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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que os clubes portugueses contratam cada vez menos atletas brasileiros?

Gabriel Veron é uma das novidades brasileiras em Portugal nesta temporda - Getty Images
Gabriel Veron é uma das novidades brasileiras em Portugal nesta temporda Imagem: Getty Images

29/08/2022 04h00

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O Porto pagou 10,5 milhões de euros (R$ 53 milhões) ao Palmeiras pelo atacante Gabriel Veron. Já o Benfica desembolsou 8,5 milhões de euros (R$ 42,9 milhões) para levar embora o zagueiro João Victor, que defendia o Corinthians.

Os dois negócios, fechados na atual janela de transferências, nos lembram que "Portugal é a mais tradicional porta de entrada para os jogadores brasileiros na Europa" e que o português com o sotaque da sua antiga colônia é quase que um dialeto oficial do seu campeonato.

As duas afirmações acima, resultados da alta presença de atletas do país pentacampeão mundial na terra de Cristiano Ronaldo, ainda são verdadeiras. Mas estão cada dia mais caindo em desuso.

Pela quarta temporada consecutiva, a quantidade de brasileiros inscritos na primeira divisão lusa é menor do que no ano anterior.

Em 2022/23, são 119 jogadores aptos a defender a equipes de Tite (aqueles que escolheram defender outros países, como o zagueiro Pepe e o meia Otávio, do Porto e da seleção portuguesa, não foram considerados) espalhados pelas 18 equipes que disputam a competição.

O número ainda é muito alto. Mesmo assim, são 20 atletas a menos do que os presentes na edição anterior do Português. E na comparação com 2018/19, última temporada antes do início da tendência de declínio, a diferença já é de 54 brasileiros.

Atualmente, nenhum dos três maiores clubes lusos têm mais de dois aspirantes à amarelinha como titulares.

No Porto, só o meia-atacante Pepê e o centroavante Evanílson costumam começar jogando. O zagueiro Morato (que deve ceder lugar a Lucas Veríssimo quando ele retornar de contusão) e o ponta David Neres são os donos das vagas no Benfica. E o Sportig normalmente escala apenas o lateral esquerdo Matheus Reis.

A redução no aproveitamento de atletas brasileiros no futebol português tem pelo menos duas explicações principais.

A primeira é que, ao contrário do que acontecia até não muito tempo atrás, quando mal aparecia na segunda prateleira do cenário europeu e dependia de fenômenos como Luís Figo e Cristiano Ronaldo, Portugal é hoje um dos grandes produtores de talento dos gramados globais.

Porto, Benfica e Sporting já são reconhecidos internacionalmente pelo trabalho feito em suas categorias de base. E os atletas formados por esses clubes (majoritariamente portugueses) acabam tirando espaço que antes era ocupado por brasileiros nos elencos não só desses times, mas também das equipes menores do país.

Além do crescimento interno, o futebol português também resolveu se internacionalizar e ampliar o leque de países onde prospecta seus possíveis reforços.

Vinte anos atrás, a primeira divisão tuga contava com jogadores de 32 países diferentes. Em 2012/22, esse número já havia subido para 55. E, na atual temporada, há 66 nacionalidades em campo na liga nacional.

Os brasileiros correspondem a 37,7% dos 315 estrangeiros disponíveis. Há uma década, chegavam a ser metade dos não-portugueses utilizados.

Brasileiros na 1ª divisão de Portugal

2022/23 - 119 jogadores
2021/22 - 139 jogadores
2020/21 - 155 jogadores
2019/20 - 161 jogadores
2018/19 - 173 jogadores
2017/18 - 149 jogadores
2016/17 - 142 jogadores
2015/16 - 138 jogadores
2014/15 - 119 jogadores
2013/14 - 106 jogadores