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Renato Mauricio Prado

Brasileiro tem seis candidatos ao título, mas nenhum favorito

Filipe Luis (e), Diego Ribas (c) e Rogério Ceni (d) conversam em primeiro dia de trabalho do treinador no Flamengo - Alexandre Vidal/Flamengo
Filipe Luis (e), Diego Ribas (c) e Rogério Ceni (d) conversam em primeiro dia de trabalho do treinador no Flamengo Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

15/11/2020 20h50

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O Campeonato Brasileiro de 2020 é o mais equilibrado dos últimos anos. Se, antes de a bola rolar, havia quase uma unanimidade em relação ao favoritismo do Flamengo, na 21ª rodada, tal impressão se dissipou, em razão dos inúmeros desfalques do rubro-negro (por contusões e convocações para as eliminatórias sul-americanas) e da enorme dificuldade dos substitutos de Jorge Jesus em dar um prosseguimento à altura do notável trabalho do treinador português.

Na atual situação da tabela, pode-se dizer, os oito primeiros colocados (que já têm boa vantagem sobre os demais) ainda lutam pelo título. Apesar de vários jogos adiados, que podem modificar um pouco o quadro, o que se vê, no momento, é uma diferença de apenas seis pontos do líder, o Atlético Mineiro, para o oitavo, o Fluminense. Matematicamente, portanto, todos seguem na briga, faltando 17 rodadas.

Desse grupo, entretanto, dois times parecem não ter força suficiente para disputar o título: Santos e Fluminense. Podem até continuar na briga por vagas na Libertadores, mas, salvo contratações ou surpresas da base, não se mostram em condições de acompanhar, por muito tempo, os outros seis: Atlético Mineiro, Internacional, São Paulo, Flamengo, Palmeiras e Grêmio, todos com elencos mais fortes e jogando um futebol mais confiável.

Nesse sexteto, no atual momento, vejo três equipes em alta, Palmeiras, Grêmio e São Paulo, uma em estabilidade, o líder Atlético Mineiro, e duas com viés de baixa, o Flamengo e, principalmente, o Internacional, que fez uma escolha pra lá de discutível, ao trazer Abel Braga (que vem de três trabalhos muito ruins, no Flamengo, no Cruzeiro e no Internacional), para substituir o competente argentino Eduardo Coudet.

Se tivesse que descartar um dos seis desta luta seria exatamente o Colorado, por não ter um elenco farto e contar agora como um técnico desatualizado. Dizer como disse, após a derrota para um Santos esfacelado pela Covid, que não conhecia os nomes de seus novos comandados, mostra que nem sequer acompanhava atentamente o campeonato. Difícil crer que vá dar certo.

Em movimento contrário ao do Internacional, o Palmeiras se livrou de um medalhão ultrapassado, Vanderlei Luxemburgo, e viu o futebol do time deslanchar, já com Andrey Cebola, mantendo-se em alta com a chegada do português Abel Ferreira. Com um jogo a menos que Internacional e Flamengo, o Palmeiras tem aproveitamento superior aos dois e pode ultrapassá-los se vencer esta partida. Está jogando muito e dá gosto de ver.

A maior incógnita dessa turma da frente é exatamente aquele que era o grande favorito do torneio: o atual campeão brasileiro e da Libertadores. Depois do fracasso do catalão Domènec Torrent, que destruiu o vitorioso esquema de Jesus e foi incapaz de fazer o seu funcionar, o desafio é de Rogério Ceni, que resgatou uma das boas coisas do time do português (a dupla de ataque formada por Bruno Henrique e Gabigol), mas ainda tem pela frente muitos problemas, como a insegurança da zaga e as contusões em série. Nas últimas rodadas, o Flamengo esteve muito longe de jogar um futebol à altura dos títulos que possui.

Outro que me deixa em dúvida é o Grêmio, que embalou nas últimas rodadas, mas tem, com Renato Gaúcho, uma tradição de menosprezar o Brasileiro em relação às competições de mata-mata, como a Copa do Brasil e a Libertadores. O retorno de Jean Pyerre parece ter devolvido ao meio-campo o brilho perdido e com o futebol insinuante de Pepê (brilhante substituto de Éverton Cebolinha) e as chegadas de reforços, como Chúrin, o Imortal pode, sim, entrar forte na briga. Desde que não comece a escalar times inteiros de reservas...

Restam o Atlético Mineiro e o São Paulo, que estão fora da Libertadores e terão um calendário mais favorável, podendo seguir fortes até o fim. O time de Sampaoli sempre foi considerado um dos principais candidatos ao título e só faz se fortalecer com reforços milionários, como o argentino Matias Zaracho e o chileno Eduardo Vargas. É um autêntico vendaval no ataque, mas ainda se mostra vulnerável na defesa. Pode ganhar ou perder de goleada. Mas tem ganhando muito mais do que perdido.

Já o São Paulo de Fernando Diniz cresceu com a garotada da base ganhando espaço entre os titulares, notadamente Gabriel Sara e o artilheiro Brenner. O time irregular, que chegou a fazer a torcida pedir a cabeça do treinador, após desclassificações no Paulista, na Libertadores e na Sul-Americana, ganhou muita moral após duas vitórias seguidas sobre o Flamengo, no Maracanã - uma delas por goleada. Se confirmar a vaga contra o rubro-negro, na Copa do Brasil, seguirá de vento em popa. Se, entretanto, acabar desclassificado por Rogério Ceni, sabe-se lá que efeito psicológico isto poderá causar no Morumbi.

Façam suas apostas. Eu vou ficar em cima do muro. Não consigo ver mais nenhum favorito neste Brasileiro. O que torna a competição ainda mais emocionante e imprevisível.