Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em 2023, o Flamengo disputou e perdeu três títulos: tem alguma coisa errada

Vítor Pereira se desespera durante Flamengo x Del Valle, partida da Recopa Sul-Americana - Sergio Moraes/Reuters
Vítor Pereira se desespera durante Flamengo x Del Valle, partida da Recopa Sul-Americana Imagem: Sergio Moraes/Reuters

Colunista do UOL

01/03/2023 00h39

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Maracanã lotado, com Flamengo em campo disputando título, deixa o cenário lindo.

O time da Gávea entrou bem focado, marcando forte a saída defensiva do Independiente e roubando a bola rápido, para continuar pressionando. Mas não conseguia criar chances claras, sendo que em algumas jogadas o ataque me pareceu um pouco afoito, o que não é o normal para esses jogadores do Flamengo.

Mas, com o tempo, o Independiente del Valle foi gostando do jogo, trocando passes (que é o forte desse time). E, combinando com a cera que estavam fazendo, isso foi deixando o Flamengo um pouco irritado.

Mas é óbvio que o time carioca tem muito mais talento. E, quando a coisa começa a funcionar, a pressão para o time equatoriano aumenta muito. Foram duas bolas na trave seguidas, em jogadas aéreas com cabeçadas do Thiago Maia e do Airton Lucas, que deixaram o time equatoriano um pouco abalado.

O Flamengo tomou conta do jogo e empurrou o Independiente del Valle para trás, que começou a ter dificuldade até para sair tocando, como gosta de fazer.

Nos momentos finais da primeira etapa, foi um ataque contra defesa constante. Só que faltou mais agressividade e tranquilidade para o ataque flamenguista conseguir marcar, porque criou boas chances.

Só para constar: a arbitragem do primeiro tempo foi muito conivente com a cera do time do Equador e superconfusa nas suas marcações. Em nenhum momento o árbitro teve o jogo nas mãos e isso criou muitas confusões.

O segundo tempo começou bem melhor para o Independiente del Valle. Não porque voltou jogando melhor, mas porque o Flamengo começou a errar muitos passes.

Até os 20 minutos, o Flamengo não havia criado nada e nem chutado em gol. Achei que o Vítor Pereira estava demorando para mexer num time que precisava ganhar e que estava sofrendo. E então ele resolveu colocar, ao mesmo tempo, Gerson e Everton Cebolinha, para dar a criatividade e a agressividade que estavam faltando desde o começo da partida.

O Independente Del Valle foi começando a jogar, tocar a bola e até se arriscava no ataque, mas errava muitos passes. O Flamengo não conseguiu ditar a dinâmica da partida em nenhum momento, porque o Del Valle conseguia sempre quebrar esse ritmo.

Faltando 10 minutos para o fim, entraram Matheuzinho e Matheus Gonçalves, para tentar jogar como não conseguiu o segundo tempo todo.

A verdade é que o Flamengo do Vítor Pereira não joga bem e vem falhando em jogos decisivos. O time vem vivendo em 2023 da parte técnica dos seus jogadores, porque até agora está faltando treinador nessa equipe.

Não se vê organização tática que faça esse grande time do Flamengo ser competitivo, nem com equipes claramente inferiores, como foi no Mundial no Marrocos e na Recopa Sul-Americana, em pleno Maracanã com mais de 70 mil pessoas.

O jogo foi caminhando para o fim com a massa rubro-negra gritando "time sem vergonha". Até que Arrascaeta fez 1 a 0, levando o jogo para a prorrogação.

A prorrogação foi uma estrada de uma mão só: Flamengo ataca e Del Valle defende. Mas a deficiência continuou na falta de agressividade ofensiva, porque ficou com a bola mas criou poucos problemas.

Sem contar que achei o time equatoriano fraco tecnicamente, errando muitos passes, mas sem que o Flamengo se aproveitasse disso.

O Del Valle veio com dois planos, e um deu certo. Porque o plano A era segurar o empate, e o B era levar para os pênaltis, e foi o que conseguiu.

A disputa de pênaltis não é sorteio, e sim treinamento e controle emocional. Principalmente no futebol de hoje, em que se tem todas as informações possíveis para quem bate e também para quem defende.

Deu Independiente del Valle, porque o seu goleiro Ramírez fez uma grande defesa no primeiro pênalti batido pelo Arrascaeta, porque todos outros fizeram.

O Flamengo não foi capaz de fazer os gols que precisava. O grande mérito do Del Valle foi não se abater quando tomou o gol nos últimos segundos da partida, e ter suportado muito bem a pressão emocional de um Maracanã lotado na hora dos pênaltis.

Nesse ano, o Flamengo disputou três títulos e perdeu todos. Alguma coisa está errada.

E domingo (5) tem Flamengo x Vasco.