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"Gelo no sangue": Flamengo adota estratégia por êxito no mercado da bola

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/01/2020 04h00

Praticamente hegemônico no mercado da bola nacional, o Flamengo fez de uma brincadeira de Marcos Braz, vice-presidente de futebol do clube, uma estratégia que tem se demonstrado bem sucedida após as contratações de Michael, Pedro Rocha e Gustavo Henrique.

O tal "gelo no sangue", expressão criada pelo dirigente para expressar a necessidade de frieza na hora de negociar, entrou novamente em cena na transação que selou a ida do atacante do Goiás para a Gávea.

O negócio caminhava muito bem até uma divergência em relação ao percentual de 5% do Goianésia, clube formador de Michael. As conversas emperraram e Braz, ainda que confiante em um acordo posterior, devolveu a pressão às outras partes interessadas. Quando perguntado pela "Fox Sports" sobre a chance da negociação, o rubro-negro surpreendeu:"É pouca. Muito pouca".

O movimento foi calculado e fez com que o agente Eduardo Maluf tivesse que ceder. Como o Fla queria pagar 7,5 milhões de euros (R$ 34 milhões) por 80% dos direitos, o empresário e o jogador abriram mão de 5% que lhes pertenciam. Assim, com gelo no sangue, o Flamengo ficou com o percentual desejado e não teve de desembolsar mais dinheiro por isso. Vitória do vice e de Bruno Spindel, diretor de futebol do Rubro-Negro.

Essa retirada estratégica não é uma novidade para Braz, que já declarou uma vez que o Flamengo havia desistido de Bruno Henrique. Irritado com as dificuldades impostas pelo Santos na negociação, o vice apostou alto e se deu bem. Quando os santistas perceberam que poderiam ficar sem R$ 23 milhões, o Fla foi chamado novamente à mesa. No fim das contas, Bruno chegou para ser eleito o melhor jogador do Brasileirão e da Libertadores no ano passado.

O jogo de xadrez deve se repetir com o atacante Pedro, da Fiorentina (ITA). Ainda que tenha havido uma resistência inicial dos italianos em relação a um empréstimo, o Flamengo sabe que a direção do clube precisa minimizar o prejuízo após investir 11 milhões de euros no jogador. O Rubro-Negro vai insistir no discurso de que o centroavante pode recuperar prestígio atuando pelo Flamengo, e vai acenar com a possibilidade de compra ao fim da cessão temporária. Neste caso específico, os rubro-negros têm a concorrência do Grêmio e do Porto.

As tratativas pelo volante Thiago Maia, do Lille (FRA), estão em estágio avançado e há a possibilidade de um acerto na próxima semana. Assim como foi com Pedro Rocha (e poderá ser com Pedro), o Fla tenta formalizar um empréstimo com valor de compra pré-fixado. Com esta tática, o clube se reforça e ganha tempo para ver se um investimento mais alto no futuro é o caminho correto a seguir.