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Lugano cria projeto para ex-jogadores e elenco do São Paulo quer ajudar

Diego Lugano é superintendente de relações institucionais do São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Diego Lugano é superintendente de relações institucionais do São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

13/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Diego Lugano recebeu o UOL Esporte no Morumbi para explicar novo projeto
  • Uma associação para auxiliar ex-atletas foi criada pelo uruguaio
  • Jogadores do atual elenco do São Paulo querem contribuir com parte do salário
  • Os ídolos Mineiro e Silas estão à frente da associação, que terá um fundo
  • Esse fundo servirá para ajudar ex-jogadores que tiverem problemas de saúde e financeiros
  • Torneio de lendas no domingo marca o início desse projeto de Lugano

No domingo (15), o Morumbi vai receber a primeira edição da Legends Cup, um torneio com estrelas do passado de São Paulo, Barcelona, Bayern de Munique e Borussia Dortmund. Uma atração enquanto a maioria dos times está de férias, mas também um passo importante para um projeto criado pelo uruguaio Diego Lugano, superintendente de relações institucionais do São Paulo.

O dirigente recebeu o UOL Esporte no estádio tricolor para dar detalhes do projeto. Será a estreia do time de lendas do São Paulo, que terá ídolos como Muricy Ramalho, Careca, Cicinho e Zetti. E é ainda o primeiro ato de uma associação organizada por Lugano para auxiliar ex-jogadores do clube. "Queremos ajudar quem precisa. Já temos uma composição legal bem feita, auditoria e teremos Mineiro e Silas, duas figuras tão importante, como cabeças disso tudo. Mais para frente, muitos outros ajudarão. Que cresça e fique ainda melhor", disse Lugano.

Nessa associação, ações e eventos serão feitos, assim como os jogos do time de lendas, para gerar dinheiro. O valor arrecadado ajudará a manter o projeto "Legends" e, em sua maior parte, será transferido para um fundo. A ideia é que ex-atletas que passem por problemas de saúde ou financeiros possam solicitar ajuda e, mediante critérios adotados pela associação, receber uma quantia para tentar saná-los.

Isso é comum em clubes europeus, que usam as equipes de masters ou lendas para fomentar as associações de apoio aos ex-jogadores. Outra forma de arrecadar dinheiro para o fundo é mobilizando o elenco profissional dessas equipes. Uma pequena porcentagem do salário de quem ainda está em atividade é enviada diretamente ao fundo, que funciona para os atuais atletas como uma espécie de previdência privada.

No São Paulo, Lugano assegura que o elenco já foi comunicado e abraçou a ideia: "O Barcelona já faz isso, o Paris Saint-Germain, quando joguei, já tinha. Até o Cerro Porteño, também quando joguei, já fazia algo assim. Eu já falei com os referentes do elenco do São Paulo, certamente. Falei com o Profeta, com Dani Alves, com Tiago Volpi, Pablo e Juanfran. E eles toparam conversar com o grupo, para a partir do ano que vem, fazer algo similar, doando uma porcentagem de um salário".

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A procura por ingressos para a Legends Cup, que começa às 14h no domingo e terá quatro jogos de 50 minutos, ainda é pequena. Os ingressos estão à venda no site da Bilheteria Digital e também nas bilheterias físicas do Morumbi. O São Paulo pode ter uma novidade impactante no elenco — e a escalação é mantida em sigilo por Muricy Ramalho. Nos times europeus, destaque para as presenças de Miroslav Klose, maior artilheiro das Copas do Mundo masculinas, e do italiano Luca Toni.

Confira abaixo outras respostas de Lugano sobre a Legends Cup e a criação da associação de ex-atletas do São Paulo:

UOL Esporte - De onde surgiu essa ideia? Soube que você estava trabalhando nela desde a virada de 2018 para 2019, conversou muito com o Marco Aurélio Cunha sobre o tema...

