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Ídolo do SP ganhou 700 vinhos italianos e nunca buscou: "me arrependo"

Ale Cabral/AGIF
Imagem: Ale Cabral/AGIF

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

29/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Silas ganhou 700 garrafas de vinho quando jogava pela Sampdoria
  • Ídolo do São Paulo levou o prêmio por marcar 1º gol do Italiano de 92
  • "Acabei não indo buscar, e hoje me arrependo", brinca o ex-jogador

Ex-meia do São Paulo e da seleção brasileira, Silas teve a oportunidade de atuar pela Sampdoria, da Itália, no começo da década de 90. Sua passagem pela equipe de Gênova não poderia ter começado melhor. O brasileiro anotou o primeiro gol do Campeonato Italiano da temporada 1991/92 e, com isso, faturou um prêmio de 700 garrafas de vinho de um patrocinador.

Muita gente correria para buscar o presente, certo? Mas não foi o que Silas fez. Como na época não consumia uma gota sequer de bebida alcoólica, o ex-jogador foi adiando a ida ao patrocinador... Adiou tanto que, até agora, ainda não pegou os vinhos.

O curioso é que não foi só Silas que se deu bem nesta partida, contra o Cagliari. O famoso goleiro italiano Gianluca Pagliuca, seu ex-companheiro de time, defendeu um pênalti dois minutos após o brasileiro inaugurar o placar e também acabou premiado. Está certo que foi uma quantia menor, mas ainda generosa: 300 garrafas.

Silas, durante passagem pela seleção brasileira, e Pelé - Arquivo pessoal/Silas - Arquivo pessoal/Silas
Silas, durante passagem pela seleção brasileira, e Pelé
Imagem: Arquivo pessoal/Silas

Quase 30 anos depois, Silas se pergunta: onde será que estão as garrafas? Será que Pagliuca pegou todas?

"Eram mil garrafas, só que as minhas até hoje eu não fui buscar... Agora quero ver se alguém ajuda a buscar essas garrafas [risos]", brinca o bem-humorado Silas em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"Como foi o primeiro jogo do campeonato e foi em Cagliari, eu pensei: 'Bom, quando acabar o campeonato, vou ver o que faço', mas acabou, eu saí da Sampdoria, fui fazer uma turnê com o Milan, depois vim para o Brasil e falei: 'Ah, quer saber'? Acabei não indo atrás, e agora estou achando que o Pagliuca está com as mil garrafas de vinho lá. Italiano bebe vinho, né [risos]? Isso foi em 1992, então vai fazer 28 anos... Ah, aquele vinho acabou [risos]!", diverte-se o hoje técnico e comentarista Silas, que está sem clube e trabalha nos canais ESPN.

Evangélico, Silas não consumia bebida alcoolica na época em que jogou na Itália —antes da Sampdoria, passou pelo Cesena. Hoje, o ex-jogador e técnico já é mais tolerável com álcool, e não esconde o arrependimento pelo "sumiço" das garrafas.

"Acho que foi um pouco por isso [ser evangélico] também que eu não fui atrás. Hoje eu tenho uma cabeça melhor... Continuo evangélico, mas não tenho mais aquele preconceito de, de vez em quando, tomar um golinho de vinho, até porque não tem nada errado. Naquela época eu era assim, e não era nem a questão da ignorância, era o medo de fazer alguma coisa errada. E eu também estava num momento bom, numa boa condição financeira, jogando na Itália, poucos jogadores recebendo uma grana boa, e você pensa: 'Ah, isso não vai fazer diferença nenhuma', e por essas coisas acabei não indo buscar, e hoje me arrependo. Ô, como me arrependo", brinca.

Desde o episódio, Silas nunca mais encontrou Pagliuca, e a dúvida sobre o paradeiro dos vinhos ainda persiste: "A gente foi jogar em 1996, em Barcelona, seleção do resto do mundo contra a seleção da Europa, e o Pagliuca não estava. Pô, 700 garrafas de vinho dariam uma grana, hein? E o meu filho, Nathan, até falou disso ontem pra mim [risos]'", completa Silas, pai de três filhos.

