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Renato Mauricio Prado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Após uma semana de treinos, uma dura lição para o Flamengo

08/08/2021 23h09Atualizada em 08/08/2021 23h13

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Não fez bem ao Flamengo a semana livre para treinos com Renato Gaúcho. Diante de um Internacional muito bem postado defensivamente e letal nos contra-ataques, a primeira derrota da era Portaluppi, no rubro-negro carioca, foi dolorida: 4 a 0, uma goleada categórica, em pleno Maracanã. Mas afinal o que mudou das sete vitórias consecutivas, seis delas com grandes exibições, para o desastre completo diante do Colorado?

Pra começar a qualidade do adversário que, apesar da má fase que atravessa, ainda tem jogadores com qualidades suficientes para decidir, como Edenílson, Taison, Yuri Alberto, Patrick, Cuesta etc. e um técnico competente, Diego Aguirre, capaz de estudar o rival e saber explorar suas fraquezas - e as muitas jogadas construídas nas costas de Filipe Luís não aconteceram à toa.

A contribuir ainda para a surpreendente goleada gaúcha, houve uma noite especialmente infeliz dos principais jogadores do time carioca: Gabigol, sobremaneira, parecia que tinha acabado de comer uma feijoada: lento, sem reflexos e com péssima pontaria. Para culminar uma atuação digna de nota zero, acabou expulso, por aplaudir ironicamente o juiz, após levar cartão amarelo. Atitude inaceitável. Dos chamados "quatro avançados", como os chamava Jorge Jesus, salvou-se apenas Éverton Ribeiro. E, como já diz o velho dito popular, uma andorinha só não faz verão.

Mas o que teria treinado, afinal, Renato, durante a tão esperada semana livre? Da maneira como o time se postou em campo, algumas mudanças ficaram claras - e são preocupantes. Por exemplo, William Arão deixou de recuar para fazer a saída de bola com os dois zagueiros. Tal papel coube a Filipe Luís, ao lado de Gustavo Henrique e Léo Pereira. Uma escolha no mínimo duvidosa, típica de quem gosta de viver perigosamente...

Pior: Arão não atuou também como primeiro protetor da zaga. Esteve quase sempre mais avançado, numa faixa de campo em que, ao menos nessa partida contra o Inter, não foi nem armador, nem volante. E Diego, como cabeça de área, já se viu nos tempos de Rogério Ceni, não funciona.

Filipe Luís, por sua vez, teve uma de sua piores apresentações com a camisa do Flamengo. Mas é aceitável deixa-lo jogar sem proteção? Está aí algo que Renato precisa rever, rapidamente. Quando o time pressiona o adversário em seu próprio campo, a zaga fica menos desprotegida. Mas dessa vez o Inter, na maioria das vezes, evitou sair jogando de sua própria área. E, expostos, ao combate mano a mano, os dois zagueiros rubro-negros e Filipe Luís se viram em clara desvantagem.

Houve soberba, nos primeiros 15 minutos, quando o Flamengo controlava as ações e chegou a criar algumas oportunidades para marcar, desperdiçadas por preciosismo? Talvez. Mas o fato é que, após sofrer o primeiro gol, em momento algum, o rubro-negro pareceu capaz de reverter a vantagem. Ao contrário, foi ficando cada vez mais exposto e poderia até ter sofrido mais gols.

A goleada no Maracanã significará a redenção para o Inter? Difícil garantir que sim. Mas é um bom começo. E quais são as previsões para o Flamengo? Não creio que sejam desanimadoras. Perder, como perdeu, no Brasileiro, onde há tempo suficiente para recuperação, não chega a ser tão grave e pode ter sido um importante sinal de alerta para o que vem por aí na Libertadores e na Copa do Brasil.

Se o Flamengo entrasse de salto alto contra o Olímpia, no Defensores del Chaco; ou contra o Grêmio, na Arena; e levasse uma goleada como essa, a classificação nos dois torneios de mata-mata estaria fatalmente comprometida. Por incrível que possa parecer, perder como perdeu do Colorado, pode ser útil para o que vem pela frente. Desde que Renato Gaúcho e seus comandados tenham aprendido a dura lição.