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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Conflito entre COB e CBF por pódio se desenha desde antes das Olimpíadas

Seleção brasileira de futebol conquista o ouro na final contra a Espanha nos Jogos Olímpicos de Tóquio - Clive Mason/Getty Images
Seleção brasileira de futebol conquista o ouro na final contra a Espanha nos Jogos Olímpicos de Tóquio Imagem: Clive Mason/Getty Images

09/08/2021 04h00

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O conflito entre CBF e COB por conta dos jogadores sem agasalho no pódio das Olimpíadas se desenrola desde antes dos Jogos. A confederação já tinha decidido que iria dar a maior exposição possível à Nike, sua patrocinadora. A decisão de os jogadores subirem ao pódio exibindo as camisas do seu parceiro, com os agasalhos olímpicos da Peak nas cinturas, foi uma consequência desta postura.

Pelas regras do COI, todos os atletas têm que subir no pódio com o uniforme da delegação olímpica, que, no caso do Brasil, é feito pela empresa chinesa Peak. Isso está previsto em contrato entre o COB e a empresa que forneceu o material esportivo. O time de futebol foi o único que subiu com os agasalhos enrolados na cintura ao mesmo tempo em que exibiam as camisas de jogo com a marca da Nike, o que gerou revolta do COB.

Não é a primeira vez que ocorre uma disputa entre a CBF e o COB por conta de uniformes. A confederação resiste a seguir as regras do COI (Comitê Olímpico Internacional) relacionadas à vestimenta. Em Pequim-2008, a seleção chegou a entrar em campo com logo da CBF, o que era vetado. Sem obter autorização para mantê-lo, mudou para a segunda partida, trocando sua marca pela bandeira do Brasil.

No Rio-2016, não houve conflito de patrocinador porque o COB e a CBF tinham como fornecedor a Nike. Os jogadores usaram os agasalhos no pódio para receber o ouro. Mas a confederação também não quis usar o logo do COB, optando pela bandeira do país.

Agora, a CBF já tinha um entendimento desde antes das Olimpíadas de que deveria haver reconhecimento para a Nike, sua principal patrocinadora. A justificativa é de que houve investimento de R$ 20 milhões na campanha olímpica e que isso é bancado pelo dinheiro da entidade, com a fornecedora de material como principal apoiadora.

Houve acordo com o COB pelo formato final do uniforme, com o logo da Nike e a bandeira do Brasil. Porém, na CBF, ainda existia a intenção de agradar a empresa que tem maior contrato de patrocínio com a entidade e queria exposição nas vitórias. O Brasil não ganha Copa do Mundo desde 2002, e os títulos recentes foram a Copa América-2019 e as Olimpíadas-2016, momentos de maior exposição do time.

O COB soltou nota de repúdio e falou em medidas judiciais. Houve críticas de atletas como o nadador Bruno Fratus, que classificou os jogadores como "alienados".

Dentro da CBF, há um entendimento de que ainda é possível haver um diálogo com o COB para acomodar a situação. Há o argumento de que a Peak foi exibida no pódio nas calças vestidas pelos jogadores.