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Carros mais duros da F1 dificultam ainda mais a vida dos pilotos em Mônaco

O ferrarista Charles Leclerc em ação no primeiro dia de treinos livres para o GP de Mônaco - Ferrari
O ferrarista Charles Leclerc em ação no primeiro dia de treinos livres para o GP de Mônaco Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

27/05/2022 14h40

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O GP de Mônaco representa um desafio único para os pilotos, que passam a milímetros dos muros, trocam de marcha 47 vezes por volta e têm pouco tempo sem fazer nada no volante nos quase 4km de pista. É um desafio de concentração e que será muito mais físico que em anos anteriores nesta temporada. Tudo por conta dos carros que estrearam em 2022.

São duas as características dos carros que geram essa dificuldade maior especificamente em Mônaco: as suspensões são menos sofisticadas por força das novas regras, e ficaram mais duras. Suspensões mais macias são bastante importantes em Mônaco porque permitem que os pilotos toquem os muros sem quebrá-las e ataquem mais as zebras. Agora, se eles fizerem o mesmo traçado que estão acostumados, vão sentir o impacto no pescoço e nas costas.

Outra dificuldade é segurar o carro nas curvas de baixa velocidade, uma vez que o carro com efeito-solo que a F1 usa a partir deste ano não gera tanta pressão aerodinâmica com velocidades mais baixas. Então a tendência é que o piloto tente virar para fazer a curva, e ele insista a apontar para o outro lado. Esse comportamento era mais acentuado nos testes de pré-temporada, mas ainda afetam muitas equipes.

"É difícil pilotar em Mônaco com esses carros porque eles são muito duros", explicou George Russell, da Mercedes. "E, quando você chega em um circuito muito ondulado, não é fácil colocar o carro no limite. E uma das grandes dificuldades são as zebras. Vimos em Imola e aqui como a Ferrari é bem melhor com as zebras, enquanto nós temos que jogar o carro. O carro é tão duro que, em algumas curvas, como a 5, o pneu até sai do solo. Não sei muito bem o que podemos fazer."

Para a Mercedes, ainda também o problema do porpoising severo que ambos os pilotos experimentaram. "Dei uma 100 balançadas na reta", disse Hamilton. "É como se eu estivesse empinando o carro". Isso ocorre devido às ondulações da pista e a solução para a Mercedes é andar com o carro mais alto, prejudicando sua eficiência.

Ferrari lidera o dia, mas Red Bull promete melhoras

Por outro lado, as duas Ferrari, que desde o começo do ano vêm andando bem em curvas de baixa velocidade, fecharam o primeiro dia de atividades em Mônaco com as duas primeiras colocações. O piloto da casa, Charles Leclerc, que jamais terminou uma corrida no Principado, liderou ambas as sessões. Mas a Red Bull sempre esteve por perto, e o líder do campeonato Max Verstappen disse que o time encontrou um bom caminho para o acerto e que espera melhorar para a classificação no sábado.

A McLaren apareceu bem no primeiro dia de treinos livres, ou pelo menos do lado de Lando Norris, que ainda se recupera de uma amigdalite. O inglês foi o quinto colocado e o time se dizia confiante quanto à adaptação do carro a um circuito tão único. Outra equipe que esperava lidera bem com o desafio de Mônaco era a Alfa Romeo, mas pelo menos no primeiro dia Valtteri Bottas teve um problema no carro que o fez ter de trocar o MGU-K, e perdeu tempo de pista.

Estar na pista constantemente é um dos segredos em Mônaco, uma pista na qual o piloto tem de ir construindo sua confiança para tirar o máximo do carro na classificação, que costuma ser decisiva. A definição do grid é a mais eletrizante do ano, e começa às 11h da manhã pelo horário de Brasília.