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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Brilho de Mbappé e Messi pressiona e apressa Neymar

Renato Maurício Prado

04/12/2022 18h52Atualizada em 04/12/2022 18h56

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Kylian Mbappé já é o artilheiro da Copa do Qatar, com cinco gols, e, sem dúvida, o melhor jogador da competição até o momento. Graças às suas soberbas atuações (diante da Polônia, foram duas bolas na rede e uma assistência perfeita), a França, atual campeã do mundo, parece nem sentir os muitos desfalques de peso, como Kanté, Pogba e Benzema, para ficar apenas nos mais famosos.

Lionel Messi, com desempenho um pouquinho mais discreto, tem sido igulamente decisivo para uma Argentina que vai crescendo no Mundial. La Pulga já marcou três gols e assim superou o número de tentos em Copas do inesquecível supercraque Diego Armando Maradona (9 x 8).

Ambos são companheiros de Neymar, no PSG. E antes da Copa, o brasileiro parecia ser quem estava em melhor forma física e técnica. Duvido que o brilho intenso de seus parceiros de ataque não esteja deixando-o ansioso e, de certa forma, pressionado.

É verdade que Neymar se machucou e ainda não jogou nem 90 minutos nesta Copa. Mas na estreia contra a Sérvia, antes mesmo de sofrer a entorse no tornozelo, tinha atuação discreta, perdendo inclusive um gol que normalmente não perde, da marca do pênalti, ao receber passe açucarado de Vinícius Jr. e chutar alto, sem direção. Vini deu passe idêntico para Richarlisson, no golaço que o camisa 9 fez de virada.

Tite disse em entrevista que ele vai jogar contra a Coréia do Sul e será titular (condicionou isso apenas à reação a um treino no campo, que fez, em seguida). Não sei se é a decisão mais inteligente. Um vídeo da atividade mostra, em determinado momento, Neymar com expressão de desconforto e, depois, aplicando spray analgésico no tornozelo.

Vale a pena correr o risco de perdê-lo para os confrontos mais fortes que virão, caso o Brasil se classifique? O jogo das oitavas de final é teoricamente o mais fácil. Dá pra imaginar uma vitória da seleção brasileira mesmo sem o seu principal craque. É obrigação para quem pretende brigar pelo título.

Escalá-lo ainda com dores, diante de um rival fraco soa incoerente e é perigoso. No máximo, poderia ficar no banco, para entrar em caso de desespero total. O problema é que com Mbappé e Messi voando, o próprio Neymar deve estar alucinado para ser escalado - ainda mais diante de uma seleção inferior que pode lhe propiciar a chance de fazer muitos gols e entrar nesta briga com seus dois companheiros pelo título de craque desta Copa.

Aí me lembro da velha história dos interesses individuais acima do coletivo. Tal qual a escalação de Daniel Alves para que ele se tornasse o mais idoso capitão do Brasil nos Mundiais. Faz sentido?..