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Acidente de Verstappen foi o segundo mais forte da F1 pelo menos desde 2015

O carro de Verstappen após a batida no GP da Inglaterra - Twitter/Fórmula 1
O carro de Verstappen após a batida no GP da Inglaterra Imagem: Twitter/Fórmula 1

Colunista do UOL

23/07/2021 07h20

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A batida de Max Verstappen na primeira volta do GP da Grã-Bretanha no último domingo foi a segunda mais forte da Fórmula 1 em pelo menos seis anos, com base nos dados divulgados sobre os acidentes que ocorreram de 2015 para cá. O impacto mais forte continua sendo de Romain Grosjean no GP do Bahrein do ano passado.

Os dados são de um equipamento que os carros de Fórmula 1 têm desde 1997, chamado gravador de dados de acidentes (que corresponde à sigla ADR, em inglês) e que usa os vários sensores do carro para determinar a violência do impacto, computada em forças G. Quando o ADR marca mais de 18G de pico de impacto, uma luz se acende no carro para mostrar para o piloto e a equipe de resgate que ele é obrigado a passar pelo centro médico. Os dados também são recebidos pela equipe.

Mais recentemente, dois acelerômetros foram adicionados ao sistema e também são colocados nos fones auriculares dos pilotos que, por sua vez, também usam luvas biométricas que fornecem informações sobre seus sinais vitais aos médicos.

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Max Verstappen perde o controle de sua Red Bull após toque com Hamilton
Imagem: Reprodução/F1

O ADR da Red Bull de Verstappen registrou um pico de impacto comparável a 51 vezes a força da gravidade na batida do último domingo, após um toque com Lewis Hamilton. O holandês não chegou a perder a consciência, mas ficou um pouco tonto com o impacto, passando por uma ressonância magnética algumas horas depois em um hospital local, mas não teve nenhum problema detectado e já está em casa, em Mônaco, desde o início da semana.

Falando à imprensa alemã, o consultor da Red Bull, Helmut Marko, disse que "um mortal normal não sobreviveria a algo assim. Era de se esperar que ele estivesse todo dolorido, mas só está sentindo um pouco o pescoço."

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Comissários apagam fogo após acidente com Romain Grosjean no Bahrein
Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

O mesmo aconteceu com Grosjean, em um impacto de 67G que acabou fazendo com que sua Haas se partisse em duas partes, ocasionando um incêndio como há décadas não se via na Fórmula 1. O francês sofreu queimaduras graves nas mãos, mas também não teve nenhum problema neurológico com a batida. Na época, foi destacado como o conjunto dos equipamentos de segurança que os carros da F1 usam hoje foi importante para o estado de Grosjean.

Outras batidas fortes ocorreram com os espanhóis Carlos Sainz (quando ele perdeu o controle do carro sozinho no treino livre no GP da Rússia de 2015 e acabou indo parar debaixo da proteção) e Fernando Alonso (que se tocou com Gutierrez no GP da Austrália de 2016 e capotou): em ambas, o ADR registrou um impacto de 46G.

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Ericsson capota durante treino livre do GP de Monza
Imagem: Reprodução

Já o acidente de Valtteri Bottas no GP da Emilia Romagna, após toque com George Russell, resultou em impacto de 30G. Outra batida bastante forte foi a de Marcus Ericsson no GP da Itália de 2018, quando seu sistema de DRS falhou e não fechou quando ele acionou o freio. O carro registrou um impacto inicial de 18G e capotou algumas vezes. A não ser no caso de Grosjean, todos os pilotos saíram sem ferimentos dos acidentes.

A Fórmula 1 passou mais de 20 anos sem fatalidades entre pilotos em finais de semana de corrida, após as mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna no GP de San Marino de 1994. Isso, até o violentíssimo acidente de Jules Bianchi no GP do Japão de 2014 quando ele, sob forte chuva, escapou da pista e bateu em um trator que fazia a remoção de outro carro que também tinha escapado. O impacto da Marussia de Bianchi foi calculado em 254G e o francês faleceu meses depois em decorrência das lesões cerebrais sofridas na batida.