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Guaraní sobre Corinthians 2015: "Falavam 90% a 10%; grana não ganha jogo"

Jogadores do Guaraní-PAR celebram vitória sobre o Corinthians nas oitavas de final da Libertadores 2015 - Junior Lago/UOL
Jogadores do Guaraní-PAR celebram vitória sobre o Corinthians nas oitavas de final da Libertadores 2015 Imagem: Junior Lago/UOL

Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/02/2020 04h00

O Corinthians enfrenta um de seus principais algozes de sua história na Copa Libertadores da América: o Guaraní, do Paraguai, que eliminou o Timão de Tite, Guerrero, Renato Augusto e companhia nas oitavas de final da competição em 2015, com duas vitórias [2 a 0 e 1 a 0]. O reencontro ocorre hoje (5), às 21h30 (de Brasília), no estádio La Olla Azulgrana, do Cerro Porteño, pela segunda fase da Libertadores 2020, conhecida no Brasil como "pré-Libertadores".

Em entrevista ao UOL Esporte, o diretor do Guaraní, Ramon Gimenez, lembrou os duelos entre o seu clube e o Corinthians em 2015. O dirigente recorda como o time paraguaio entrou como 'azarão' para os dois confrontos em relação à opinião pública e ressaltou que o poderio financeiro de um time não ganha jogo.

"Não esperávamos isso, era impensável [vencer]. Foi uma partida memorável, um resultado que mostrou que futebol é algo jogado. No futebol sempre há um favorito, percentuais favoráveis para um vencedor. Me recordo que falavam em 80% a 20%, 90% a 10%. Se o futebol fosse somente guiado por poder econômico, teríamos um campeão apenas sempre. Para nós foi memorável, principalmente, do ponto de vista de rendimento coletivo. Sabíamos que tínhamos que definir algo no jogo do Paraguai para sonhar", afirmou o dirigente.

Se o Corinthians sofreu com 'memes' e gozações dos rivais, o Guaraní recebeu exatamente o oposto. O diretor fez questão de dizer que o clube paraguaio mudou de patamar em sua história após eliminar o Alvinegro.

"Ganhar do Corinthians em 2015 significou muito para nós. Sentimos que enfrentamos um clube com muito poderio econômico, com um grande elenco e uma enorme torcida. Enfrentamos grandes adversários nestes anos, mas vencê-los deu ao Guarani um outro valor no país e na América do Sul. Fomos muito aplaudidos na chegada ao Paraguai, a vitória ganhou uma repercussão muito grande, mas eram outros jogadores, outros tempos e, agora, são outras condições. Agora temos uma equipe muito diferente, assim como o Corinthians", disse.

Guaraní dormiu pouco antes de eliminar o Corinthians

Ramon Gimenez era dirigente do Guaraní no fatídico jogo em que o Corinthians teve dois jogadores expulsos [Fábio Santos e Jadson] e perdeu por 1 a 0, na Arena de Itaquera, quando buscava reverter uma derrota de 2 a 0, no jogo de ida. O diretor recorda que a logística contou com poucas horas de sono para a decisão e enfatiza a diferença de estrutura entre o seu time e o alvinegro do Brasil.

"Tivemos que fazer muitas coisas extras, também, em São Paulo. Chegamos quase às 4h da manhã por conta de problemas no voo, e às 10h da manhã já 'levantamos' os jogadores. Jogamos no mesmo dia, não conseguimos descansar. Temos um planejamento novo, agora, para a viagem de São Paulo. Vamos chegar antes para evitar problemas, aprendemos a lição", disse.

"Tenho muito respeito a todos os clubes e torcedores. Não falamos sobre isso porque cada equipe tem a sua própria realidade. O Guarani não tem a bilheteria, não tem a arrecadação que tem o Corinthians. Temos um estádio simples, para 6.500 pessoas, que sequer poderemos utilizar por não ter o mínimo requisitado para essa partida. Estamos lutando por uma nova estrutura. Temos um centro de treinamento em Assunção, um pouco mais distante de clube e um para a base, também. O centro de treinamento para a primeira equipe inauguramos em dezembro de 2019, estamos equipando para pouco a pouco e, até junho, estará melhor. Terá campos, um ginásio, uma sala para trabalhos físicos", disse.

Paz com os corintianos

O Guaraní não quer ser conhecido como 'carrasco' do Corinthians apenas pela eliminação de 2015. O dirigente ressalta que a rivalidade fica dentro de campo. Aliás, Ramon destaca que o time paraguaio estudou o Alvinegro e assistiu vídeos de algumas apresentações do time de Tiago Nunes em 2020.

"Temos uma boa relação com torcedores brasileiros, nunca tivemos problemas com nenhum torcedor, esperamos que assim seja com os corintianos, também. O rival é esportivo, dentro de campo, não há respostas para dar. Por sinal, estamos blindando a equipe, deixamos eles fora de comentários em entrevistas, de redes sociais. Estão concentrados em saber o que fazer em campo. Os torcedores têm direito de se expressar, nem sempre falam a realidade, mas lembramos que o resultado só se sabe depois de 180 minutos", declarou.

"O nosso time está muito bem informado, vimos os jogos contra a Ponte Preta e contra o Santos. A comissão técnica pegou dados sobre o Corinthians, mas o mais importante é saber o que nós podemos fazer como equipe. Vai ser um grande jogo, eles sabem o que significa jogar em casa", concluiu.

Cinco jogadores do elenco atual do Corinthians estavam na eliminação em 2015 para o Guaraní. Além de Cássio, Fagner e Gil, titulares na época e atualmente, os reservas Walter e Vagner Love estavam entre os suplentes daquela partida, mas não entraram em campo. A dupla, hoje, também fica como opção no banco.

O Corinthians entra em campo com Cássio, Fagner, Pedro Henrique, Gil, Sidcley; Camacho, Cantillo, Luan; Janderson, Boselli e Everaldo.