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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que Neymar e CR7 têm colecionado 'nãos' nesta janela de transferências?

Neymar foi oferecido a vários clubes, mas deve ficar no PSG - Koji Watanabe/Getty Images
Neymar foi oferecido a vários clubes, mas deve ficar no PSG Imagem: Koji Watanabe/Getty Images

24/07/2022 04h00

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Cristiano Ronaldo é o maior artilheiro da história da Liga dos Campeões da Europa e já venceu cinco eleições da Fifa de melhor jogador do mundo. Neymar não chegou tão longe assim, mas levou a seleção brasileira ao seu primeiro título olímpico e ainda detém o recorde de transferência mais cara já registrada por um atleta de futebol.

Durante muito tempo, o camisa 7 português e o astro formado nas categorias de base do Santos eram os sonhos de consumo de nove entre dez técnicos, dirigentes e torcedores dos maiores clubes da Europa.

Mas a atual janela de transferências tem deixado claro que esse tempo já ficou para trás.

CR7 está louco da vida para deixar o Manchester United e manter seu incrível recorde de ter disputado a Champions em todas as temporadas da sua carreira como profissional. Bateu nas portas de Chelsea, Barcelona e Real Madrid. E só levou nãos —agora, tenta convencer o Atlético de Madrid a contratá-lo.

A alta cúpula do Paris Saint-Germain também queria negociar Neymar. Chelsea e Milan até apareceram como alternativas, mas logo desistiram do negócio. Procurado pelos franceses, o Manchester City não quis nem saber de conversar sobre o brasileiro.

Faltando pouco mais de um mês para o encerramento do Mercado da Bola, é cada vez menos provável que o centroavante português e o meia-atacante brasileiro mudem de clube nesta temporada. E o motivo, por mais incrível que pareça, é que "ninguém" mais deseja contratá-los.

Os motivos de tantas recusas são diferentes e particulares para cada um deles.

No caso de Ronaldo, a idade é o maior peso. Apesar de seguir uma dieta rígida e ser maníaco por treinos físicos, o atacante já se transformou em um veterano de 37 anos, que, evidentemente, não tem mais o mesmo fôlego dos seus melhores dias.

Mesmo que continue sendo um dos goleadores mais temidos do planeta (meteu 24 bolas nas redes na temporada passada por um Manchester United que pouco lhe ajudava), o português não tem energia suficiente para se dedicar com intensidade a marcar a saída de bola dos seus adversários.

E, no estilo de futebol praticado hoje em dia pelos clubes do primeiro escalão europeu, ser um peso para o sistema de marcação sob pressão é um crime inafiançável.

É por isso que Thomas Tuchel, o técnico alemão do Chelsea, elogiou Ronaldo, mas disse que não enxergava como português poderia ser adaptar à sua equipe, quando o novo proprietário do clube londrino lhe ofereceu a possibilidade de levar o astro para Stamford Bridge.

A situação de Neymar é um pouco mais complexa do que a simples ação do tempo.

O brasileiro está com o filme queimado na elite europeia por conta do excesso de jogos perdidos no PSG (cerca de 50% do total) devido a problemas físicos e disciplinares. Além disso, passa a sensação de já não ser mais tão decisivo quanto antes e de pouco se importar com isso.

Mas, como ainda tem 30 anos e um bom tempo de carreira pela frente, alguns clubes até poderiam achar que contratar o camisa 10 da equipe francesa ainda uma é aposta que vale o risco. Isso se ele não custasse tão caro.

Neymar tem o segundo maior salário do futebol mundial (49 milhões de euros por ano, ou R$ 273,9 milhões a cada 12 meses). Vinculado até o PSG até 2027, sempre deixou claro que não tinha nenhum interesse em se transferir para uma equipe onde ganhasse menos, o que praticamente torna inviável a abertura de negociação com qualquer time.