com o número 24", diz Arnaldo.

"O futebol é o meio mais homofóbico do Brasil, machista e tem um monte de coisas envolvidas, inclusive essas provocações nas redes sociais que a mídia encampa e turbina, internamente, no conforto do lar, estimula, aí os preconceituosos da torcida organizada normalmente são assim, não pode número 24, não pode nada, ficam fiscalizando se alguém está com a hashtag tal, com cabelo comprido", completa.

O jornalista também critica o preconceito em relação à torcida organizada e vê falhas e a necessidade de punição aos envolvidos, assim como o clube e as autoridades responsáveis que falharam ao permitirem que um torcedor entrasse no estádio portando uma faca.

"O show de preconceitos vai também em relação ao preconceito em relação aos caras da torcida organizada, porque não é esse o ponto deles, 'são todos violentos, preconceituosos e são os caras que vão invadir com uma faca para matar um jogador', esse é o diagnóstico antes da apuração. Foi um episódio completamente lamentável, tem que ter punição sim não só ao CPF, autoridades e clube devem ser punidos", diz Arnaldo.

"Falharam na minha opinião clube, autoridades, segurança, organização e imprensa também nesse episódio todo, fomos muito mal, precipitados, sem apurar, só depois de muita coisa, bastava ver a súmula do árbitro, que a gente teve um pouco de esclarecimento nessa situação toda. Nesse mundo de falhas, o preconceito está todo enrustido, os preconceitos em relação à questão da homofobia, da torcida organizada, em relação a questões sociais, tem muita coisa nesse baralho todo", conclui.

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