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Mauro Cezar Pereira

REPORTAGEM

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Como Fortaleza segurou Vojvoda e deixou clubes grandes do Sudeste para trás

Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza - JUAN MABROMATA/AFP
Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza Imagem: JUAN MABROMATA/AFP

Mauro Cezar

19/11/2022 13h02

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Corinthians, Atlético Mineiro, Vasco da Gama, agora SAF? Não faltaram destinos especulados para Juan Pablo Vojvoda ao final da temporada. Após recusar o aceno vascaíno, houve quem apostasse no argentino como substituto de Vitor Pereira e também de Cuca.

Mas o Fortaleza segurou seu treinador. E por mais duas temporadas. Contato renovado até o final de 2024! O presidente do Leão do Pici conversou com o blog. Marcelo Paz conta como convenceu Vojvoda a permanecer no campeão do nordeste.

Como o Fortaleza encarou o interesse de outros clubes por Vojvoda?

Achei natural o interesse de outros clubes pelo Vojvoda, ele fez dois bons trabalhos, acima da média, com orçamento mais baixo, no Fortaleza. E vejo com alegria, pois pela segunda vez temos um treinador desejado por outros, o que mostra a nossa capacidade de observar o mercado e que temos uma boa visão.

Já havia há muito tempo a proposta para renovar o contrato?

Há muito tempo ele já sabia do nosso interesse de permanecer com ele, além do interesse de projeto, do que podemos fazer juntos.

O que o Fortaleza apresentou ao técnico para convencer Vojvoda a ficar, em termos de projeto esportivo?

Em termos de projeto esportivo, termos um time ainda mais competitivo no próximo ano, elevar o nível técnico dos jogadores, estabilidade, acho que isso faz parte do projeto esportivo, saber que o trabalho vai ter sequência, mesmo que passe por turbulências, como tivermos em 2021 e ainda maior em 2022. E tem a prova de que atravessamos isso juntos, e de que o clube quer seguir crescendo em estrutura, esportivamente, em acreditar que pode vencer jogos dentro e fora de casa, acreditar que podemos fazer tudo isso em conjunto.

E financeiramente, houve como ao menos se aproximar do que ofereceram clubes do Sudeste?

Financeiramente é difícil, certamente nossa proposta não era a mais alta do que recebeu. Até porque os clubes citados como possíveis destinos dele já estão acostumados a pagar salários até mais alto. Mas acho que ele levou em consideração a possibilidade de participar de competições internacionais no ano que vem, o que o Vasco não poderia oferecer e supostamente foi um dos clubes que tentou o Vojvoda.

Se Vojvoda fosse embora, o clube vai buscaria outro técnico no exterior, pesquisando perfil, como fez com Vojvoda?

Sim, seria uma hipótese, ter um treinador estrangeiro, hoje isso seria mais palatável no Fortaleza, até porque tivemos uma experiência muito exitosa. Já aprendemos a trabalhar com profissional de outro idioma, de outra nacionalidade, mas o mais importante não é ser estrangeiro ou brasileiro, mas o perfil. O Fortaleza gosta de treinadores que gostam da bola, agressivos, que busquem o ataque e que tenham como prioridade ganhar jogos, de um jogo mais propositivo do que reativo.

Essa pesquisa por outro treinador já existia?

Não, estávamos focados na permanência do Vojvoda.

Novamente envolvido em muitas competições, que serão simultâneas em alguns momentos, como em 2022, o Fortaleza pensa em estabelecer uma nova estratégia, como prioridades etc?

A mudança de estratégia passa por montar um elenco mais numeroso desde o início do ano. Até pela janela de contratações do ano passado ficamos limitadas a nos reforçar até julho. Isso pesou, dado que disputamos muitas competições, de algo nível, as duas maiores são a Copa Libertadores e o campeonato brasileiro da Série A, nossos deslocamentos são maiores, o tempo de descanso e recuperação menores, aprendemos que precisamos qualificar o elenco desde o início. Algo que fizemos quando abriu a janela, o que culminou com a melhora na Série A, mas também porque aquele altura não estávamos mais na Copa Libertadores e tínhamos num intervalo maior entre os jogos.

De que maneira a queda do Ceará impacta no Fortaleza e no futebol do estado e da região nordeste?

A queda do Ceará tem impacto no futebol nordestino, é menos um clube na região disputando a competição. E tem impacto em nossa logística, pois era o único jogo em que não viajávamos, agora em todos os jogos fora de casa teremos que viajar. E é um grande clube que estava há cinco anos na Série A, nosso rival direto aqui na cidade e no Estado, tem até algum tipo de impacto até no torcedor. Cabe a nós conduzir da melhor maneira possível, olhar para dentro do Fortaleza e fazer o nosso melhor independentemente de onde o nosso rival vai estar no ano que vem.

O Fortaleza é a maior referência para os clubes que desejam se tornar emergentes no futebol brasileiro? Por que?

Acho que o Fortaleza é sim uma boa referência para os clubes emergentes que desejam crescer, porque crescemos de forma orgânica, até o momento sem SAF, subimos de divisão, conquistando uma sequência de cinco anos de Série A, disputando competições internacionais, pagando em dia, atraindo jogadores que outrora não viriam. Mas antes de tudo acho que o Fortaleza serve de referência para a região nordeste. Que tem grandes clubes, grandes marcas que estão fora da Série A. Em Pernambuco, por exemplo, de Alagoas. Servimos de inspiração para os clubes do nordeste, de que existe um caminho, uma maneira de chegar à elite do futebol brasileiro e permanecer.