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Ricciardo não se acerta com carro da McLaren de novo e vive futuro incerto

O australiano Daniel Ricciardo, que vive temporada complicada na McLaren em 2022 - McLaren
O australiano Daniel Ricciardo, que vive temporada complicada na McLaren em 2022 Imagem: McLaren

Colunista do UOL

06/06/2022 11h04

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Após sete corridas disputadas na temporada, o cenário não é novo para Daniel Ricciardo: em seu segundo ano na McLaren, o australiano tem tido um desempenho bastante aquém em relação a seu companheiro Lando Norris no campeonato, a ponto de o CEO da equipe, Zak Brown, já ter citado que "existem mecanismos" para que o piloto de 32 anos saia da equipe antes do final de seu contrato, que termina ao final de 2023.

No momento, Ricciardo é um dos pilotos mais caros do grid, com salário na casa dos 20 milhões de dólares por ano, e responsável por pouco mais de 10% dos pontos da McLaren. É uma situação parecida com a que ele viveu ano passado, que acabou sendo aliviada por uma vitória no GP da Itália, mas que tem uma raiz diferente.

As dificuldades do piloto australiano aparecem mais em baixa velocidade, em que a traseira do carro de 2022 perde muito da sua eficiência. Alguns pilotos lidam melhor com o carro mais nervoso quando isso acontece e é aí que mora a grande diferença entre Norris e Ricciardo.

De certa forma, isso está conectado com a vantagem que o inglês teve ano passado em relação ao australiano: Norris freia e depois vira o carro de maneira mais agressiva, enquanto Ricciardo vem da escola de frear a fazer a curva ao mesmo tempo. Com a geração de carros anterior, a desvantagem de se fazer isso era relacionada aos pneus, que não gostavam de ser forçados lateralmente e longitudinalmente ao mesmo tempo. Agora, simplesmente não há estabilidade suficiente na traseira, a não ser em curvas rápidas, para se fazer isso sem perder velocidade.

Isso explica o abismo entre Norris e Ricciardo na classificação num circuito travado como Mônaco, o que acabou se repetindo na corrida por ser uma pista em que é muito difícil ultrapassar. Eles também estiveram distantes em Barcelona, mas o australiano explicou que "o time encontrou um problema no carro que foi resolvido". E a McLaren confirmou a informação, sem querer dar mais detalhes.

Em pistas com mais curvas de alta velocidade, a diferença entre os dois é bem menor. Mas também é fato que as duas próximas corridas, no Azerbaijão já neste final de semana, e no Canadá logo em seguida, são uma mescla de longas retas e curvas abaixo de 130 km/h, ou seja, o cenário no momento não é dos melhores para Ricciardo.

Futuro de Ricciardo na McLaren é incerto

Mas o que isso pode representar para seu futuro? Sabe-se que Zak Brown tem consultado especialistas para entender se a migração de Pato O'Ward, que já é piloto McLaren, ou Colton Herta da Indy para a F1 seria factível. A principal questão seria a adaptação desses pilotos com os delicados pneus que a categoria usa, que acaba tornando o estilo de prova bastante diferente.

Norris tem um contrato de longa duração com a McLaren e agrada muito a equipe, então essas sondagens só podem ser para a vaga de Ricciardo. Brown disse enquanto estava nos Estados Unidos para as 500 Milhas de Indianápolis que "há mecanismos em que estamos comprometidos um com o outro e há mecanismos pelos quais não estamos."

Até aí, nenhuma novidade. É normal que haja cláusulas de performance, muitas vezes de ambos os lados, em um contrato de F1. Mas o estranho é isso ser dito publicamente. E Brown ainda completou dizendo que a McLaren segue comprometida em tirar o melhor de seu piloto e que "veremos o que ele quer fazer", indicando que a opção de sair antes do final do contrato é do piloto.

Do seu lado, Ricciardo, um tanto desapontado com sua performance em Mônaco, onde sempre andou bem, deixou claro que não quer continuar se for para andar fora da zona de pontos. Mas reiterou que sua prioridade é trabalhar com a equipe para entender como ele pode tirar mais do carro, que no momento está conseguindo se firmar como a quarta força no campeonato.

Isso, aliás, pode dar algum respiro para Ricciardo. A Alfa Romeo é quem tem o desempenho mais próximo, mas também só tem pontuado com Valtteri Bottas. E a Alpine já está com a temporada comprometida por problemas na unidade de potência nas primeiras provas. Mas é claro que, pensando além de 2022, é justo que o time de Woking queira mais do piloto que foi contratado para ser sua estrela.