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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

RMP: Não há técnico brasileiro bom aqui? No nível dos estrangeiros, não!

03/01/2022 20h52Atualizada em 04/01/2022 08h35

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A possibilidade bem palpável de os quatro primeiros colocados do último Brasileiro de 2021 iniciarem o campeonato de 2022 com técnicos estrangeiros parece estar fundindo a cabeça de muitos ex-jogadores e ex-treinadores que agora atuam como comentaristas. A frase que, inconformados, mais repetem nas transmissões e mesas redondas é:

- Até parece que não há mais técnico brasileiro bom no mercado!

E citam Barbieri, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Alberto Valentim, Jorginho, Dorival Jr., Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo e Felipão...

Será que acreditam nisso ou é apenas um corporativismo exacerbado? Porque a verdade é simples e dolorosa para a classe. Não! Infelizmente, não há, atualmente, treinadores nascidos aqui à altura dos bons estrangeiros (e a desvantajosa comparação nem está sendo feita com os profissionais de ponta da Premier League, Liga Espanhola e Campeonatos Alemão, Francês e Italiano).

Os portugueses ganharam as três últimas Libertadores (Jorge Jesus, uma, e Abel Ferreira, duas) e o argentino Juan Pablo Vojvoda, com um elenco limitadíssimo no Fortaleza, acabou em quarto lugar do último Brasileiro, à frente dos tupiniquins Sylvinho, Barbieri, Marcão, Carille, Ceni, Mancini e etc. Todos com times mais caros e jogadores tecnicamente melhores.

Vamos falar com franqueza? Nenhum brazuca fez um trabalho minimamente comparável ao de Jesus no Flamengo de 2019, que nos mostrou de forma avassaladora como ainda estamos na pré-história tática do futebol. Nem Cuca, com o Atlético Mineiro (campeão com méritos, mas sem apresentar nada inovador), nem Tite, que tem nas mãos um elenco infinitamente mais estelar que o do rubro-negro campeão brasileiro e da Libertadores, e jamais conseguiu fazer a seleção brasileira exibir um futebol empolgante, apesar de enfrentar adversários fracos nas eliminatórias sul-americanas.

Em vez de se revoltarem, ex-técnicos e ex-jogadores deveriam prestar mais atenção no que os mais bem-sucedidos estrangeiros fazem por aqui. E lembrar que Jesus, Abel e Vojvoda, nem sequer podem ser considerados os melhores de seus países.

Só isso já deveria ser o bastante para que se envergonhassem de atribuir a um "modismo" a busca por estrangeiros e parassem de repetir que "até parece que não há técnico brasileiro bom por aqui". Está ficando constrangedor. Para quem repete essa triste ladainha...