Topo

Pole Position

A Ferrari se prepara para temporada perdida ou está com 'trauma' de 2019?

Sebastian Vettel testa carro da Ferrari durante a pré-temporada da F-1 2019, em Barcelona - Albert Gea/Reuters
Sebastian Vettel testa carro da Ferrari durante a pré-temporada da F-1 2019, em Barcelona Imagem: Albert Gea/Reuters

Colunista do UOL

04/03/2020 12h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Ferrari saiu dos testes de pré-temporada de 12 meses atrás mais otimista do que nunca. Afinal, desde a primeira vez que pilotou o carro, Sebastian Vettel dizia que as sensações não poderiam ser melhores e o time não precisava se esforçar para liderar a tabela de tempos. Mas o que se viu foi uma lavada da Mercedes no começo do ano passado. A situação não poderia ser mais diferente agora: os dados dos testes coletivos apontam que a Ferrari estaria atrás da Red Bull e, inclusive, da Renault. E até possivelmente da mediana Racing Point. O chefe Mattia Binotto já começou a falar na possibilidade de desistir do carro deste ano antes mesmo da primeira etapa, que será dia 15 de março. Mas será que estamos perto mesmo de uma temporada desastrosa para o time de Maranello?

alguns indicativos de que a situação não é tão dramática quanto parece. Os dados dos testes deixam claro que houve uma evolução no carro vermelho em curvas de média velocidade e, especialmente, de baixa, o que era um dos grande problemas do ano passado. Nas curvas mais lentas, inclusive, a Ferrari emerge como o carro mais veloz do grid.

Mas onde eles estariam perdendo tempo de volta? Exatamente em seu grande ponto forte de 2019: as retas. É fato que o motor ferrarista, a pedido dos rivais, passou por uma investigação da Federação Internacional de Automobilismo, que divulgou semana passada ter chegado a um acordo com os italianos, implicando ter encontrado algo, pelo menos, que não estava dentro do espírito das regras. O problema de velocidade, contudo, não parece estar no motor Ferrari em si, uma vez que a Alfa Romeo, que usa o mesmo equipamento, teve performance de reta melhor que a Scuderia.

Uma possibilidade seria que o aumento de pressão aerodinâmica que foi atestado pelos pilotos Vettel e Charles Leclerc e que gera esse ganho nas curvas possa estar resultando também em arrasto nas retas, ou seja, possa estar "freando" o carro. E outra teoria é de que, em nenhum momento, os pilotos buscaram fazer a volta mais rápida possível, tirando o pé do acelerador na reta.

Ainda que o tom de Binotto seja mais alarmante - o chefe ferrarista primeiro disse que o carro não era tão rápido quanto os de Red Bull e Mercedes, depois reconheceu que faltava velocidade de reta e deu nota seis para a performance do carro nos testes - os pilotos deram a entender que o cenário é diferente.

"Testamos um pouco de tudo mas, normalmente você não mostra tudo o que pode nos testes, você faz coisas quando ninguém está vendo ou quando não conseguem fazer leitura labial", disse Vettel. "Não há segredos, mas não há necessidade de mostrar tudo. É o mesmo para todos."

Leclerc foi mais longe e disse que a Ferrari tinha atingido seu objetivo com o carro, que era ser mais veloz nas retas. Outro ponto importante era tornar o equilíbrio do carro mais neutro, para que ele possa andar bem em vários tipos de pista. Mas o principal foco da Scuderia aparenta ser o de evitar um repeteco de 2019 e, desta vez, surpreender positivamente na primeira corrida em Melbourne.