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Rafael Reis

A cada 4 seleções da Europa, uma tem jogador brasileiro para chamar de seu

Meia-atacante Marlos nasceu no Paraná, mas joga pela seleção da Ucrânia - Divulgação
Meia-atacante Marlos nasceu no Paraná, mas joga pela seleção da Ucrânia Imagem: Divulgação

02/09/2020 04h00

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Marlos nasceu no Paraná, virou jogador profissional no Coritiba, atuou durante duas temporadas e meia no São Paulo e se mudou para o Leste Europeu em 2012, quando já tinha 23 anos. Cinco anos depois, foi convocado pela primeira vez pela seleção da Ucrânia.

Ao lado do centroavante Júnior Moraes, também nascido no Brasil e que defendeu Santos, Santo André e Ponte Preta antes de cruzar o Oceano Atlântico, o meia-atacante irá defender os ex-soviéticos nas partidas contra Suíça (amanhã) e Espanha (domingo), que marcam o retorno da Liga das Nações da Europa.

Situações como a de Marlos e Júnior Moraes não são nenhuma novidade. Ainda em 1934, o paulistano Filó ajudou a Itália a vencer a segunda edição da Copa do Mundo. Porém, esses casos estão se tornando cada mais frequentes.

Quase 25% das seleções existentes na Europa (13, de um total de 55) convocaram pelo menos um jogador de cidadania brasileira ao longo dos últimos dois anos.

Sete desses países incluíram pé de obra tupiniquim em seus elencos para a rodada dupla de abertura da Liga das Nações.

Além dos ucranianos Marlos e Júnior Moraes, ambos do Shakhtar Donetsk, veremos em ação nesta Data Fifa o italiano Jorginho (Chelsea), o português Pepe (Porto), os espanhóis Thiago (Bayern de Munique) e Rodrigo (Leeds United), os russos Guilherme (Lokomotiv Moscou) e Mário Fernandes (CSKA Moscou), o búlgaro Cicinho (Ludogorets) e o grego Dimitris Limnios (PAOK).

Outras seis seleções (Polônia, Suíça, Hungria, Azerbaijão, Armênia e Belarus) não contam com nenhum representante do futebol pentacampeão mundial na convocação mais recente, mas recorreram a atletas nascidos no Brasil ou filhos de brasileiros depois da última Copa do Mundo.

Mas nem todos esses jogadores adquiriram a cidadania do país que optaram por defender apenas por "questões futebolísticas" (é preciso morar e trabalhar em uma nação durante cinco anos ininterruptos para conseguir completar o processo de naturalização).

Jorginho, que defende a Azzurra desde 2016, é um exemplo da complexidade desse assunto.

Nascido em Santa Catarina, o volante do Chelsea é italiano porque sua família veio de lá. Ele inclusive aproveitou o fato de já ter passaporte europeu para migrar para o Velho Continente na adolescência.

Já Thiago, campeão europeu pelo Bayern e especulado como próximo grande reforço do Liverpool, nasceu na Itália, é filho de brasileiros e se tornou espanhol na infância, quando seu pai, o ex-volante Mazinho, atuava por lá.

O meio-campista, inclusive, joga pelas seleções espanholas de base desde a categoria sub-16. Seu irmão Rafinha, do Barcelona, também vestiu as cores do país europeu na base, mas escolheu jogar pelo Brasil quando adulto.

Esta é a segunda edição da Liga das Nações da Europa, torneio criado pela Uefa para ocupar datas que antes eram reservadas para amistosos. A edição de estreia, disputada entre 2018 e 2019, foi vencida por Portugal.

Desta vez, o quadrangular final será jogado em setembro ou outubro do próximo ano. O país-sede do Final Four ainda não foi decidido, já que dependerá das seleções que estiverem na briga pelo título.