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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Brasileiro expande transmissão a mais de 100 países, e foca em China e EUA

Camisa do Flamengo para duelo contra o Flu teve escrito em chinês - Divulgação/Flamengo
Camisa do Flamengo para duelo contra o Flu teve escrito em chinês Imagem: Divulgação/Flamengo

11/11/2021 04h00

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O Brasileiro estendeu a transmissão para pouco mais de 100 países e tem focado em mercados como EUA e China. Esse é o resultado de um trabalho de pouco mais de um ano da empresa 1190 que comprou os direitos para o exterior das Séries A e B. Há uma expectativa da empresa de começar a distribuir uma renda extra a clubes no futuro próximo.

A empresa 1190, que tinha como nome original Global Rights Management, adquiriu os direitos do Brasileiro para o exterior em 2020. Foi a conclusão de um longo processo atribulado para substituir a Globo, que abriu mão desses direitos no último contrato. O dinheiro vinha de um fundo norte-americano chamado "777 Partners".

A plataforma tinha duas estratégias: 1) assinar contratos com emissoras internacionais para distribuir o Brasileiro 2) criar uma plataforma chamada Brasileirão Play com serviço de pay-per-view. Os clubes têm R$ 2 milhões anuais garantidos, mais variáveis.

Agora, há contratos para distribuição do Brasileiro para entre 105 e 107 países, segundo o CEO da 1190, Hernan Donnari. Além disso, o Brasileirão Play tem assinantes em cerca de 120 nações. O número de assinantes não é revelado pela empresa.

"Quase toda a situação que a gente dizia que ia fazer, fizemos. Nunca teve a distribuição do Brasileiro como nesses dois anos", afirma Donnari. Sua avaliação é de que o Brasileirão tem uma audiência potencial de 600 milhões de pessoas.

Entre os contratos mais relevantes, estão a ESPN para toda a América Latina, e distribuição nos EUA por meio da Univisión e a Paramount Plus (CBS). Em junho de 2021, foi assinado um acordo com a PP Sports, plataforma de esportes da China. Em paralelo, a plataforma Brasileirão Play —que tem todos os jogos— está disponível em qualquer território.

Os acordos têm sido feitos com cobrança pelos direitos em quase todos os locais, com exceção de alguns países onde a empresa entende ser estratégico abrir mercado mesmo sem receber.

"Fizemos um investimento muito grande. Para nós, nosso acordo não acaba em quatro anos. Se olha para o que colocamos como pilares, coloca-se esse tipo de investimento para durar mais tempo", disse Donari. O acordo atual dura por quatro anos, isto é, até 2023, e foi assinado com a CBF e os clubes das Séries A e B. O interesse é de uma renovação, por isso, há um acompanhamento de movimentos como a liga de clubes.

O investimento foi feito na plataforma Brasileirão Play, em narradores em inglês, português e espanhol, além de divulgação via redes sociais para expansão do produto. Com isso, Donnari afirmou que a empresa por enquanto, ainda não recuperou seu investimento do pagamento mínimo para os clubes. Mas entende que caminha para ter esse retorno no futuro.

Há expectativa de gerar uma renda extra para os clubes. Atualmente, os clubes ganham R$ 2 milhões por ano pelos direitos internacionais como garantia mínima. Mas havia uma aposta nas agremiações de que haveria um valor variável.

"Temos um componente fixo, e outro variável. É baseada no modelo associativo. Sempre colocamos uma base fixa e um incremental na medida que as receitas alcancem uns parâmetros. A gente tem certeza de que vai atingir os parâmetros nestes quatro anos. Isso vai dar mais força a nossa proposta para valor", explicou Donnari.

Na questão da divulgação, a 1190 tem feito parcerias com os clubes para divulgação das marcas deles no exterior. Por exemplo, no Fla-Flu, o Flamengo usou uma camisa com letras chinesas. Foi combinado com a empresa para que esse jogo tivesse transmissão na plataforma chinesa.

"A gente fez junto com o marketing do Flamengo. O Flamengo tem interesse no mercado na China. Precisava ser um jogo em casa. Foi feito em parceria. A China seleciona alguns jogos. Eles ficaram superfelizes de transmitir esse jogo", contou o diretor de operações da 1190, Leonardo Caetano.

Há ainda detalhes como narrações "clubistas" em português para determinados jogos como Flamengo x Atlético-MG. Para o mercado norte-americano, as narrações são em inglês britânico, que, curiosamente, é mais aceito no país pela associação com o futebol inglês.

Outra peculiaridade é que o mercado chinês reivindica imagens extracampo como jogadores cortando cabelo. Um vídeo com melhores momentos —chamado "Let's samba"— é produzido com jogadas técnicas ou malabarismos dos jogadores durante as partidas.

Um trunfo da expansão do Brasileiro, por incrível que pareça, é calendário desconectado do europeu. Assim, o campeonato pode ser exibido durante o período de recesso da temporada de campeonatos no velho continente. Houve acordos em Portugal, Itália e países do leste europeu.

Os movimentos para expandir o campeonato no exterior têm como objetivo final, óbvio, aumentar a renda para a empresa e os clubes.

"No final do dia é o dinheiro. Estamos Construindo o Brasileirão como propriedade. Cada vez mais vai ter essa competitividade. Com a plataforma e parcerias, temos 100 contratados, entre talentos e arte. Esse primeiro ano foi de operação. Agora é um ano de consolidação. Os próximos dois anos expandir como propriedade de negócio e fazer as bases de renovação", analisou o diretor Leonardo Caetano.