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Brasileiro relata como foi voltar aos treinos na Áustria: "Não tive medo"

André Ramalho - Divulgação
André Ramalho Imagem: Divulgação

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

23/04/2020 04h00

O Red Bull Salzburg retomou, ontem (21), a rotina de treinamentos após a paralisação de cinco semanas por causa da pandemia do coronavírus. No entanto, o dia a dia dos jogadores não é o mesmo. Os atletas precisam seguir diversas regras para evitar o contágio. Destaque da equipe hexacampeã austríaca, o brasileiro André Ramalho contou ao UOL Esporte como foi o processo de readaptação aos gramados.

"Foi uma grande felicidade poder retornar. Claro que a gente sabe que é algo que tem que ser feito seguindo as normas necessárias, até porque abriram uma exceção para a gente", disse o zagueiro.

Para minimizar o risco de contaminação, diversas regras foram estipuladas. Ainda não há uma confirmação de quando as competições serão retomadas. A expectativa é de que, em duas semanas, os jogadores possam treinar com o elenco completo e que as partidas possam ser realizadas na Áustria daqui a cerca de um mês. Na volta aos jogos, os atletas e funcionários deverão usar crachás com identificação de qual acesso será permitido para cada um dentro das áreas da arena.

"O elenco foi dividido em quatro grupos de seis jogadores. Cada grupo tem seu vestiário, sendo que vamos ficar sempre com esse mesmo vestiário. A distância tem de ser mantida mesmo dentro do campo. Até hora de ir para o gramado, tem de usar máscara. No treinamento, não pode ter nenhum tipo de contato", explicou o jogador.

.A paralisação aconteceu de maneira abrupta e assustou os atletas. "Podíamos correr na rua, mas paramos de jogar em uma fase importante do campeonato. Foi uma parada brusca, que a gente ficou meio sem entender, mas era uma medida necessária, Agora, voltamos a treinar e temos algo a mais para dar uma motivada. Afinal, foram cinco semanas sem poder encostar na bola", completou o defensor, que passou pelas categorias de base de São Paulo, Palmeiras e São Bento.

Confira a entrevista com André Ramalho:

Foto ajoelhado no primeiro treino

Foi uma brincadeira séria. De fato, foi um agradecimento por voltar ao gramado e brincadeira no sentido de dizer que finalmente estamos de volta.

Como é o treinamento com elenco reduzido

Treino de passe, chute a gol, sem goleiro, só para pegar o movimento, e depois com goleiro. Depois, vamos ver como vai ser. Vai ser um desafio para comissão técnica criar treinamento para não sobrecarregar. Até mesmo pela repetição, por pegarmos mais na bola. Porém, super importante.

Rotina

São quatro grupos de seis [jogadores] e dois períodos de trabalho. Dois grupos às 10h e dois às 14h. Treinamos no mesmo horário, em campos diferentes. Tem horário para sair do vestiário, sendo utilizados dois vestiários no centro de treinamento, e dois no estádio. Então, tem horário limite para ir para casa, para não encontrar com o outro grupo. Tudo muito bem regrado, horário para chegar e para sair. Tudo rígido, até por se tratar de uma exceção para esportistas,

Treinadores

A comissão técnica também se divide. Como o campo é um ao lado do outro, o treinador até consegue olhar os dois treinos. Como tem dois auxiliares, fica um para cada campo. Até roupeiro é dividido.

Exame

A gente fez o exame do coronavírus, deu o resultado negativo. A partir disso, foi liberado para treinar.

Serve de exemplo para o Brasil

Não posso falar do Brasil, mas poderia servir de exemplo, quando as coisas estiverem melhorando. Pode ser feita essa liberação aqui porque houve uma evolução. Quando o Brasil chegar a esse ponto, pode servir de exemplo para os clubes se prepararem com antecedência. É chato, é diferente, mas necessário. Apesar da distância, você consegue treinar.

Físico

Fizemos testes físicos, mas tem a diferença. Não adianta falar que é igual. Apesar de não ter sido como férias, é diferente [voltar]. Certeza de que amanhã vou estar com o corpo dolorido. É diferente de academia. Isso vai se agravar ainda mais em treinamento em conjunto, por ser uma situação atípica para todos. Então, é fazer o melhor para todo mundo. Por isso mesmo o processo gradativo.

Sem medo

Fiquei superfeliz [por voltar], sem medo nenhum. O país e o clube estão sendo muito responsáveis. É diferente de quando você vai para lugares em que você não sabe se a população e o clube estão fazendo tudo direito. O clube está tomando todas as medidas impostas, isso tudo passa tranquilidade. Claro que há um risco, mínimo, mas todo mundo vem fazendo as coisas de forma correta e sensata. Então, a única coisa foi a alegria de voltar.

Família no Brasil

Está tudo bem. Eles estão atendendo as normas. Torcemos para que passe logo, queremos ter a liberdade de ir e vir, mas é uma medida necessário para que todo mundo tenha segurança;