Diego Lugano - A partir do que faz a maioria dos times importantes europeus, das ações que vi em times da América do Sul também, que cuidam dos ex-atletas e deixam os ídolos mais perto do clube. São eles quem mantêm a identidade do clube. E os torcedores, que sustentam os clubes, se fizeram torcedores por causa desses atletas que aqui passaram. O São Paulo, especificamente, é muito diferenciado por quantidade e qualidade de grandes atletas que passaram aqui. E o clube sempre se caracterizou por ajudar a muitos atletas em diversas circunstâncias, desde doenças a problemas econômicos. É uma forma de unir o universo do São Paulo, de uma história única, com atletas de glórias, e o espírito solidário. E o jogador de futebol é uma classe que tenta ser muito solidária, porque quase todos saem de baixo e precisaram de ajuda de alguém em algum momento. Então, dificilmente você encontra uma classe mais solidária do que os jogadores. Você pode ficar sabendo ou não, mas a maioria dos jogadores, dos mais famosos ou menos, neste momento, está ajudando alguém. No bairro, na família, onde seja.

UOL Esporte - Como o Mineiro entrou nesse projeto?

DL - Como falei, os jogadores sempre têm esse lado solidário. E o Mineiro sempre teve isso muito aflorado. Alguns por vocação dedicam sua vida, como ele, como o Profeta Hernanes. Mineiro ficou na Alemanha tantos anos justamente porque tinha atividades solidárias. Ele tem vocação para isso. O Silas também. O Rogério Ceni ajuda muita gente silenciosamente, quase clandestinamente (risos). A ideia é essa. Unir, fazer essa sinergia, essa solidariedade de tantos jogadores através e com o clube. Isso é manter o clube próximo dos ídolos e dos torcedores.

UOL Esporte - O projeto já começou oficialmente? Ainda é preciso fazer algum processo burocrático?

DL - Já está pronto tudo da associação e domingo se consolida oficialmente e legalmente. O "Legends" mesmo vai gerar recursos para o fundo. O sentido dele existir é gerar impulso para a associação e a partir daí ajudar quem precisa.

UOL Esporte - A ideia é ter um calendário com diversos eventos ao longo do ano?

DL - A ideia é começar a ter um calendário, sim. Copiando os clubes que estão aqui para o torneio inclusive. É por isso estão aqui. Para o ano que vem já temos consultas de Europa e Ásia para irmos como São Paulo. Temos cidades no Nrasil que o time principal quase nunca vai para visitar. Há uma margem interessante para o São Paulo ir a muitos lugares em que o clube não chega. É a parte divertida da história. Reencontrar ex-jogadores, aproximá-los da torcida... E a parte real e séria é canalizar ajuda.

UOL Esporte - Os atletas do "Legends" serão remunerados? E os jogadores que estarão no torneio domingo já estão fixos no time?

DL - Por enquanto, não. Eles vão ganhar por jogo, por evento. Não chegamos ao nível europeu de ter contrato para as lendas. Vamos segurar um pouco (risos). Mas daqui a dois, três anos, o produto pode estar consolidado para isso. Tínhamos que começar em alguma hora. O momento do clube é instável esportivamente, é verdade, mas acho que esse contato com a essência do clube, com a identidade, é importante de ser retomado.

Hoje, no São Paulo, precisamos saber quem somos. Saber de onde viemos para saber para onde vamos.

UOL Esporte - Foi seu primeiro grande trabalho como dirigente?

DL - Nem o primeiro, nem o último.

UOL Esporte - Quem está te deixando mais preocupado para marcar no domingo: Klose, pelo Bayern, ou Amoroso, pelo Dortmund?

DL - Com o Klose já tenho algumas batalhas em Champions League, em Mundial [Uruguai e Alemanha se enfrentaram na disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo de 2010]... Tem o Lucas Barrios e o Jan Koller no Dortmund... Vai ser bom demais, um evento único e acho difícil de repetir, pelo tanto de bons jogadores. Vamos tentar colocar a marca do São Paulo no mundo. E fazer com que os "Legends" se sintam parte do clube sempre. E que o torcedor saiba que seus ídolos sempre serão parte do clube. Essa é a essência do evento.

UOL Esporte - O Muricy Ramalho já falou qual será o time titular?

DL - Falou, falou! Mas disse que para a imprensa ele só vai divulgar sábado (risos).

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