Rafael Reis

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Parceria entre City e irmão de Guardiola constrói time sensação da Espanha

Girona é o nome de uma cidade localizada a pouco mais de 100 km de Barcelona. Também batiza um time de futebol de pouca tradição no cenário espanhol, que historicamente não pode nem dizer que é a terceira força da Catalunha.

Mas, pelo menos neste começo de temporada 2023/24, tem também um outro significado bem mais amplo: surpresa.

Com quatro rodadas já disputadas, a equipe do município de 102 mil habitantes é a sensação da La Liga espanhola e também a única intrusa entre os gigantes do país na parte de cima da tabela de classificação.

Ainda invicto (três vitórias e um empate), o Girona tem dez pontos e ocupa a vice-liderança do Espanhol. Está atrás apenas do Real Madrid (12) e logo à frente de Barcelona (nove) e Atlético de Madri (sete), terceiro e quarto colocados, respectivamente.

Mas, afinal, qual é o segredo do time dirigido pelo técnico Míchel? A resposta é a mesma que explica o atual vencedor da Liga dos Campeões da Europa e ascensão de tantos clubes que até pouco tempo atrás eram inexpressivos: Grupo City.

Parceria entre árabes e Guardiola

Em 2017, logo depois de conquistar pela primeira vez o acesso à elite espanhola, o Girona foi comprado pelo conglomerado que é dono do Manchester City e por um fundo de investimentos liderado pelo empresário Pere Guardiola, irmão de Pep Guardiola, treinador da equipe-matriz do projeto do governo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos).

Inicialmente, as duas partes dividiam igualmente o controle do clube. Hoje, o Grupo City detém o sozinho o posto de acionista majoritário (47% das ações) e ganhou um novo sócio principal, o boliviano Marcelo Claure, dono do Bolívar. Mas Pere Guardiola não foi tirado da operação: é ele o presidente do conselho administrativo e quem, na prática, comanda o dia a dia da equipe.

Desde o início do projeto, o Girona sempre foi tratado como uma espécie de "segundo clube" do conglomerado na Europa. Na prática, isso significa que os jovens mais talentosos contratados pelo fundo e que ainda não estão prontos para jogar em Manchester acabam desembarcando na Catalunha.

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Os brasileiros Yan Couto (ex-Coritiba) e Savinho (Atlético-MG), a promessa colombiana Jhon Solís e o já consolidado meia venezuelano Yangel Herrera são exemplos dessa política que acaba enchendo de talento o elenco gironiste.

Localização ajuda

O fato de estar próximo de Barcelona também tem ajudado o Girona a subir de patamar na Espanha. Com a decadência do Espanyol, tradicional segundo time da Catalunha, acabou sobrando para ele a tarefa de acolher ex-jogadores do Barça que não querem ficar tão longe de casa.

Dois reforços chegaram nesta janela por meio dessa estratégia: o zagueiro Eric García, que já tem 19 partidas pela seleção no currículo, e o meia Pablo Torre. Ambos foram contratados por empréstimo.

Por fim, a segurança financeira dada pelo Grupo City permite que o Girona consiga atrair ainda veteranos que já atuaram em clubes bem mais poderosos, casos do goleiro argentino Paulo Gazzaniga (ex-Tottenham) e o lateral esquerdo holandês Daley Blind (ex-Manchester United e Bayern de Munique).

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