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Rodrigo Mattos

RB Leipzig repete 'zebra' ao furar clube dos ricos nas semis das Champions

18/08/2020 04h00

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A criação da Liga dos Campeões aumentou a concentração de dinheiro em poucos clubes. Como consequência, o poder econômico dessas agremiações lhe permite formar um grupo de elite que domina as fases finais da própria competição. É um ciclo. Mas há exceções: é o caso do RB Leipzig, que enfrenta o PSG.

O time alemão não está na lista dos 20 clubes mais ricos da Europa consideradas as receitas de 2019, fora portanto da "Money League", relatório tradicional da consultoria Deloitte sobre finanças de times. Na realidade, não estava nem entre os 30 times com maior arrecadação na última temporada.

Ressalte-se que o valor considerado pela Deloitte é de receitas recorrentes, isto é, sem vendas de jogadores. Talvez, se fossem consideradas as transferências, o Rasenballsport Leipzig poderia ter entrado na lista visto que, com a venda de Keita ao Liverpool, chegou a 268 milhões de euros de receita. (O clube é da franquia da Red Bull, mas leva um nome diferente por uma restrição da legislação alemã a patrocinadores na marca do time).

O RB Leipzig não é um clube pobre já que tem o investimento da poderosa Red Bull. A prioridade, no entanto, é contratar jogadores até 20 milhões de euros para formação de um time com jovens e ganhos na revenda.

Essa presença de um outsider tem se repetido nos últimos quatro anos. Foi assim como o Ajax no ano passado - o time holandês não estava na lista dos 20 mais ricos, nem da relação daqueles 30 com mais dinheiro.

Na temporada anterior, foi a vez da Roma. Embora não seja obviamente um time pobre, a agremiação italiana era apenas a 24a maior receita do continente quando atingiu a semifinal da Champions após bater o Barcelona. E, na competição anterior, 2016/2017, houve o Monaco como "zebra financeira".

Obviamente, se lembrarmos que os três outros times das semis estão entre os mais ricos, o dinheiro continua a ter um peso grande no funil da Champions. Mas há espaço, sim, para disputa. O Bayern tem a quarta receita entre os clubes - nenhum dos três primeiros, Barça, Real Madrid e Manchester United, chegou entre os quatro primeiros neste ano. Como se sabe, o PSG tem dinheiro árabe e, portanto, é o quinto mais rico.

O Lyon, no entanto, é apenas a 17a maior receita na lista mais recente da Deloitte. E nem sempre esteve entre os 20 mais ricos. Cada vez mais, uma gestão esportiva eficiente pode dar a chance de enfrentar um rival bem mais rico como o City em um mata-mata - em pontos corridos, o dinheiro tende a fazer mais diferença.

Outro dado relevante é que a Bundesliga e a Ligue 1, que têm cada uma dos dois semifinalistas da Champions, foram as ligas com menor investimento em contratações entre as cinco principais, chamadas de BIG 5. Consideradas as duas últimas janelas de transferências, os clubes franceses foram os que menos gastaram nas cinco ligas com 647 milhões de euros. Em quarto, estavam os alemães com 785 milhões.

São cifras modestas se pensarmos nos 1,6 bilhão de euros gastos pelos clubes da Premier League, ou os 1,291 bilhões dos times da Espanha. A liga italiana foi em terceiro em recursos para contratações.

O dinheiro continua a ser um fator preponderante nas definições da elite europeia. A eficiência nos gastos, no entanto, pode permitir a uma agremiação furar o bloqueio. Já ganhar o título é bem mais difícil: nenhum outsider conseguiu desde o Porto na temporada de 2003/2004.