Silas em partida contra o River Plate na época em que defendia o San Lorenzo  - AP Photo/Eduardo Di Baia - AP Photo/Eduardo Di Baia
Silas também passou pelo San Lorenzo
Imagem: AP Photo/Eduardo Di Baia

Veja mais trechos da entrevista:

Amizade com Maradona: "é um cara fora de série"

Acabamos ficando amigos por meio do Careca e também por eu ter jogado lá. Joguei contra ele algumas vezes, e a gente era meio vizinho porque a Cláudia, que foi a primeira esposa dele, morava muito perto. Ele é uma cara sensacional, um ser humano da melhor qualidade, um cara que briga pelos companheiros... Para se ter uma ideia, o Campeonato Argentino parou porque os caras não pagaram os jogadores na Série B, e o Maradona fez parar a Série B e a Série A. Então, ele é assim, um cara extremamente amigo, companheiro. Agora, teve o problema que teve, né? [vício em drogas] Não foi o único, mas sendo o Maradona teve aquela repercussão... Mas ele é um cara fora de série, eu defendo muito ele. Em todo lugar que vou, defendo muito o Maradona.

Ex-companheiro Figo era terceiro reserva: "que ironia"

Sim, no Sporting. O Figo era volante, terceiro reserva de volante, e um dia eu encontrei com ele e ele estava no Barcelona, melhor do mundo, e eu falei: 'Que ironia, hein [risos]? Ele falou: 'Você vê [risos].

Contato com Jorge Jesus: "estava bem aéreo"

Eu estive com ele agora, na entrega do Bola de Prata que a gente fez lá na ESPN. Eu estava com o Zetti, e o Jesus chegou com a assessora dele, visivelmente cansado... Era a semana que eles iriam viajar para jogar contra o Liverpool [disputa do Mundial de Clubes, no Qatar], então, além de cansado, dava para ver que ele estava bem aéreo, com a cabeça longe. Eu o cumprimentei, apresentei o Zetti e ele saiu, mas, assim que saiu, voltou e me disse: 'Como é que você falou que é o seu nome mesmo?' Eu falei: 'Sou o Silas', e ele: 'Ô, desculpa Silas', e eu falei: 'Não se preocupa, você está com a cabeça longe', e ele continuou a falar: 'Acompanhei muito você lá no Sporting', e aí a gente conversou um pouquinho. Agora, lembrar do Jorge Jesus em Portugal na época que eu joguei lá, não me lembro, pode ser que a gente tenha se cruzado, porque ele tem 65 anos, é 11 anos mais velho.

Silas, Jorge Jesus e Gabigol no Bola de Prata da ESPN - Arquivo pessoal/Silas - Arquivo pessoal/Silas
Silas, Jorge Jesus e Gabigol no Bola de Prata da ESPN
Imagem: Arquivo pessoal/Silas

Técnico estrangeiro na seleção brasileira? "Modismo"

Eu vejo assim: no futebol brasileiro existe muito modismo e muita tendência, e eles vêm e passam. Primeiro era o treinador velho que era bom, quando o Felipão foi campeão do mundo [em 2002, pela seleção brasileira]. Aí tínhamos Abel Braga, Oswaldo de Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, essa galera mais velha, que eram os caras que mandavam aqui no futebol. Aí tomou de 7 a 1 da Alemanha [na Copa de 2014, no Brasil] e foi para o outro extremo; aí era a garotada que era boa: eu, Roger Machado, Eduardo Baptista, Vágner Mancini, Dorival Jr., que era idade intermediária, e começou a dar errado. Agora, são os portugueses: Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira no Santos, veio também aquele que foi treinador no Avaí, o Augusto Inácio, teve também o Dudamel [treinador venezuelano que comandou o Atlético-MG no início deste ano], que não é português, mas veio de fora. Já viram que isso é modismo, porque a essência de tudo isso é o jogador. Se você tiver jogador bom, a coisa anda, porque senão não se explica o Felipão ser campeão do mundo e depois tomar de 7 a 1.

