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Rafael Reis

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Abel até despista, mas o vejo cada vez mais favorito para treinar a seleção

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, sentado ao centro do programa Roda Viva - Vladir Lemos
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, sentado ao centro do programa Roda Viva Imagem: Vladir Lemos

22/03/2022 12h59

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O torcedor do Palmeiras está apreensivo com o futuro de Abel Ferreira e vive a expectativa de que o clube anuncie o quanto antes a renovação do contrato do técnico português, que termina no fim deste ano.

Além do possível interesse de times europeus em levá-lo de volta para o Velho Continente (o Benfica é um desses candidatos), o atual bicampeão da Libertadores teme que a CBF resolva entrar na briga para contratá-lo.

O treinador foi questionado sobre a possibilidade de assumir a seleção brasileira depois da Copa do Mundo-2022 em sua participação no programa "Roda Vida", exibido pela TV Cultura, na noite de ontem.

"Já treino um clube verde e amarelo. O periquito é verde e amarelo. Não faço planos a longo prazo. Vivo o aqui e agora. Vivo 100% no momento. Não faço planos à frente. Não é da minha forma de estar", limitou-se a dizer.

Apesar de ter desconversado sobre o assunto, Abel não é apenas mais um dentre vários candidatos para ficar com a vaga de Tite depois do torneio do Qatar. Na verdade, vejo o luso como um dos favoritos ao cargo.

Com a falta de nomes expressivos no cenário brasileiro para dirigir a seleção, é bem provável que a CBF ceda à pressão popular e acabe aceitando a ideia de contratar um estrangeiro para dirigir a equipe canarinho no ciclo do próximo Mundial.

Não é novidade para ninguém que o nome mais desejado para a função é o de Pep Guardiola. No entanto, por mais que o treinador catalão já tenha dito que adoraria ter a oportunidade de comandar o Brasil no futuro, é quase impossível que ele aceite neste momento se desligar do Manchester City para trabalhar no futebol de seleções.

Se o treinador mais admirado do planeta neste século está fora do páreo, só existem dois outros estrangeiros que já foram devidamente testados no Brasil e seriam bem digeridos pelas mais variadas parcelas de público que formam o torcedor da seleção: Jorge Jesus e Abel.

Por isso, é bem provável que o próximo treinador do escrete canarinho seja um deles.

Jesus tem a vantagem de ter um lobby maior do que o seu conterrâneo por dois motivos. O primeiro é porque trabalhou no Flamengo, o clube mais midiático e dono de maior torcida do Brasil. Além disso, é adepto de um futebol mais ofensivo e agradável de se ver.

Só que os resultados jogam cada vez mais a favor de Abel. Enquanto JJ naufragava em seu retorno a Portugal (para dirigir o Benfica), o treinador acumulava títulos e prestígio aqui no Brasil. Em um ano e pouco de trabalho no Palmeiras, o ainda jovem de 43 anos já levantou quatro taças, duas delas da Libertadores.

É fato que o estilo de jogo defendido pelo ex-lateral não é bem uma unanimidade. Mas, ao mesmo tempo em que é chamado de retranqueiro por alguns, o comandante alviverde tem conquistado uma legião de admiradores por estudar minuciosamente seus adversários e bolar estratégias adaptadas a cada um deles.

Essa sede de vencer será certamente considerada pela CBF quando chegar o momento de decidir quem será o próximo comandante da seleção. Até porque, basta olhar ao passado recente da entidade, para perceber que ela tem preferido o pragmatismo ao espetáculo em suas escolhas.

O Palmeiras passou invicto pela fase de grupos do Campeonato Paulista (nove vitórias e três empates) e é dono da melhor campanha da competição. Amanhã, a partir das 21h35 (de Brasília), disputa o jogo único das quartas de final contra o Ituano, no Allianz Parque.