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Renato Mauricio Prado

REPORTAGEM

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Flamengo sonha com estádio em terreno da União, no Gasômetro

Renato Maurício Prado

09/07/2022 00h02Atualizada em 09/07/2022 04h45

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Tema controverso no clube, até há pouco tempo, o sonho do Flamengo de construir o seu próprio estádio tornou-se unanimidade na Gávea, depois que a Justiça obrigou o consórcio que administra o Maracanã (formado pela dupla Fla-Flu) a sediar Vasco x Sport, pela Série B, no dia seguinte a Fluminense x Corinthians, pela Série A, e a dois dias de Flamengo x Tolima, pela Libertadores.

Várias opções estão sendo estudadas (Parque Olímpico, Deodoro e a área da antiga Terra Encantada), mas o principal objeto de desejo de Rodolfo Landim e seus pares é um terreno do União, no Gasômetro - localização excepcional em termos de acesso, com trem, metrô, Avenida Brasil e os túneis que ligam a Zona Sul ao centro. A prefeitura do Rio tentou comprar essa área, mas o assunto acabou sendo esquecido.

Em três anos de concessão, Flamengo e Fluminense gastaram R$ 90 milhões com o Maracanã - somente a manutenção mensal custa R$ 2 milhões. Com o estádio praticamente abandonado desde o final das Olimpíadas, em 2016 (a antiga concessionária, capitaneada pela Odebrecht, deixou de investir nele), foram necessárias inúmeras reformas que totalizaram R$ 18 milhões até o momento.

Alguns exemplos: R$ 1 milhão gasto somente na parte elétrica; R$ 1,5 milhão na manutenção da cobertura; R$ 4 milhões no gramado; R$ 8,4 milhões (até o momento) da outorga ao Estado (que nunca foi paga pelo consórcio anterior); R$ 3,6 milhões em conjuntos de lâmpadas holandesas para suprir a ausência de luz solar em determinadas áreas do gramado e por aí vai. Foram feitas ainda melhorias nos sistemas de TI, CFTV (Circuito Fechado de TV), automação, reutilização da água da chuva, reativação do sistema solar (abandonado desde a Rio-2016) etc.

Graças às vendas de suas propriedades (camarotes, patrocinadores, concessão de bares e restaurantes, eventos etc), a "operação Maracanã" (mesmo com um ano e meio sem público, por conta da pandemia) ainda se paga, com um pequeno superávit, que é reinvestido no estádio. As arrecadações de bilheteria e publicidade estática não entram nessa conta, indo diretamente para os cofres dos clubes.

O que leva o Flamengo a partir para a construção de sua própria arena é, na verdade, a certeza de que intervenções como a que aconteceu agora, serão inevitáveis no futuro. Como bem público, mesmo licitado, o Maracanã seguirá a mercê de interesses políticos de toda a sorte.

Exemplo disso acaba de acontecer com o Mineirão, que está sob contrato com o Consórcio Minas Arena até 2032 e acaba de ser "oferecido", pelo Governador de Minas, Romeu Zema, a Ronaldo Fenômeno, como o próprio, atual dono do Cruzeiro SAF, revelou em conversa com Tino Marcos, durante a festa de comemoração dos 20 anos do pentacampeonato, promovida pela CBF.

Faz muito bem o Flamengo em partir para a construção de seu estádio, como já possuem praticamente todos os seus principais coirmãos (de São Paulo, do Rio Grande do Sul, da Bahia, do Paraná etc.) E acho que deve sonhar grande, com uma praça de esportes para, no mínimo, 80 mil espectadores. O Maracanã que fique para os políticos e se transforme no Coliseu carioca.