"Não vejo tanta capacidade no Sampaoli"

Vejo, lógico, muita capacidade do Jorge Jesus, do Jesualdo... Mas já não vejo tanta capacidade assim no Sampaoli, até porque, na Argentina, não aconteceu nada com ele lá. Ele mal pode entrar lá que os caras têm raiva dele, e o Dudamel e o Augusto Inácio, que ficou dois meses lá no Avaí e saiu, foi embora. Ou seja. se você não tiver um bom time, não vai. E no caso do Jorge Jesus foi um pouco de sorte e um pouco foi a capacidade dele. Sorte por quê? Quando ele chegou ao Flamengo, a defesa toda já era europeia: o goleiro Diego Alves, que já foi do Atlético-MG, foi para o Almeria e depois teve aquela vida maravilhosa lá fora, no Valencia; depois o Rafinha, campeoníssimo lá fora; o Rodrigo Caio, jogando um futebol lá em cima, assim como o William Arão; o Pablo Marí, zagueiro com carreira na Europa; o Filipe Luis, do Atlético de Madri, carreira na Europa; De Arrascaeta, seleção do Uruguai; Gabigol, quando chegou ao Flamengo já era artilheiro do Brasileiro pelo Santos e agora dois anos seguidos; e o Bruno Henrique, foi a única aposta, porque o Éverton Ribeiro já tinha sido bicampeão com o Cruzeiro.

Por que Jorge Jesus não tem lugar na Europa?

O Jesus teve um time nas mãos, do meio-campo para trás, todo mundo europeu, então, para mim, essa foi a parte da sorte dele. E a inteligência dele, onde entra? Ele trouxe o Pablo Marí, jogador que ele estava acompanhando, e o Gerson, que ninguém aqui dava bola. Esses dois jogadores aí são 100% de acerto dele. Aí juntou isso com a forma europeia de se trabalhar... Agora, por que com essa forma europeia de se trabalhar lá na Europa ele não tem lugar? Porque lá todo mundo faz a mesma coisa e os times que ele trabalhou não tinham os melhores jogadores, os melhores jogadores estavam nos outros times: no Manchester City, do Guardiola, no Manchester United, no Liverpool, do Klopp... Quando ele enfrenta esses clubes não tem chance para ele. Foi assim no Mundial de Clubes... Porém, no Mundial, o Flamengo, para mim, foi muito prejudicado, porque estava com 70 jogos, se eu não me engano, contra 25 jogos na temporada do Liverpool, é muita diferença, muita injustiça. O [senegalês Sadio] Mané, se tivesse mais cinco horas de jogo, ia correr as cinco, enquanto nossos jogadores estavam quebrando já. O Gerson quebrou, o Arão... O Jorge Jesus teve que fazer uma mudança que não estava fazendo por conta de parte física, e isso prejudicou também. Ele ficou prejudicado naquele jogo. Então, acredito que, em situação normal, mesmo o Liverpool com aquela seleção, penso que o Flamengo teria tido uma melhor sorte.

Silas, ex-técnico do Flamengo, durante partida contra o Grêmio no Olímpico - Neco Varella/Freelancer - Neco Varella/Freelancer
Silas durante período em que comandou o time do Flamengo
Imagem: Neco Varella/Freelancer

Coronavírus: "medo está tomando conta da grande maioria"

