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Renato Mauricio Prado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Carioquinha é a cara da decadência do futebol do Rio

18/04/2021 23h20

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O Estadual do Rubinho, vulgo Carioquinha ou Me Engana que Eu Gosto, faz tempo não empolga ninguém. Mas este de 2021, sem dúvida, é o pior dos últimos anos. Sem público nos estádios, por causa da pandemia, com uma cota ridícula de TV, graças ao rompimento de contrato com a Rede Globo, provocado pelo Flamengo, no ano passado, e encarando um fracasso na venda dos pacotes de pay-per-view, no último final de semana, colocou a cereja no seu bolo solado com as eliminações prematuras de Botafogo e Vasco das semifinais do campeonato. Dos quatro grandes, apenas a dupla Fla-Flu está classificada. Os outros são Volta Redonda e Portuguesa.

Quem enfrentará quem só será definido após a última rodada. Se o torneio acabasse hoje teríamos Fla-Flu e Volta Redonda x Portuguesa, o que garantiria um pequeno na finalíssima (algo que nem seria inédito na história desse Estadual anacrônico e falido). Mas do jeito que Flamengo e Fluminense têm se mostrado irregulares, não se pode deixar de levar em consideração a possibilidade de, num cruzamento diferente, entre grandes e pequenos, pela primeira vez na história, o título ser decidido entre dois clubes de (muito) menor investimento. Imaginem...

Disputam ainda o desimportante título da Taça Guanabara, Volta Redonda, Flamengo e Fluminense. Os dois primeiros se enfrentam e se houver um vencedor, será o campeão. Se acontecer um empate, o Flu pode chegar ao título, desde que derrote o Madureira. Quanta emoção, hein? Só que não...

Todos sabem que Flamengo e Fluminense estão muito mais preocupados com a Libertadores do que com o Carioquinha. Cansaram-se de mandar reservas e times sub-20 a campo e se houver proximidade de datas entre as duas competições (os dias das semifinais e finais do Estadual do Rio ainda estão indefinidos), provavelmente, não hesitarão em recorrer de novo ao mesmo expediente.

A conquista do Estadual do Rubinho, na prática, só seria importante mesmo para Botafogo e Vasco que, rebaixados a Série B, poderiam assim dar uma pequena alegria aos seus sofridos torcedores. Mas nem às semifinais foram capazes de chegar.

O Vasco, ao menos, mostrou evolução no decorrer da Taça Guanabara e a contundente vitória sobre o time titular do Flamengo, na penúltima rodada, acendeu uma luz no fim do seu sombrio túnel, após o quarto rebaixamento. No jogo seguinte, entretanto, foi incapaz de bater o Boavista - chegou a estar perdendo por 2 a 0 e acabou empatando em 2 a 2.

De qualquer forma, parece estar bem mais preparado para a Série B do que o Botafogo que, com um time limitadíssimo e ainda mal armado, decepciona cada vez que entra em campo. Difícil crer que conseguirá voltar à elite do futebol, com esses jogadores e com essa forma de jogar. Precisa se preocupar, e muito, para não acabar na Série C...

Os Campeonatos estaduais são, nos grandes centros, competições cada vez menos significativas. No Rio, então, já deveria ter sido drasticamente reduzido, diminuindo-se as datas para os quatro grandes. O presidente da Federação, Rubens Lopes, o Rubinho, porém, não abre mão de seus superpoderes de "dono de sauna" (só ganha dinheiro com o suor dos outros). Este ano, nem isso conseguirá.

O futebol carioca definha a olhos vistos. E o Carioquinha 2021 é a maior prova disso. Que torneio chulé!

Inaceitável

Raposa felpuda que assistia ao jogo do time reserva do Flamengo com a Portuguesa, na Ilha do Governador, no último sábado, ouviu da boca do presidente rubro-negro Rodolfo Landim um enfurecido "inaceitável", após o segundo gol do time mandante. Graças a Pedro, que marcou duas vezes, na etapa final, o rubro-negro carioca escapou da derrota. Mas já há muita gente no comando do Fla irritadíssima com o trabalho do técnico Rogério Ceni. Uma eventual derrota no jogo de estreia da Libertadores, contra o Velez, o deixará em posição muito vulnerável. E o nome de Renato Gaúcho já circula em muitas bocas, na Gávea.