Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Paulo Sousa mostra evolução no controle de jogo, Ceni apela ao anti-jogo
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O histórico recente de Flamengo e São Paulo nos indicava um jogo cheio de emoções. Os currículos de seus treinadores Paulo Sousa e Rogério Ceni também eram bons sinais de uma partida aberta, disputada palmo a palmo por chances de gol. Mas o que se viu foi apenas o time rubro-negro disposto a jogar bola, enquanto a equipe são-paulina tentava evitar que houvesse jogo.
De início, é preciso que se diga que o Flamengo não foi o das últimas partidas de Paulo Sousa. Sem Bruno Henrique, o treinador optou por Lázaro como ala esquerda. Essa alternativa reduz a presença de área e a impetuosidade rubro-negras, mas gera uma formação que busca mais um jogo controlado - cria-se menos e cede-se menos espaço também.
Do lado são-paulino, Ceni armou um bloqueio de jogadores no meio-campo para impedir o Flamengo de jogar. Não, seu time não estava entrincheirado lá atrás. Mas o objetivo era antes negar espaços ao time rubro-negro com Alison e Eder marcando na linha da intermediária ao lado dos meias. O time subia a marcação em certos momentos, o que dificultava a saída de bola rival.
Mas o Flamengo também marcava pressão e dificultava a saída de bola são-paulina. Em 15min, criou duas chances claras de gol. Na sequência, uma roubada de bola de João Gomes iniciou a jogada em que Lázaro serve para Gabigol abrir o placar.
Enquanto isso, o São Paulo se limitava a fazer faltas. No total, pelos dados do "Sofascore", o time de Ceni fez 25 faltas no jogo - o Flamengo fez 17 (ou seja, 43 na partida, número altíssimo). Boa parte delas foi em cima de Arrascaeta que foi alvo de um rodízio de jogadores tricolores - sofreu seis faltas. O árbitro Anderson Daronco, que adora jogos com excesso de faltas, punia com um amarelo aqui, outro ali, mas tolerava a prática como não deveria se protegesse o jogo.
Apesar do controle da partida, o time rubro-negro tem seus pontos fracos, no com Rodinei. Ele permitiu a subida livre de Calleri para completar um cruzamento que parecia feito com a mão por Rafinha - que foi vaiado boa parte do tempo pela sua antiga torcida. No Brasil, o centroavante domina como poucos o último toque na bola.
Em seu discurso pós-jogo, Ceni afirmou que foi ao Maracanã não só para se defender. Não era o que revelava a constante cera de seus atletas com o jogo empatado. Quedas seguidas de recuperações rápidas, do goleiro, de zagueiros. O problema é que seu time mal criava, mesmo quando tinha alguma posse de bola.
As boas atuações de Thiago Maia e João Gomes, com a postura mais recuada de Lázaro, tonavam o Flamengo bem mais sólido defensivamente. Ao final do jogo, o São Paulo teve cinco conclusões, só uma no gol.
Em compensação, do outro lado, o Flamengo achava as associações e triangulações que vêm sendo recuperadas nos jogos recentes de Paulo Sousa. O treinador português, enfim, desistiu de Rodinei. Renegado por um caso disciplinar, Isla teve a chance de se redimir ao receber belo passe de João Gomes na direita em lance em que cortou o lateral são-paulino e meteu colocado no ângulo oposto, com o pé trocado.
Não foi só Isla. Paulo Sousa voltou a insistir com Marinho na ala esquerda, opção que não funcionou no Fla-Flu, mas que desta vez encaixou. Foi dele o lance do terceiro gol com cruzamento para um toque sutil de cabeça de Arrascaeta. Detalhe: foi bem dedicado na recomposição até o final do jogo.
No segundo tempo inteiro, o São Paulo só foi capaz de um chute de longe de Rodrigo Nestor. Não condizia com o discurso de seu treinador de que foi ao Maracanã para tentar vencer. É preciso reconhecer um mérito ao time de Ceni: quando tomou o terceiro gol, parou de fazer cera.
Ao final, o Flamengo de Paulo Sousa talvez tenha tido sua melhor tarde, com um jogo seguro, criativo e controlado. É bem cedo para saber se isso vai se consolidar e a evolução será constante a partir daqui. Mas não é nada mal para quem estava 'demitido' para a chegada de Jesus nas palavras dos alucinados de plantão.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.