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ReportagemEsporte

Entrevista: Duda Matos e um novo ambiente para resgatar Thiago Wild

Em 2018, Thiago Wild conquistou o título do US Open juvenil. No começo de 2020, fez belas apresentações na Copa Davis e no Rio Open. Pouco depois, em março, com 19 anos, tornou-se o brasileiro mais jovem a conquistar um torneio de nível ATP ao triunfar em Santiago, no Chile. Seu talento era inegável. Os resultados apareciam. O paranaense aproximou-se do top 100, e tudo parecia apontar para uma ascensão sem interrupções rumo à elite do tênis.

Foi aí, então, que veio a pandemia do novo coronavírus. O circuito ficou sem torneios por cinco meses e freou o bom momento do brasileiro. Fora de quadras, problemas vinham à tona. Ainda em 2020, foi investigado pela Polícia Civil do Paraná por sair da quarentena. Em 2021, sua ex-namorada Thayane Lima usou redes sociais para dizer que havia sido traída pelo tenista e que viveu um relacionamento abusivo com Wild. Mais tarde, o Ministério Público denunciou Thiago por violência doméstica contra Thayane.

Dentro de quadra, os resultados escassearam, e Wild despencou no ranking. No fim de 2022, já aparecia fora do grupo dos 400 melhores do mundo - algo que parecia inconcebível dois anos antes. Com questões pendentes na Justiça, remediou o lado profissional. Primeiro, procurou Duda Matos, treinador conhecido da academia Tennis Route, com quem tinha bom relacionamento, e pediu ajuda. O técnico criou um novo ambiente de trabalho, que não demorou muito a trazer resultados.

Wild voltou a subir no ranking, mas nem tudo eram flores. No ano passado, em Roland Garros, após protagonizar a maior zebra da primeira rodada e eliminar o russo Daniil Medvedev, cabeça de chave 2, Thiago foi mal na entrevista coletiva pós-jogo. Desentendeu-se com um jornalista e acabou criticado pela imprensa internacional junto com seu agente, que tentou intimidar um repórter que perguntou sobre o caso de violência doméstica.

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Imagem: Fotojump

Fast forward para fevereiro 2024. O trabalho com Duda Matos deu resultado. Wild chegou ao Rio Open, maior torneio em solo brasileiro, como número 82 do mundo. Sua equipe já contava com uma nova assessora de imprensa: a experiente jornalista Lia Benthien, que cobriu o auge de Gustavo Kuerten, acompanhou o surgimento de Wild entre os juvenis e o conhecia de longa data. Thiago não só venceu sua estreia no torneio como foi educado, receptivo e atencioso com os jornalistas. Comportamento que se repetiu nos três encontros com a imprensa - mesmo após sua derrota no torneio.

Wild deixou boas impressões na Cidade Maravilhosa. Benthien foi aplaudida na sala de imprensa após uma das entrevistas do atleta. Hoje, após perder nas oitavas do ATP 250 de Santiago, Thiago tem garantido o melhor ranking de sua carreira. Atual #73, vai estar entre os 70 melhores do mundo na segunda-feira que vem, quando a ATP atualizar seu ranking.

Para saber mais sobre a recuperação do paranaense, conversei com Duda Matos por telefone no fim de semana. Ele e Thiago haviam acabado de chegar a Santiago, e o papo quase sempre voltava a dois pontos: a maturidade do paranaense e a necessidade de criar um novo ambiente de trabalho. Um ambiente em que Thiago fosse mais exigido e menos paparicado. Leia a íntegra dessa conversa abaixo:

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Quando, se é que houve um momento assim, que o Thiago achou que tinha chegado ao 'fundo do poço' e precisava mudar alguma coisa radicalmente na carreira?

Na verdade, o que aconteceu é que o Thiago estava na Espanha... Ele treinava com o João [Zwetsch] na academia [Tennis Route], depois ele foi para a Espanha para tentar fazer algumas coisas diferentes e tentar fazer algumas coisas que ele achava necessário mudar. Depois, na Copa Davis contra Portugal [setembro de 2022, quando Wild estava convocado, mas não foi escalado para entrar em quadra], antes de começar o confronto, ele me liga um ou dois dias antes: "Cara, precisava de uma ajuda, você consegue me treinar, viajar comigo e tal?" Eu falei: "Vamos fazer assim? Vamos fazer um teste até o final do ano, até para ver de fato o quanto você está disposto a fazer as coisas e mudar, e também eu sentir o quanto posso te ajudar nesse processo." E foi dali que a gente começou. Obviamente, o Thiago está na academia [Tennis Route] desde os 13 para 14 anos, sempre estive ali, junto, mas nunca diretamente com ele. E ali foi onde a gente começou. Acho que é bastante mérito dele de estar disposto a crescer, amadurecer, a fazer as coisas melhor. Ali foi o começo.

