CBF muda critério de ética ao manter Juninho na seleção
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O diretor de desenvolvimento da CBF, Washington Cerqueira, foi demitido após ser flagrado pela TV no banco do Caxias durante jogo com o Botafogo, além de ter ido ao vestiário do árbitro antes da partida. O motivo era que isso poderia passar a imagem de que a entidade era parcial em favor de um time mesmo que o dirigente não tenha interferido de fato no confronto.
O diretor de seleções, Juninho Paulista, foi mantido no cargo após a agência "Sportlight" revelar que ele manteve ligação com o Ituano enquanto era dirigente da CBF. A alegação da entidade é de que o dirigente não influenciou em competições, no caso a Série D que era jogada pelo Ituano, utilizando-se de seu cargo na Série D.
Perguntado pelo blog, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, afirmou que o advogado de Juninho o tinha informado se manter como usufrutuário da empresa que gere o Ituano, a JP Gerenciamento, era suficiente para configurar que rompera o vínculo. A diretoria da confederação pediu que ele se desligasse de vez, e Juninho protocolou sua saída da empresa após a matéria.
Ora, Juninho se manteve como diretor de desenvolvimento - foi substituído por Washington - enquanto o Ituano disputava a Série D. Esse cargo inclui funções relacionados ao campeonato da Série D. A CBF argumenta que ele não atuava na tabela e na arbitragem. A entidade também entende que a venda de Gabriel Martinelli, do Ituano para o Arsenal, ocorreu antes de Juninho chegar a CBF, e portanto, não haveria conflito.
Ok, não há prova em contrário então podemos considerar essa versão da confederação como verdadeira. Mas a imagem de imparcialidade da confederação não fica prejudicada quando um de seus diretores se manteve como sócio de empresa que geria um clube, e depois beneficiário de lucros? Também não há prova de que Washington tenha interferido na arbitragem ou no andamento do Caixas e Botafogo. Por que foi punido com a demissão então? Qual a diferença entre os dois casos em termos de conflito?
E, no caso de Martinelli, Juninho como diretor de seleções agora trata de convocações embora obviamente não faça listas, o que é tarefa de Tite. Sua atuação no cargo não pode influenciar em favor de uma convocação que beneficiaria o Ituano ao qual era usufrutuário (e portanto beneficiário de rendas do clube)? Lembre-se que o Ituano tem direito a mecanismo de solidariedade em futura venda de Martinelli.
"Ah, Juninho não fez nada disso e não se beneficiou" Repetindo, Washington, teoricamente, também não fez nada para influenciar em favor do clube pelo qual tem simpatia, só produziu uma imagem que causava essa impressão - inclusive foi ao vestiário do árbitro antes do jogo. E o desligamento de Juninho de sua empresa que gere o Ituano, após a revelação do caso, não demonstra que a relação com o clube era problemática? Será que ele teria se desligado e aberto mão dos futuros ganhos caso nada fosse revelado esse vínculo?
Consultado pelo blog, o Comitê de Ética da CBF instaurou um procedimento para dar uma resposta "colegiada" à pergunta feita pelo blog se Juninho Paulista descumpriu ou não o artigo 13 do Código de Ética da entidade. O artigo diz que há conflito de interesse em "possuir participação em direitos de atletas, clubes, empresas, ativos e bens que possam a vir a sofrer valorização direta ou indireta pela atuação da respectiva entidade". Me parece inquestionável que o Ituano poderia se valorizar por eventuais medidas da CBF, mesmo assumindo que Juninho não tenha atuado com esse intuito.
A diretoria da CBF promete analisar o resultado de análise do Comitê de Ética quando esta for concluído.
Errata: o blog publicou inicialmente que o Comitê de Ética da CBF tinha instaurado procedimento para apurar se Juninho burlava o código de ética, mas, na realidade, o comitê inaugurou um protocolo para resposta à consulta feita pelo blog sobre a situação do jogador.
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