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Grafite: 'O Brasil só se engaja contra o racismo em casos isolados'

Grafite, comentarista do Grupo Globo - Taís Vilela/UOL
Grafite, comentarista do Grupo Globo Imagem: Taís Vilela/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/06/2020 23h28

Comentarista do Grupo Globo, Grafite comentou os recentes casos de racismo no Brasil - com o assassinato do garoto João Pedro pela polícia - e nos Estados Unidos - onde George Floyd foi assassinado por um policial. Na opinião do ex-atacante, falta engajamento no nosso país na luta contra o racismo.

"É um momento difícil. Vimos as manifestações nos Estados Unidos e, felizmente, o engajamento lá contra o racismo é enorme. Na Europa também, quando eu morei na Alemanha, eu vi um engajamento todo o tempo, praticamente todos os dias, diferente do que vemos no Brasil. Aqui, o engajamento contra o racismo é só em casos isolados ou em datas especiais. E ter vivido isso na pele me deixa mais sensibilizado com o que aconteceu com o George Floyd, e não só ele, mas vários outros casos aqui no Brasil, como o João Pedro há quinze dias. E é lamentável ver isso acontecendo no meio de uma pandemia", declarou em entrevista ao Bem, Amigos!, do SporTV, hoje.

Grafite ainda cobrou mais apoio dos jogadores contra o racismo durante todo o ano e não apenas em atos isolados ou em datas especiais.

"Existem muitos grupos de negros, hoje, relevantes na sociedade, que fazem um trabalho de combate ao racismo. Mas é tudo muito rápido no Brasil, o brasileiro tem memória curta, esquece rápido. Se o caso do George Floyd não tivesse acontecido essa semana, nós já teríamos esquecido o João Pedro. As coisas acontecem tão tragicamente no Brasil, mas a gente aceita com naturalidade, e isso não pode mais acontecer. (...) Os negros têm que fazer mais para tomar espaço dentro da TV. Podiam ter outras pessoas. Falta engajamento no Brasil, falta muita coisa. Eu acho bonito quando jogadores apoiam, mas queria que tivesse esse apoio o ano todo, não só em casos isolados. Tem que ter um engajamento diário. É um país em que a grande maioria é negra e, nas universidades os negros são minoria, são minoria na TV. Não pode isso. Tem que ter uma força maior para o negro", completou.