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Rafael Oliveira

Com Euro e Copa América adiadas, futebol tenta ajustar seu calendário

27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League - Miguel Medina / AFP
27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League Imagem: Miguel Medina / AFP

Colunista do Uol

17/03/2020 12h20

Copa América e Eurocopa foram adiadas para 2021. Os torneios continentais seriam em junho de 2020, mas acabaram diretamente impactados pelo coronavírus. É uma medida correta e necessária, e que traz consequências diferentes.

A realização da Euro seria inviável nos moldes desejados. A edição de 2020 seria comemorativa dos 60 anos do torneio. Por isso, teria doze diferentes países como sedes. Como imaginar tanto deslocamento e integração diante do momento vivido pelo continente?

Outro efeito prático é abrir espaço para que os clubes consigam encerrar a temporada 2019/20. Ainda não se sabe quando será possível retomar a normalidade, mas a decisão libera os meses de junho e julho para a realização das rodadas restantes das ligas nacionais.

A Champions League ganhou uma nova data prevista para a final (27 de junho), embora ainda não confirmada pela Uefa, que prefere manter a cautela. Seria um cenário bastante otimista, projetando o retorno para maio, algo que ainda parece improvável.

O adiamento da Euro é a melhor e mais natural decisão. A Copa América vai no mesmo caminho, reforçando também a aproximação entre as duas entidades. Juntas, colocam pressão na Fifa em relação ao novo Mundial de Clubes, previsto para o mesmo período de 2021.

Teoricamente, os clubes dos dois continentes ganham tempo para planejar como será o resto da temporada. Teoricamente. No Brasil, o efeito é expor uma vez mais o calendário local. Ganhar meses livres? Não aqui. A Copa América já seria ignorada pelo Campeonato Brasileiro, que já tinha dez rodadas marcadas para o período.

Na prática, o que muda é apenas evitar os desfalques de convocados para seleções. Isso não é resolver calendário. É dar a sorte de não pagar novamente pelo erro. A necessidade é gritante e segue igual: diminuir o número de jogos, respeitar as datas Fifa e valorizar o próprio produto.

Não vai ser agora que o futebol brasileiro vai resolver os reais problemas de calendário. Será um período apenas para fazer os ajustes necessários e, quem sabe, esperar bom senso dos dirigentes.

O Brasileirão tem duas vantagens em relação aos campeonatos europeus: ainda tem a temporada toda pela frente e poderá debater alternativas sem a guerra de interesses de uma classificação parcial, em andamento.

Responsabilidade segue sendo a palavra-chave. Para todo o processo, dentro ou fora do mundo esportivo. Parar tudo, esperar o tempo que for preciso e fazer as adaptações possíveis para uma temporada atípica.