Espiritualmente falando, eu penso assim: é mais a questão do medo que está tomando conta geral da grande maioria do que da própria questão da consequência do coronavírus. Ontem [quarta-feira, dia 25], eu estava vendo uma entrevista do Roberto Justus, ele estava falando que morrem 1 milhão e 300 mil pessoas por ano no Brasil de acidentes de carro, parece que 300 mil no Estado de São Paulo, e muita gente desconhece esse outro lado, seja da gripe, da morte por tráfico, da morte por acidente de carro, desnutrição... E quando junta o pânico... Lembra quando os caras começaram a ligar para gente para falar: 'Ó, estou com o seu filho aqui', e o marginal nem estava com ele? Mas o pânico fazia com que a pessoa ficasse daquele jeito, então, penso que agora é um pouco isso. Agora, aquele que tem temor de Deus - e aqui eu nem vou falar de religião, dessa ou daquela -, as histórias que a Bíblia fala é que Deus sempre, nessas épocas assim, livrou de dificuldade, não só de doença, mas de guerra também... Então, se a gente for espiritualizar, eu acredito que existe, sim, essa proteção para quem tem temor de Deus. Agora, quanto à parte clínica, e não é nem a questão de milagre ou não, a gente tem uma filha que é medica, Dra. Carole... É uma questão mesmo de cuidado, de ser responsável, de ficar em casa de verdade, de estar atento ao momento e não achar que não vai acontecer aqui porque a gente está vivendo mais de 30º C todos os dias, e se diz que o vírus só se propaga abaixo de 30º C... Isso tudo é conversa, né, porque daqui a pouco vai esfriar aqui também.

Sem trabalhos em clubes... Por enquanto

Hoje estou só na ESPN, e tocando a empresa. Também estou fazendo bastante palestras. Essa empresa que eu tenho, de desenvolvimento, é de autoconhecimento, a gente tem cursos para quem quer ser palestrante.

@intelligooficial

Uma publicação compartilhada por Paulo Silas do Prado Pereira (@silascoach) em

Desistiu da carreira de técnico de futebol?

Não acabou, não, mas é assim: aqui no Brasil eu estou bastante... Não seria desconfiado a palavra, mas também não é desacreditado. Eu não boto fé, é isso. Um diretor de futebol, hoje, primeiro que ele tem muito pouco conhecimento de futebol... O que eu digo é da parte técnica, tá? A parte administrativa é a praia deles, eles manjam bem até, estão manjando tanto que o que eles têm feito de coisas erradas é impressionante, né? Para o mal mesmo, infelizmente, é isso. Junto com o empresário do futebol, que são poucos os que são honestos, infelizmente existe muita desonestidade nisso aí. Então, o diretor de futebol não banca o projeto do treinador, ele te banca quando te contrata, mas depois não banca coisa nenhuma. Ele te banca de um a três jogos. Por exemplo, quando estive no Grêmio [2010], eu estava lá há quase nove meses e nós ganhamos do Internacional lá no Beira-Rio, por 2 a 0, primeiro jogo da final do Campeonato Gaúcho. Aí, quando acabou o jogo, um diretor do Grêmio me parou lá, naquela euforia geral, e falou: 'Parabéns, você sabe quem sou eu? Sou o fulano de tal', e eu não tinha a mínima ideia de quem era o cara, e ele falou: 'Hoje, eu acredito no teu trabalho'. Cara, eu estava lá há quase nove meses, e a gente estava com 90% de aproveitamento, melhor que o Santos — que foi o campeão da Copa do Brasil naquele ano [2010] -, e eu falei: 'Ah, muito obrigado, agradeço'. Então, isso aí é um pensamento meio que geral, eles [diretores] são voluntários, a grande maioria, não recebem do clube, eles usam os cubes como vitrine para as empresas deles, estão sempre aparecendo na mídia e isso é bom para as empresas deles, só que eles não têm a menor noção do que é a vida de um técnico de futebol.

"Técnicos sofrem de crise do pânico por conta da pressão"

