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Victor Luis já teve pai ajudante na marcação: "Assobiava do alambrado"

Victor Luis, do Palmeiras, e Daniel Alves, do São Paulo, disputam bola na ida da final do Paulistão - Marcello Zambrana/AGIF
Victor Luis, do Palmeiras, e Daniel Alves, do São Paulo, disputam bola na ida da final do Paulistão Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

21/05/2021 12h00

Em 2014, quando o Palmeiras era atacado por seu lado esquerdo na complicada reta final do Campeonato Brasileiro, um assobio sempre vinha do alambrado do Pacaembu, onde o clube mandava seus jogos.

Victor Luis, na época recém-promovido da base e titular nos jogos que quase culminaram no rebaixamento do Palmeiras, rapidamente recuava e procurava o jogador livre pelo seu setor. Depois, assentia com a cabeça para o orgulhoso autor do aviso sonoro.

"Desde o comecinho dele no futebol, ainda criança, a gente já tinha essa combinação", contou ao UOL Esporte Eraldo Zamblauskas, 58, pai do novamente titular na lateral esquerda do Palmeiras.

"Mesmo quando o jogo era fora, eu tentava achar um jeito de fazer isso", contou ele, que hoje em dia já não mantém mais o hábito.

"Ele sempre ouviu. Tanto que olhava para mim logo depois", afirma.

Pai de Victor Luis foi contra renovação com o Palmeiras

Se dependesse de Eraldo, Victor Luis não teria renovado contrato com o Palmeiras até dezembro de 2022.

"Eu cheguei para o [Mauricio] Galiotte [presidente do clube] e falei que, por mim, o contrato tinha que ser vitalício", disse.

"Eu disse para ele que a gente não queria ter saído", diz ele, no plural mesmo, referindo-se ao empréstimo para o Botafogo. Pai e filho se veem como um time à parte quando o assunto é futebol. Desde o começo.

Eraldo está feliz. Após uma temporada no clube carioca, pelo qual Victor e ele têm muito respeito, o jogador está de volta ao clube pelo qual sempre torceu e onde começou no sub-11, em 2003.

Hoje, a base do Palmeiras é considerada uma das melhores do Brasil. Mas nem sempre foi assim. Eraldo se lembra de quando ele e alguns outros pais levavam os garotos para os jogos e treinos em seus automóveis particulares.

"Só quem pisou barro em Guarulhos sabe do que estou falando", diz ele, fazendo referência ao CT das categorias de base alviverdes, hoje modernizado.

"Eu tinha um Monza com mais de 100 mil quilômetros rodados que servia para levar a molecada pra cima e pra baixo", conta.

Pai de Victor Luis tem clientes até no Corinthians

Carro e futebol até hoje andam juntos na vida de Eraldo. Além de pai de Victor e seu assistente para assuntos pessoais, como pagamento de contas e renovação de seguro, ele também é representante comercial de uma concessionária BMW.

Seus clientes? Jogadores de futebol, é claro.

"Tenho clientes em todos os clubes. No Corinthians, o Andrés [Sanchez] permitia, e eu levava dois ou três modelos de carro no CT [Joaquim Grava] para que os jogadores pudessem conhecer e comprar", conta.

"Todo jogador que tem BMW, comprou comigo", conta. "Jadson, Fagner, Gustagol, Walter", enumera.

Pai de Victor Luis é rígido ao avaliar lateral do Palmeiras

Embora tenha muito orgulho do filho jogador, Eraldo é rígido quando avalia Victor.

Como fazia desde quando ele era garoto, o pai dá nota para o desempenho do filho após cada partida.

"Eu reclamo, aponto os erros, fico em cima mesmo, pego no pé", conta ele, que deu nota 7,5 para o filho na vitória sobre Corinthians, pela semifinal do Campeonato Paulista, em que Victor fez um gol.

"A nota abaixou porque ele perdeu um outro gol depois daquele, que já poderia ter matado o jogo", diz, com seriedade, sobre a jogada em que Victor acertou o pé da trave direita de Cássio.

A última conversa que Victor e Eraldo terão antes da segunda partida da final do Paulistão, contra o São Paulo, no domingo, será no sábado.

"A gente nunca se fala no dia do jogo, que é para ele ficar tranquilo", explica o pai, que espera poder comemorar a conquista com Victor, independentemente da nota que venha a dar ele pelo desempenho no jogo.

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