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Caso se alastra e fere governo paraguaio. Isso é ruim para Ronaldinho

JORGE ADORNO
Imagem: JORGE ADORNO

Ricardo Perrone

Colaboração para o UOL, em Assunção (Paraguai)

11/03/2020 04h00

Para quem acompanhava à distância, a acusação de que Ronaldinho Gaúcho e Assis entraram no Paraguai com documentos paraguaios falsos provavelmente pareceu para um caso isolado. Porém, as investigações avançaram como uma avalanche atingindo funcionários públicos e o governo.

O caldeirão ferve com pouco de tudo dentro, suspeitas de funcionários públicos corruptos, máfia e lavagem de dinheiro. Esse sangramento governamental paraguaio respinga em Ronaldinho Gaúcho e Assis, atrapalhando a defesa dos irmãos.

O problema é que quanto mais gente é soterrada pelo escândalo dos documentos falsos maior é o volume da voz das autoridades locais para dizer que os irmãos podem estar pendurados numa teia criminosa. Ambos negam essa possibilidade e afirmam terem acreditado que os documentos eram verdadeiros.

Gustavo Amarillia, juiz que negou a transformação da prisão preventiva da dupla em domiciliar, deixou claro que um dos motivos é a proporção que as investigações tomaram.

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"Estamos num caso que tem menos de uma semana desde o seu início. Vocês são conscientes da magnitude que essa causa está tomando à medida em que vão aparecendo novos elementos que falam de autoria e cumplicidade de funcionários públicos, que falam de autoria e cumplicidade de empresários relativos à presença desses dois brasileiros, Ronaldo e Roberto (Assis) em nosso país. Reconheço que o uso de documento público (falso) poderia merecer uma medida menos grave. Mas também é minha responsabilidade e do poder policial assegurar que não será a investigação fiscal. Ela poderia ser prejudicada com uma fuga", disse o juiz ao justificar sua decisão.

Um dos exemplos da magnitude do caso citada por Amarilla é o fato de quatro funcionários ligados a departamentos da viação e da imigração paraguaias terem sido presos por envolvimento direto no episódio com Ronaldinho.

O quarteto deixou os irmãos e o empresário Wilmondes Lira entrarem no país com documentação falsa em dias diferentes. A imprensa local relata tensão no governo por conta de possíveis desdobramentos das investigações.

Essa complexidade virou argumento para o Ministério Público e a Justiça sustentarem que não podem descartar a participação de Ronaldinho e Assis em outros crimes. Dalia López, responsável pela ONG para qual o ex-jogador faria ações beneficentes, por exemplo, é suspeita de lavagem de dinheiro.

"Pode ser que seja só uso de documento com conteúdo falso, mas podem ser outras coisas mais. Lembrem-se que se está falando de associação criminosa de outro processado (Dalia), fala-se de investigação de uma possível lavagem de dinheiro e na criação de sociedades", disse Amarilla.

Por sua vez, a defesa de Ronaldinho, apesar de até agora não ter manifestado esse sentimento publicamente, crê num forte componente político nas decisões paraguaias envolvendo o ex-jogador do Barcelona e seu irmão. O sentimento é de que Gaúcho está sendo usado como um troféu pelas autoridades que estariam interessadas em demonstrar poder.