Como foi o começo desse processo? Quando vocês sentaram para conversar e dizer 'precisa mudar isso, isso e isso', o que era a prioridade?

É dia a dia né? É difícil... Nunca é uma coisa só. A primeira coisa era deixar o dia a dia produtivo porque todo mundo sabe das características e do potencial que o Thiago tem, da qualidade que ele tem física e como competidor, mas a gente precisava reconstruir. Ele estava com a autoestima baixa. Ele não estava se sentindo bem, estava desconfortável dentro da quadra. Precisava se achar. A gente tentou deixar o dia a dia produtivo. Trabalhar, voltar para o trabalho duro, a receita infalível (risos).

Entendi.

Pezinho no chão, trabalhar e nada muito complexo, mas fazer o simples bem feito e todo dia. À medida em que o tempo foi passando, acho que os resultados começam a falar por si só. E foi o que aconteceu. Ele se predispôs a fazer tudo que tinha que fazer, sem precisar ficar pedindo por onde. Ele queria isso tanto quanto eu, e as coisas foram acontecendo naturalmente.

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Agora, Duda, o que se comentava em bastidores é que o Thiago tinha uma vida fora de quadra que era incompatível com um atleta de alto rendimento do nível que ele poderia jogar. Vocês falaram sobre isso? Foi preciso fazer ajustes nessa questão também?

Na verdade, é aquilo: como ele já veio com as coisas mais claras na cabeça... E uma das coisas que a gente fez, mais do que sair ou não sair, foi mudar o ambiente. Eu sou muito amigo do Sebastian Gutierrez, que é o treinador do [argentino Sebastian] Báez [campeão do Rio Open], e falei para o Thiago: "Acho que a gente precisa fazer um pouco de força e mudar o nosso ambiente no contexto geral, entendeu?" Então a ideia foi colocar ele - sempre que tivesse mais de duas semanas seguidas - que ele fosse para Buenos Aires, que ele trabalhasse lá num ambiente em que as pessoas nem sabem quem ele é, que não tem amizades, nada. Ele ia ter que chegar lá e provar para ele e para todo mundo que ele merecia o espaço dele ali dentro. Essa foi uma estratégia mais do que pontuar as outras coisas. Desde o dia 1, ele aceitou: "Beleza. Me fala o que tem que fazer que eu vou fazer." Então acabou o fim de temporada, e na pré-temporada ele já foi para Buenos Aires, já fez quatro semanas lá e, ao longo do ano passado, a gente foi fazendo isso. Quando tinha um pouco menos de 10 dias, cinco dias, ele vinha para o Rio, ficava na minha casa. Um pouco mais do que isso, ele ia para a Argentina e treinava lá.

Ele ia sozinho? Você ficava no Rio?

É. Eu fui lá uma vez só. No resto, ele foi sozinho. Até para dar esse... Hoje em dia, está acontecendo muito isso. Vários jogadores treinam com dois coaches. O próprio Báez agora sempre faz algumas giras quando o Guti não vai - como Indian Wells e Miami - então é uma maneira até de não ficar tão maçante para o Thiago porque eu sei que eu sou duro (risos), sou exigente, sou chato. Então às vezes é bom dar uma respirada para os dois, entendeu? A gente foi criando um pouco essa relação. Daqui a pouco chega uma gira de 6-7 semanas juntos, e ele também falava "Lá vem esse cara amanhã, às 6h da manhã, me encher o saco de novo!" (risos de ambos). Então deixa ele escutar de outra pessoa, entendeu?

Então era basicamente colocar o Thiago em um lugar onde ele não fosse tão paparicado?

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Exatamente.

Eu ia chegar nessa questão do Sebastian Gutierrez porque o Báez falou em uma coletiva, aqui no Rio Open, que veio fazer pré-temporada com vocês aqui no Rio.

Isso. Ele passou quase dez dias aqui no Rio, e a gente foi dois dias a São Paulo para fazer um evento lá. Depois, passamos mais 7-8 dias aqui. Vieram ele e o [Francisco] Comesana. A gente tem uma relação boa. Eu dei uma mão para o Comesana em Buenos Aires porque o Gutierrez não podia chegar antes. Eventualmente, um ajuda o outro. A gente tem uma relação muito próxima. O Guti é um cara que pensa e tem umas características muito parecidas com as minhas na maneira de ver o jogo e conduzir o jogador. Acho que isso tem ajudado também bastante porque apesar de serem pessoas diferentes falando, a maneira de falar é muito parecida.

