Topo

Pole Position

F1: Ferrari comemora 1000 GPs (ou 999, 1001). Saiba quais a Scuderia perdeu

Gilles Villeneuve, da Ferrari morto em Zolder no GP da Bélgica de 1982 - Steve Powell/Getty Images
Gilles Villeneuve, da Ferrari morto em Zolder no GP da Bélgica de 1982 Imagem: Steve Powell/Getty Images

Colunista do UOL

11/09/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Ferrari está comemorando oficialmente neste final de semana seu milésimo GP na Fórmula 1, e tem a oportunidade de fazer isso literalmente em casa, na pista de Mugello, que é de sua propriedade e foi escolhida a dedo para a celebração, aproveitando que a F1 teve de recorrer a circuitos que não estavam no calendário original devido aos cancelamentos causados pelo coronavírus.

Embora seja a única equipe que participou de todos os campeonatos da F1, a Ferrari não esteve em todas as corridas, uma vez que a categoria já celebrou seu GP de número 1000 no início do ano passado, na China. Desde greves até falta de rendimento justificaram as 28 ausências dos italianos ao longo dos anos.

Sim, apesar de a F1 estar fazendo sua corrida de número 1027 e da Ferrari estar comemorando a milésima, dá para debater se o GP da Suíça de 1982 entra ou não na conta, uma vez que o time corria com apenas um carro, Patrick Tambay, mas o piloto desistiu da prova depois da classificação por um problema em um nervo nas costas, e a equipe, efetivamente, não participou da corrida. E, se pelo menos aparecer para correr no final de semana já conta, aí são 26 os GP que a Ferrari não fez, já que o GP da Bélgica de 1982, em que a Scuderia se retirou após a morte de Gilles Villeneuve na classificação, foi um caso parecido. Ou seja, a conta também pode ser vista como 999, ou com 1001 GPs.

O que fez a Ferrari se ausentar de corridas na F1?

Farina - Reprodução - Reprodução
Giuseppe Farina, com a Alfa Romeo, ganhou a primeira corrida da F1 em 1950, que não contou com a Ferrari
Imagem: Reprodução

No campeonato inicial da F1, em 1950, a Ferrari perdeu três corridas: a primeira da história da categoria, o GP da Grã-Bretanha (por falta de dinheiro para enviar seu equipamento), e as provas de Indianápolis (que raramente contavam com times da F1, mas eram consideradas no calendário nos anos 50 e 60) e da França (porque Enzo Ferrari julgou que eles não seriam competitivos, embora Alberto Ascari tenha competido de Ferrari na F2, vencendo a prova).

Outras nove das 27 corridas de F1 que não contaram com a Scuderia Ferrari foram em Indianápolis. Os italianos foram aos Estados Unidos em 1952, e Ascari abandonou após completar apenas 40 voltas.

Em 1959, a Ferrari ficou ausente de mais um GP da Grã-Bretanha, desta vez devido a uma greve, embora há quem garanta que isso só foi um pretexto para pedir mais dinheiro

No último ano em que Indianápolis fez parte do calendário da F1, em 1960, a Ferrari perdeu também o GP dos Estados Unidos em Riverside, na Califórnia. Como a prova foi realizada 10 semanas depois do final da temporada, eles preferiram focar já na temporada seguinte. Em 1961, a Scuderia acabou não correndo uma prova que foi organizada às pressas, também nos EUA, em Watkins Glen, devido ao sucesso de Phil Hill, norte-americano que tinha acabado de vencer o campeonato a bordo de uma Ferrari. Mas havia uma grande resistência na Itália porque o título fora conquistado após o acidente fatal de seu companheiro, Wolfgang von Trips, que matou ainda 14 espectadores justamente no GP da Itália. E Hill acabou não disputando a prova.

phil hill - AP - AP
Phil Hill, piloto da Ferrari, disputa o Grande Prêmio da Itália da temporada 1961 da Fórmula 1
Imagem: AP

Falta de competitividade marcou anos 60

Em 1962, a Ferrari ficou de fora de três provas (França, EUA e África do Sul). A primeira foi, novamente, devido a uma greve na Itália, e nas duas últimas a Scuderia preferiu não ir porque não tinha mais chances no campeonato.

Um 1966, a história se repetiu e a Scuderia ficou de fora do GP da Grã-Bretanha devido a uma greve, e do México porque não compensava viajar sem estar disputando o título. O mesmo aconteceria no ano seguinte, no GP da África do Sul. Aquela prova foi disputada no início de janeiro e a segunda corrida seria quatro meses depois, em maio, então a Scuderia achou melhor focar no desenvolvimento do carro.

Talvez a ausência mais emblemática tenha sido a 22ª: A Ferrari não participou do GP de Mônaco de 1968 por considerar a pista perigosa demais. Isso aconteceu um ano após a morte de Lorenzo Bandini.

Depois de vender a Ferrari para a FIAT, mantendo o controle da equipe de competições, Enzo Ferrari entendeu que 1969 seria um ano de reconstrução, e por várias vezes a Ferrari entrou apenas com um carro, mais para conseguir o dinheiro pela participação do que visando bons resultados. E, no GP da Alemanha, eles não inscreveram ninguém.

Na década de 1970, foram três as não-participações: duas em 1973, na Holanda e na Alemanha. O time estava bastante focado em Le Mans e tinha um ano bastante fraco na F1. Isso mudaria com a chegada de Niki Lauda. Após o acidente do austríaco durante a temporada 1976, Enzo Ferrari chegou a anunciar que a Ferrari sairia do campeonato, e por isso o time não participou do GP da Áustria daquele ano. A Ferrari e Lauda voltariam, e ele disputaria o título até o fim.

O trágico 1982 para a Ferrari

Em 1982, uma série de eventos trágicos levaria a Ferrari a ficar de fora do GP da Suíça. A equipe começou o ano com a dupla Gilles Villeneuve e Didier Pironi. Villeneuve morreu na classificação para o GP da Bélgica, no que pode ser considerada outra prova em que a Scuderia não correu, uma vez que eles decidiram se retirar após o acidente.

Mas os acidentes graves não parariam por aí. Pironi teve a carreira encerrada por outra batida, na Alemanha. A Ferrari, então, corria só com Patrick Tambay, substituto de Villeneuve, que teve uma lesão em um nervo e não tinha condições físicas para correr na etapa suíça (realizada em Dijon, na França). Ele fez a classificação, mas desistiu de correr no domingo, fazendo com que a Ferrari ficasse de fora.

De lá para cá, foram realizadas mais de 600 corridas na Fórmula 1, e o time italiano esteve presente em todas elas.