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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Disparado o melhor técnico em atividade no Brasil, Abel engoliu Cuca

Renato Maurício Prado

11/08/2022 15h21Atualizada em 11/08/2022 15h22

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Na heroica e épica classificação do Palmeiras para as semifinais da Libertadores, houve um herói, Abel Ferreira, e um vilão, Cuca. Com um jogador a menos, desde os 28 minutos do primeiro tempo, o técnico português rearrumou o seu time, sem precisar fazer uma substituição sequer, amarrando de tal forma o rival, que conseguiu levar a decisão da vaga para os pênaltis sem sofrer grandes sustos.

Detalhe: aos 36 minutos do segundo tempo o Palmeiras teve ainda mais um expulso, Gustavo Scarpa, e nem com nove contra onze, o Atlético Mineiro conseguiu se impor, num show incrível de competência de um lado e incompetência do outro. Vargas, da equipe mineira, também recebeu cartão vermelho, mas no último lance da partida.

Apesar da retomada de prestígio de alguns treinadores brasileiros, notadamente depois do fracasso de vários estrangeiros, na atual temporada, fato é que Abel Ferreira (tal como Jorge Jesus, quando aqui esteve, dirigindo o Flamengo) sobra na nossa turma. É disparado o melhor profissional em atividade no Brasil.

A turma que defende com unhas e dentes que a qualidade dos técnicos brazucas nada fica a dever aos de fora deve estar sonhando agora por um duelo entre o Palmeiras e o Athletico Paranaense, nas semifinais da Libertadores, na esperança de que Felipão, renascido no Paraná (após fracassos no próprio Palmeiras, no Grêmio e no Cruzeiro), possa comprovar sua tese.

Acho pouco provável que consiga. Não somente porque a qualidade do elenco de Abel é bem superior à de Scolari, como também pelo motivo de o português seguir mostrando que está em outro patamar, como dizia Bruno Henrique, enquanto Felipão continua a ser um treinador prioritariamente defensivista. Interessante mesmo seria um duelo do Palmeiras de Abel contra o Flamengo de Jesus - pena que os dirigentes rubro-negros não quiseram o Mister de volta.

Com todo respeito aos trabalhos atuais de Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior, o que os dois melhores portugueses que passaram por aqui (Jesus e Abel) fizeram não tem paralelo. Seria muito bom que o futebol tupiniquim admitisse isso e aprendesse com eles.

Pra terminar, resta a pergunta que não quer calar: Abel já deve ser considerado melhor que Jorge Jesus? Pelo tempo maior de trabalho e o número de títulos conquistados é compreensível que muita gente pense assim. Mas o futebol avassalador, encantador e irresistível que o Flamengo do Mister praticou em 2019 (e no início de 2020) me parece ainda inigualável. Uma pena que não tenha continuado, ou voltado, para que esse duelo pudesse ser visto.