O Tite teve falando para gente lá no curso de treinadores da CBF: 'Entre as coisas que a gente sofre, nós carregamos o fantasma de não criar filhos'. É muito ruim isso, a gente passa por uma carreira toda e não cria filho, porque quando vira treinador e não pode levar a família, e casamento não foi feito para ser dessa maneira. E a estatística também... Quem disse isso foi o Gabriel Fóculo, o psicólogo do São Paulo e da seleção brasileira: 'Mais de 90% dos treinadores têm propensão da síndrome do pânico na velhice por conta dessa pressão'. É uma pressão. Você tem 30 filhos que têm que cuidar todos os dias, mais a imprensa, mais a torcida, mais o adversário, e com este calendário louco, três jogos numa semana... Cara, acaba o jogo e o jogador vai descansar, o diretor vai descansar, o auxiliar técnico vai descansar, e o treinador já tem que pensar no outro jogo, começar a fazer o planejamento, é ligado nos 220 volts a carreira toda. É normal que o cara, já quando velho, tenha síndrome do pânico. Agora, comigo, se aparecer alguma coisa fora do Brasil, estou disposto até a tentar, como apareceu agora um mês atrás para voltar ao Qatar. Mas aí, quando você tem uma moeda de troca, quando você tem um trabalho em que você está bem, que você gosta, você tem como negociar de maneiras diferentes, né? Você tem como colocar as cláusulas decisórias lá, como 'se for assim, eu não vou', e isso ajuda a você tomar uma decisão sem desespero. Eu vejo que a maioria dos treinadores fala que quem não é visto não é lembrado, o que não é verdade, porque aqui no Brasil o Renato Gaúcho ficou três anos sem trabalhar e é um dos melhores treinadores que a gente tem no Brasil. A outra é que o cara precisa da grana, mas ele vai iludido que o diretor vai dar o projeto que promete e depois não dá projeto nenhum. O Cristóvão Borges ficou o quê, um mês no Atlético-GO agora? Ele estava com 70% de aproveitamento. Quer dizer, é uma injustiça isso.

É hora de a seleção brasileira trocar de técnico?

Bom, como premissa, eu vejo que a questão não está no treinador, porque treinadores nós temos muitos aqui, e com muita capacidade. Eu penso que a diferença está no grupo de jogadores, porque você vê o Vicente Del Bosque... Foi campeão em 2010 com a Espanha, na Copa do Mundo, sentado no banco com as pernas cruzadas. Quer dizer, isso mostra que o trabalho que ele fazia era durante a semana. O Cilinho... A gente foi campeão de tudo, e ele falava muito pouco na preleção, porque o trabalho dele era durante a semana. Então, vejo que nós temos muitos treinadores com muita capacidade, alguns desacreditados, e outros têm muito ranço com imprensa, com diretoria, que é o caso do Luxa, por exemplo. Pô, o Luxa é um baita treinador. Se você perguntar para outros treinadores, para jogadores, dentro das quatro linhas é um dos que mais entende. Só que ele viajou, né, com negócio de política, de curso de gestão de grupo, coisa que lá na Europa é muito bom. Ele até andou na frente, mas aqui o pessoal não entendeu isso. Lá atrás, há muitos anos, ele deu o livro do Daniel Goleman sobre inteligência emocional para o time inteiro, acho que foi no Corinthians. O Paulo André falou que ele deu esse livro para o time inteiro ler... Então, ele andava muito na frente, e para alguns está ultrapassado. Mas se derem jogadores bons para o Jorge Jesus na seleção brasileira, ele vai voltar a bater como o que acontece lá na Europa: vai bater com outras seleções do mesmo nível. Aqui [seleção brasileira] acho que o trabalho dele pode não ter o mesmo sucesso porque hoje a seleção não está ranqueada entre as primeiras. Penso que, se acontecer isso, ele vai sofrer um pouco com isso...

É a favor da saída de Tite?

Não, eu não sou. É que aqui, infelizmente, outro fator também é o momento. O brasileiro é muito de momento. E outra, se o Jesus estivesse no Cruzeiro, fazendo seu trabalho, ele não teria essa aclamação quase que nacional como tem, é diferente. O Flamengo, eu fui técnico lá, é um outro mundo até do Corinthians. O Corinthians vem depois neste aspecto de torcida, o que move essa paixão. O Flamengo é outra coisa. Eu sempre fui são-paulino antes de chegar no São Paulo, e também sempre fui flamenguista, e não sei o porquê. E agora eu virei mais flamenguista do que eu era [risos]. Mas, claro, por causa do Zico. Meu irmão, o Eli Carlos, jogou lá com o Zico também, e eu também joguei com ele na seleção brasileira. E também por causa de um acontecimento aqui, que a gente perdeu um amigo do meu filho, que era carioca e muito flamenguista, a família toda. Então, a gente, também por conta dele, é mais Flamengo do que nunca.