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Rodrigo Mattos

Má fase expõe racha na diretoria do Fla: ex-presidente critica, Bap rebate

O presidente do Flamengo Rodolfo Landim comparece à cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSDD-RN), em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente do Flamengo Rodolfo Landim comparece à cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSDD-RN), em Brasília Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

13/01/2021 04h00

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A atual diretoria do Flamengo é composta por diversos grupos políticos de apoio na coalisão do presidente, Rodolfo Landim. Com o time em crise técnica, o ex-presidente Márcio Braga, que é aliado da atual gestão, reclamou do silêncio do mandatário rubro-negro que transmite falta de comando e da influência do vice de Relações Externas, Luiz Eduardo Bap, no futebol. Bap, por sua vez, rebateu e disse que Braga nada sabe do clube e só quer aparecer.

O caldeirão rubro-negro entrou em ebulição depois de mais uma derrota para o Ceará. Após discussões internas, houve decisão pela permanência do técnico Rogério Ceni, sem modificações na estrutura do futebol.

Mas há desconforto interno na diretoria e nos grupos de apoio a Landim que estão insatisfeitos com o treinador e com a gestão do futebol. Isso intensifica as discordâncias entre as correntes que sustentam Landim. É isso que Márcio Braga, presidente do clube em inúmeras gestões, expôs em entrevista ao blog.

Na segunda-feira, após a derrota para o Ceará, ele conversou com Rodolfo Landim e pediu uma posição mais clara dele.

"Falei com Landim na segunda-feira. Ele falou: "Saí de lá (Maracanã) e fui embora para casa". Eu disse para ele: "Você tem que falar alguma coisa." E ele me disse que não era do estilo dele. Expliquei que não é questão de estilo: "Você foi ao eleitorado pedir votos, então, o estilo tem que ter uma satisfação para o torcedor. Você vai deixar o técnico ou vai manter o técnico?" A palavra do comandante é importante para a tropa. Flamengo está faltando comando", disse Braga.

Braga observou que conhece a família de Landim e que gosta dele, classificando o como "meu querido amigo". Mas entende que há um problema de disputa pelo poder no futebol entre Bap e o vice-presidente Marcos Braz. Segundo Braga, é Bap quem manda no clube e que deveria assumir a vice-presidência de futebol para responder pelas ações.

"O que disse para ele (Landim) é: "Faz alguma coisa, demite o técnico, não demite. Conversa com o vice-presidente." Encontraram um ponto de equilíbrio que encobre as ações deletérias do Bap e ficam escondidos. Já elegemos o Braz como grande benemérito merecidamente. É um elemento importante do Flamengo. Se o Bap quer mandar, bota ele como vice-presidente de Futebol, bota a luz do sol", comentou.

"Não tenha dúvidas que tem algum erro no futebol. Salta aos olhos. Já sabemos o nível de competência do Marcos Braz. Sabemos o nível de competência, ele não tem a menor condição de comandar isso (a crise). Foi colocado lá para tapar a figura do nosso amigo, Bap. Cumpre um papel. Braz não gosta do Bap. Bap manda através do Rodolfo Landim", afirmou Braga, dizendo que Bap tem que ser exposto. "Se o Landim não quer ser candidato à reeleição, por que o Bap não é candidato? Agora ele não tem nenhum impedimento. Vai lá para o futebol, assume uma candidatura, vai para a rua pedir voto. (…) Bap rompeu com (Eduardo, ex-presidente) Bandeira que tocou o clube com SoFla até o final. O Wallim (Vasconcellos), que era o grupo original, ele saiu do Flamengo por causa do Bap, cansado de se intrometer nos assuntos dele."

Bap é membro do Conselhinho do futebol que participa das discussões com o departamento composta por Braz e pelo diretor de futebol, Bruno Spindel. As reuniões desses grupos durante a segunda-feira determinaram a manutenção de Ceni, assim como tinham referendado sua contratação. Perguntado sobre as declarações de Braga, Bap rebateu de forma dura.

"O Márcio não sabe de nada do dia a dia. Está falando do que não conhece. Aproveitando para aparecer. Não entende os papéis porque não quer", afirmou Bap.

A sugestão dada por Márcio Braga para o presidente Landim de aparecer mais para se posicionar não teve eco. O mandatário se vê como alguém de ação, e não de palavras. Para o ex-presidente, o silêncio de Landim aumenta o racha dentro da política do clube.

"(Landim) Não concordou que deva se pronunciar. Não é o estilo dele. É um homem da ação. Chegou a hora de falar alguma coisa, e provocar esse assunto. Está se comentando isso entre as pessoas que fazem parte da diretoria, ou parte do governo, que está muito ruim essa ausência de comando, da palavra, está muito mal. Está esgarçando a política do clube."

Na visão de Braga, a falta de palavras também influencia no futebol. Segundo ele, Landim também está insatisfeito com o trabalho de Ceni, mas não deixa claro sua posição sobre a manutenção ou não.

"Repare bem, a situação esdrúxula, a imprensa inteira está contra o Rogério Ceni. O próprio Landim acha isso também. (Landim) Manda alguém virar vice-presidente de futebol e dizer, explicar isso. "Vou assumir com Rogério Ceni e ele vai ficar até o final", finalizou Braga.

Perguntado por meio de assessores, Landim não quis se pronunciar sobre as posições do aliado.