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Robinho começa a ser julgado em 2ª instância por acusação de estupro

Robinho foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão - Ettore Chiereguini/AGIF
Robinho foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Janaina Cesar

Colaboração para o UOL, em Milão

10/12/2020 08h40Atualizada em 10/12/2020 10h53

A corte de apelação de Milão, na Itália, começou a julgar hoje os recursos apresentados pela defesa de Robinho e Ricardo Falco que contestam a condenação, em primeiro grau, a nove anos de prisão por crime de estupro coletivo. O jogador não compareceu ao julgamento. A decisão pode ser dada hoje até o final do dia no país europeu, mas ainda cabe recurso em terceira instância. Somente após o julgamento na corte de Cassação, terceira instância, a pena aplicada pode ser executada.

O caso de Robinho será analisado por três juízas: Chiara Nobili, Paola Di Lorenzo e Francesca Vitale, que presidirá a sessão. A audiência começou quase pontualmente. Marcada para começar às 8h da manhã (12h do horário local), teve início 8 minutos depois.

Por causa das restrições da pandemia do novo coronavírus, foi limitado o acesso à sala da audiência. Puderam entrar somente as partes: o procurador, as defesas de Robinho e Falco, o advogado da vítima e a vítima. A imprensa e o público não puderam permanecer no local.

Os advogados de Robinho, o italiano Alexander Guttieres e a brasileira Marisa Alijia, foram os primeiros a chegar, por volta das 11h30 (horário local). Alijia, que diz ter feito a quarentena na Espanha, e chegou a Milão nesta semana.

A advogada disse "que não adiantaria a tese da defesa nos jornais". Já Guttieres, especializado em direito internacional, afirmou somente que não concede entrevista antes do julgamento porque "poderia ser considerado um desrespeito".

Por volta das 11h45 (horário local), chegaram Jacopo Gnocchi, que defende a vítima, e a mulher, hoje com 30 anos. Ela entrou na sala, em silêncio, sem dar qualquer declaração à imprensa.

Gnocchi, por sua vez, disse que "espera que a sentença seja confirmada" e afirmou que provavelmente a decisão deve sair hoje, pois "não consta nos atos do recurso da defesa de Robinho novos pedidos para que sejam refeitas as traduções das escutas". Já Cuno Tarfusser, procurador responsável pelo caso, chegou poucos minutos depois de Gnocchi e preferiu falar depois da audiência.

Após duas horas de audiência, a corte se retirou às 14h (horário local) em câmera de conselho para analisar o caso e tomar uma decisão. O retorno à sala é previsto para as 17h (horário local). Segundo Tarfusser, a sentença sai ainda hoje.

Sala da audiência do julgamento em 2ª instância de Robinho - Janaina Cesar/UOL - Janaina Cesar/UOL
Sala da audiência do julgamento em 2ª instância de Robinho
Imagem: Janaina Cesar/UOL

Entenda o caso

De acordo com a sentença de primeira instância, Robinho, Falco e outros quatro brasileiros teriam participaram do estupro de uma jovem albanesa na madrugada de 22 a 23 de janeiro de 2013, numa boate de Milão chamada Sio Café.

Naquela noite, a vítima comemorava seu aniversário de 23 anos. Como Robinho e Falco se encontravam na Itália na época das investigações, foram ouvidos e notificados de que seriam processados. Os outros quatro que teriam participado do crime não puderam ser notificados pois não se encontravam na Itália no momento da conclusão das investigações.

No entanto, Jairo Chagas, músico que tocava na noite do crime na boate milanesa, foi denunciado por falso testemunho, já que teria dado informações inverídicas às autoridades. Sua audiência está marcada para 14 de março de 2021, e o procurador responsável pela acusação é Stefano Ammendola, o mesmo que denunciou Robinho na primeira instância.

Segundo a sentença de primeiro grau que condenou o jogador, "não existem contradições das testemunhas ou declarações confusas nas conversas telefônicas. A única declaração contrastante foi a do músico Jairo Chagas que, durante o seu depoimento, no dia 28 de setembro de 2017, negou ter assistido ao crime, embora tenha admitido o contrário em conversa interceptada".

Robinho diz que é inocente

Em entrevista ao UOL Esporte em outubro, Robinho afirmou que não abusou sexualmente da jovem albanesa e que espera provar sua inocência no julgamento em segunda instância.

"Uma garota se aproximou de mim, a gente começou a ter contato com consentimento dela e meu também. Ficamos ali poucos minutos. A gente se tocou. Depois fui embora para casa", afirmou o jogador, que teve seu contrato com o Santos suspenso após a pressão de patrocinadores e de parte da torcida.

"Meus amigos me contaram no outro dia que, com consentimento da garota, ficaram com ela, se relacionaram sexualmente porque ela quis. E que eles saíram daquela discoteca junto com a mesma garota e foram para outra discoteca. Foi o que eles me falaram."