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Ao vencer no Rio Open, Thiago Wild dá bons sinais até fora de quadra

Foi uma bela noite que encerrou o primeiro dia da chave principal do Rio Open. Em uma Quadra Guga Kuerten cheia e barulhenta, Thiago Wild (23 anos, #82 do mundo) venceu de virada o chileno Alejandro Tabilo (#52), com parciais de 2/6, 6/4 e 6/4, e avançou às oitavas de final do ATP 500 carioca pela segunda vez. O paranaense se jogou no chão para festejar, a torcida cantou seu nome, e todo mundo foi para casa com um sorriso no rosto.

Técnica e taticamente falando, não foi nem de longe uma atuação soberba de Wild, que é capaz de muito mais. Porém, há um valor importante nesse tipo de vitória, quando o atleta consegue um resultado relevante superando não só um oponente de respeito, mas também uma jornada que começou difícil. O brasileiro encontrou um nível de intensidade competitivo a partir do segundo set, salvou-se de momentos delicados no terceiro e conseguiu a quebra decisiva quando Tabilo lhe deu uma oportunidade. Uma atuação digna de aplausos, sobretudo porque Wild vinha numa sequência com uma vitória em 12 partidas - ainda que algumas delas tenham sido contra adversários um tanto fortes, como os top 10 Hubert Hurkacz (United Cup) e Andrey Rublev (Australian Open).

Até aí, tudo muito lindo. Faltava, porém, conversar com os jornalistas, algo que Wild nem sempre fez muito bem. Vale lembrar que mesmo no maior de seus resultados - a vitória sobre Daniil Medvedev em Roland Garros - o paranaense encontrou dificuldades e lidou mal com as poucas perguntas que não foram feitas para bajulá-lo. Neste noite, contudo, Thiago esteve diferente. Foi simpático, sorridente, prestou atenção às perguntas, não interrompeu os jornalistas, deu respostas mais abrangentes - várias delas exaltando sua equipe - e admitiu que não é uma pessoa fácil de lidar no dia a dia. Ouça alguns trechos abaixo, no podcast Rio Open.

A essa altura, o leitor pode estar pensando "nas vitórias, é mais fácil ser simpático e falar bem da equipe". De fato. Entretanto, este nem sempre foi o caso com Thiago Wild (lembre aqui). Por isso, a postura desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, deve ser vista com bons olhos. Um bom sinal. Um pequeno indício de que o atleta começa a entender melhor que sua profissão não se limita a bater bem numa bolinha amarela - algo que ele faz muito bem, é preciso dizer.

Coisas que eu acho que acho:

- Este momento é aquele em que certo tipo de personagem no meio de tênis costuma rebater meus argumentos com "entrevista não faz ninguém ganhar jogo". De fato, saber falar com a imprensa e tratar os outros com um pouco educação não faz ninguém bater melhor numa bola de tênis. Porém, saber cultivar uma imagem e respeitar pessoas que estão à sua volta no dia a dia do esporte ajuda um bocado a entrar em quadra com a cabeça despreocupada. Ou alguém acha que o episódio de Roland Garros fez bem?

- Já escrevi mais de uma dúzia de vezes em 17 anos de Saque e Voleio, e volto a escrever agora: ser atleta profissional não se resume ao que acontece dentro de quatro linhas. Quanto mais cedo esportistas entendem a importância de se comunicar, dar boas entrevistas e usar a imprensa para valorizar sua imagem e cativar fãs, mais fácil será o aspecto competitivo da profissão.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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