Quando foi o primeiro momento que vocês chegaram e falaram "está dando certo"? Para grande parte do público, a campanha de Roland Garros [Wild derrotou o então número 2 do mundo, Daniil Medvedev, na primeira rodada] foi o que mais chamou atenção. Mas houve algo antes?

Na verdade, o Thiago trabalhou muito bem na pré-temporada. Ele já vinha bem. A gente começou o trabalho e, nesse início, ele perdeu muito. Ele fez só uma semifinal, no último torneio do ano [2022], em São Leopoldo [de setembro ao fim de outubro, Wild venceu dois jogos e perdeu cinco em chaves principais de torneios e saiu do grupo dos 400 melhores do ranking]. O lado bom, quando você perde, se é que tem um lado bom, é que você tem a semana inteira para trabalhar no torneio. Ele trabalhou igual a um animal (risos) e, na última semana, ele conseguiu fazer sua primeira semifinal em muito tempo [Wild não fazia uma semi de Challenger desde novembro de 2021]. E fez a pré-temporada melhor. Então a gente já sabia, pela maneira que estava vindo, que em algum momento, alguma coisa de legal iria acontecer. Ele acabou passando o quali e fazendo final do Challenger de Santiago, depois do ATP [em março de 2023], e depois ele ganhou [o Challenger de] Viña del Mar. Ali ele já está próximo, estava treinando muito bem, então a gente já estava com isso muito claro. Quando ele jogou o Challenger de Turim, fez quartas e perdeu um jogo duríssimo para o Báez [então #40 do mundo], por 6/3 na negra, a gente sentou no dia e falou "Cara, ele está pronto para fazer um negócio legal em Roland Garros. Se ele não pegar um cara muito duro (Duda ri no meio da frase, lembrando que o sorteio colocou Wild diante de Medvedev na estreia), ele vai fazer um negócio muito bom lá. Eu acho que ele tem condição de passar o quali e andar algumas rodadas." Foi ali.

E o Medvedev tinha acabado de ser campeão do Masters 1000 de Roma, né? Apesar de ele não gostar de saibro, era o melhor momento dele no piso...

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E junto a isso, um momento que vale pontuar também - porque todo mundo me fala isso - é que Turim foi importante, um segundo ponto, mas antes ele vinha bem e pegou o João Fonseca e perdeu na segunda rodada em Florianópolis [em março de 2023]. Tinha expectativa, aquela pressão, o moleque joga super bem, mas é mais novo que ele... Ele não jogou tão bem, não conseguiu administrar bem e perdeu. Então o que eu falo para todo mundo é: tem a questão do Medvedev, mas tem a questão de como ele lidou após perder esse jogo. Era um jogo que gera muita expectativa, ele estava num momento bom, a gente foi para aqueles torneios para ganhar... Ele perdeu na segunda rodada para o João e conseguiu lidar com a derrota de uma maneira madura, trabalhando muito duro, e logo na semana seguinte ele ganhou o Challenger de Buenos Aires. Isso foi muito bom. Normalmente, quando você perde esses jogos, a tendência é demorar uns dias a mais do que deve para se restabelecer. E ele tem feito isso muito bem. Isso ajudou muito ele nesse contexto. E foi o que aconteceu agora no início do ano. Porque ele também não foi tão bem nem em Córdoba nem em Buenos Aires [perdeu na primeira rodada dos dois ATPs 250 argentinos], mas trabalhou bem pra caramba e chegou no Rio, junto com a torcida, trazer essas coisas para dentro.

Um coisa que nós, jornalistas, vimos esta semana, aqui no Rio: ele deu três entrevistas muito boas, sendo muito atencioso, simpático e diferente do que nós estávamos acostumados a ver. O quanto isso faz parte dele? O quanto a Lia fez parte desse processo? Vocês sentiam essa necessidade também de trabalhar um pouco mais a imagem dele para acabar contribuindo dentro de quadra de alguma maneira?

Quem conhece o Thiago sabe que ele é um excelente garoto, tem um coração gigantesco. Mas, ao mesmo tempo, ele tem as particularidades dele. Ele vive no mundo dele muitas vezes. Às vezes, não é nem que ele faz por bem ou por mal, mas faltava entendimento de o quanto essas coisas fazem parte do trabalho dele. Então assim... o trabalho dele às vezes é ir lá e dar entrevista. Acaba o jogo, e ele quer fazer a rotina dele e ir embora, mas não, tem que fazer a entrevista coletiva, etc, e tal. Veio tudo meio que junto. Essa maturidade dele... Obviamente, todo mundo vem ajudando, acho que o time como um todo, e a Lia é uma peça fundamental nesse processo que a gente começou. Ele já está entendendo o que ele tem que fazer, o que a profissão dele exige para os dois lados, mas não foi uma coisa forçada. Se fosse forçado, dá para sentir que o cara não está ali.

