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Fã de Maldini e Cannavaro, joia do Santos diz ser comparado a Marquinhos

Kaiky Fernandes, promessa da base do Santos, é comparado com Marquinhos do PSG e seleção brasileira - Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Kaiky Fernandes, promessa da base do Santos, é comparado com Marquinhos do PSG e seleção brasileira Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/01/2021 12h00

Kaiky Fernandes recém-completou 17 anos e, desde 2019, defende o sub-20 do Santos. Sempre atuando em categorias acima da sua desde os 10 anos, quando chegou à Vila Belmiro, o zagueiro é tratado como uma promessa da famosa categoria de base do Peixe e frequentemente convocado à seleção brasileira sub-17. Recentemente, o jovem assinou seu primeiro contrato profissional e se aproxima cada vez mais do grupo principal — a expectativa é que essa transição ocorra possivelmente ainda em 2021.

O jogador tem um perfil diferenciado da maioria dos boleiros. Ele, por exemplo, se diz fã dos italianos Paolo Maldini e Fabio Cannavaro, dupla que sequer viu entrar em campo quando ainda atuavam. Além disso, carrega a pressão de ser comparado ao zagueiro Marquinhos, do PSG e da seleção brasileira.

"Admiro muito dois jogadores que não são da minha época e, infelizmente, não tive a oportunidade de ver jogar, que são Maldini e Cannavaro. Já vi muitos vídeos deles, marcaram história no futebol. Atualmente, me inspiro no Thiago Silva, Marquinhos e Sérgio Ramos, são zagueiros que têm meu modo de jogar. Pessoal diz muito que tenho o jeito do Marquinhos de jogar pela técnica. Também tenho essa facilidade de jogar pelo meio se precisar", disse ao UOL Esporte.

"Estou muito feliz com tudo o que vem acontecendo comigo no Santos, tudo muito rápido. Desde os 10 anos, venho jogando numa categoria acima e sigo assim. Acredito que isso é bom para o jogador que é obrigado a amadurecer mais rápido. A experiência dos mais velhos me ajuda muito, me sinto confortável com isso. Pretendo estar nos profissionais nos próximos anos, algo que deve acontecer naturalmente", completou.

O perfil diferenciado de Kaiky não se resume às quatro linhas. Quando ainda estava iniciando sua carreira no Santos, sem conseguir fazer maiores projeções, o horário do treinamento batia com as aulas do colégio Liceu São Paulo, onde havia sido sorteado para uma bolsa de 100%.

"Eu estudava em escola pública e, na época, minha família não tinha condição de bancar uma escola particular para mim. Rolou um sorteio no Liceu São Paulo e só duas pessoas entre cem ganhavam bolsa de 100%. Minha mãe botou meu nome, mesmo sabendo que seria muito difícil. Fomos com uma expectativa e acabei ganhando a bolsa. Minha família sempre priorizou os estudos e fiquei lá por três anos", afirmou.

kaiky - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

"Eu já jogava pelo Santos e os horários começaram a conflitar. Foi bem difícil porque não teria como manter a bolsa com os treinos. Eu, meu pai e minha mãe nos reunimos e choramos muito. Gostava muito das pessoas da escola, mas também não gostaria de largar o Santos. Minha mãe falou que, se fosse para escolher entre escola e futebol, sem dúvida ficaria com os estudos. Graças a Deus, quando a gente ia informar a decisão os horários dos treinos do Santos mudaram de horário e consegui ficar nos dois", completou.

Nos anos seguintes, já mais consolidado, Kaiky reviveu o dilema. A escolha, no entanto, foi mais fácil. Já visto como uma das grandes promessas, ele optou por trocar de escola e perder a bolsa integral. Com 17 anos, o jovem zagueiro está finalizando o ensino médio com aulas noturnas para conciliar com as atividades no Alvinegro praiano.

Veja outros trechos da entrevista:

Infância

Eu venho de uma infância muito humilde, como a maioria dos jovens que sonham em ser jogador de futebol. Maior parte passava na rua jogando bola, se divertindo. Mas nunca achei que realmente viraria jogador de um clube gigante como o Santos. Queria me divertir, sem pressão dos pais.

Primeiros passos

Com 5 anos entrei na escolinha de futebol Meninos da Vila. Era mais para praticar esporte mesmo. Sempre gostei muito de jogar bola e quando me perguntaram se queria entrar não pensei duas vezes. Fui me destacando, e meu pai me levou para fazer teste no Portuários [na Baixada Santista], onde passei. Mas logo fui chamado para o Santos.

Dificuldades

Tive muitas dificuldades no começo. Não posso falar que foi muita dificuldade porque já ouvi histórias piores. Mas meu pai precisava do carro para trabalhar e quem me levava para os treinos era minha mãe. Íamos e voltávamos a pé todos os dias. Quando ainda era da escolinha, a gente via o ônibus do Santos passar e eu conversava com minha mãe se um dia estaria lá dentro. Hoje, graças a Deus, realizei esse sonho.

Foco

A maioria dos jovens que sonham ser um jogador profissional de futebol sonham também jogar na Europa. Mas meu pensamento não é esse agora, o foco é total no Santos e em trabalhar forte para chegar aos profissionais, defender o clube e quem sabe chegar à seleção brasileira principal?

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