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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Copa-2022 tem 137 jogadores em seleções de países onde não nasceram

Achraf Hakimi nasceu na Espanha, mas escolheu defender a seleção de Marrocos - Visionhaus/Getty Images
Achraf Hakimi nasceu na Espanha, mas escolheu defender a seleção de Marrocos Imagem: Visionhaus/Getty Images

18/11/2022 04h00

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Em sua segunda participação consecutiva na Copa do Mundo, Marrocos levará ao Qatar jogadores nascidos em sete países diferentes. Além dos atletas que efetivamente são da nação que decidiram representar nos gramados, há gente oriunda de Canadá, Espanha, França, Holanda, Bélgica e Itália na convocação do técnico Walid Regragui.

O cenário da equipe do norte da África pode até parecer extremo, mas representa bem por que o Mundial-2022 será o mais globalizado de todos os tempos.

Nada menos que 137 jogadores inscritos na competição não defenderão a camisa do país onde nasceram. Isso significa mais de 16% do total de 832 nomes relacionados pelas 32 seleções participantes.

No caso de Marrocos, mais da metade da seleção é composta por "estrangeiros": 12 convocados nasceram no próprio país e 14 foram importados de alguma outra parte do mundo.

Os principais nomes da equipe fazem parte desse segundo grupo. O lateral direito Achraf Hakimi (Paris Saint-Germain), por exemplo, é espanhol de nascimento. O meia-atacante Hakim Ziyech é originário da Holanda. E o goleiro Bono (Sevilla) é natural de Montréal, no Canadá.

Essa situação é bem comum em outras seleções africanas. A Tunísia conta com 12 atletas que nasceram fora do seu território, inclusive o artilheiro Wahbi Kazri (Montpellier), originário da França. Senegal, dos igualmente franceses Édouard Mendy e Kalidou Koulibaly (ambos do Chelsea), tem o mesmo número de importados.

Os outros dois times representantes do continente também contam com números consideráveis de atletas que hoje não defendem suas nações de berço. Camarões tem nove "estrangeiros" e Gana, oito.

As informações acima deixam claro que, pelo menos na Copa-2022, a grande quantidade de jogadores defendendo países diferentes daquele de onde nasceram está muito mais ligado ao tráfego migratório do que a naturalizações forçadas para reforçar o futebol de um ou outro país.

É claro que isso ainda acontece, como nos casos dos argentinos Rogelio Funes Mori (Monterrey), que joga pelo México, e Hernán Galíndez (Aucas), do Equador, mas em número bastante inferior aos de filhos ou neto de imigrantes que, quando adultos, optam por defender o país dos seus antepassados.

Ou mesmo de atletas que hoje jogam pelas nações que os receberam ainda na infância, normalmente por questões de sobrevivência familiar, e onde cresceram e se desenvolveram como atletas, exemplos de Ansu Fati (Barcelona), natural de Guiné-Bissau e na Espanha desde os seis anos, e de Alphonso Davies (Bayern de Munique), que saiu do campo de refugiados onde nasceu para o Canadá, quando tinha cinco anos.

Esse processo de globalização se tornou tão intenso no primeiro escalão do futebol mundial que somente quatro seleções da Copa-2022 não contam com nenhum jogador nascido fora das suas fronteiras.

Quem deve ser o capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo?

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O Brasil é uma dessas raras exceções. A última vez que um "estrangeiro" vestiu a camisa amarelinha foi em 2018, na única apresentação do meia Andreas Pereira, oriundo da Bélgica, pela seleção principal.

Por outro lado, o país pentacampeão mundial exportou três jogadores para Portugal, sua antiga metrópole e, por isso mesmo, terra de origem de muitas das famílias brasileiras: o veterano zagueiro Pepe (Porto) e os estreantes Matheus Nunes (Wolverhampton) e Otávio (Porto).

A Copa-2022 será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.

O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará neste domingo (20) e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizada por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.