Sim, sim.

É isso, né? Ele fez muita coisa muito novo, e é um aprendizado. Ele só tem 23 anos, tem muita coisa pela frente. Está aprendendo, está querendo fazer as coisas melhor, está querendo melhorar em todos os sentidos. Esse é o grande trunfo que ele tem feito ao longo desses meses.

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A gente falou muito na sala de imprensa esta semana sobre como foi um ambiente diferente e mais leve, mais legal de conversar e abordar o Thiago também, sabe? E ele é muito importante para nós porque é um cara que ganha jogo, que tem personalidade, tem potencial para ganhar coisa grande. O teto dele ninguém sabe onde é, e é bom para todo mundo. Melhor para ele, melhor para nós, e acho que todo mundo gostou de como foi esta semana, sabe?

Legal.

Não sei se de repente ele tinha essa impressão, mas não conheço nenhum jornalista que torce contra ele abertamente.

O que acho é um pouco isso: o Thiago tem que estar focado nas coisas que fazem sentido para ele dentro da quadra, e a gente sabe da importância de vocês para ele no contexto geral. No contexto de trazer outros atletas jogando tênis, agora está o João Fonseca aí, que é um baita de um talento. O moleque vai voar, vai fazer coisas legais também. Então é bom para o tênis, é bom para ele, para os outros atletas, é bom para todo mundo. A gente tem que começar a criar um ambiente mais saudável, mais produtivo, e ele está disposto a fazer o que é necessário. Às vezes, a gente complica mais, a gente fica com ego ou alguma coisa ferida porque alguém disse alguma coisa há 6-7 meses, um ano atrás... Essas coisas eu falo para ele: "Você não sabe o que o cara disse, o que o cara está sofrendo." Muitas vezes, a gente vai cumprimentar uma pessoa num torneio, e "Pô, o cara não cumprimentou, não falou comigo", e eu digo "Você não sabe como o cara está, se ele está machucado, se o cara está defendendo os pontos e está estressado..." E às vezes acontece com ele mesmo. Mais do que a gente ficar chateado porque a pessoa disse ou não disse - obviamente, se uma pessoa fizer isso consistentemente, com uma frequência, beleza, mas se é uma reportagem ou um fato pontual, acho que a gente tem que tentar mudar. O nosso dia já é tão estressante, já é todo dia ponto, ranking, trabalho, ir para o sol, não sei o quê... Vamos tentar deixar o mais leve que a gente pode, e isso passa para todo mundo que está em volta. É o que ele está conseguindo fazer.

Já que você mencionou o Fonseca, você acha que o destaque do João ajuda no sentido de tirar um pouco de pressão sobre o Thiago?

Muito, muito. O próprio Monteiro. É um baita cara, está aí de novo. Para todo mundo ajuda. É o que acontece na Argentina. O pessoal fala muito da Argentina e tal, mas o que vejo mais lá é... O que acontece? Imagina o Thiago [Wild] está chegando a 70 do mundo e ter o Monteiro como #30? É um ambiente mais tranquilo. Mas se você chega a #70 e é o primeiro do Brasil, todo mundo quer que você ganhe um grand slam... É diferente. Entendeu ou não? Quando o Báez chegou a #70, tinha três caras na frente dele (risos). Então ele vai andando mais tranquilo. Então para o Fonseca ter o Thiago como #70, o Fonseca vai andando mais tranquilo. Então um vai ajudando o outro. Quanto mais jogadores a gente tiver, vamos ter mais treinadores no circuito... O respeito dos outros tenistas pelos brasileiros aumenta. A gente está num momento muito bom do tênis brasileiro. Tomara que a gente consiga em pouco tempo botar o Thiago - já está top 100 - mas o Monteiro está voltando, o Felipe [Meligeni] daqui a pouco, se deus quiser, vai entrar no top 100, tem o Fonseca que vai chegar. O [Gustavo] Heide é um garoto que está vindo bem também. O [Matheus] Pucinelli está voltando a jogar bem. A gente tem tudo para ter, daqui a pouco, cinco ou seis garotos entre os 100 melhores do mundo, e aí muda toda a nossa história. A gente volta a ser um país que a gente merecia ser há bastante tempo. O trabalho é esse.

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