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Testes da F-1 têm Mercedes veloz, Red Bull confiante e Ferrari misteriosa

Mercedes e Ferrari durante os testes da pré-temporada da F-1 - Divulgação/Mercedes
Mercedes e Ferrari durante os testes da pré-temporada da F-1 Imagem: Divulgação/Mercedes

Colunista do UOL

29/02/2020 04h00

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Depois de seis dias de atividades, os testes coletivos da Fórmula 1 deixaram várias dúvidas que só começarão a ser resolvidas daqui a duas semanas, na definição do grid para o GP da Austrália.

A Mercedes demonstrou sua força e dominou os testes, mas também sofreu com a falta de confiabilidade de seu motor. Até mesmo antes da pré-temporada começar, os alemães já admitiam que o novo motor vinha dando mais dor de cabeça que o normal, e isso se confirmou nos testes, com problemas tanto no time de fábrica, quanto na cliente Williams. Com isso, o hexacampeão Lewis Hamilton disse que saía "preocupado" do Circuito da Catalunha. "Normalmente saímos da pré-temporada com muito mais confiança em relação a nossa confiabilidade. Usamos três motores no teste, então definitivamente a situação não está tranquila para nós."

Já a Red Bull apareceu como segunda força, mas também teve seus problemas: tanto Max Verstappen, quanto Alex Albon, rodaram, e passaram bastante tempo nos boxes fazendo mudanças e dando a impressão de que as alterações feitas na suspensão tornaram o carro complicado. "Até o momento, o carro parece ser uma evolução em relação ao ano passado", disse Verstappen. "Mas também, nos testes, é sempre difícil saber se você está rápido o suficiente."

No final de seis dias de atividades, Verstappen fez a melhor volta da Red Bull com 1min16s2, contra 1min15s7 da Mercedes. As condições climáticas, contudo, eram piores quando o holandês fez seu tempo, e o composto de pneu também era ligeiramente mais duro. Com isso, a avaliação é de que a Mercedes está na frente, mas a vantagem é menor do que as melhores marcas de cada carro possam indicar.

Por fim, a Ferrari ficou devendo em termos de ritmo, mas curiosamente demonstrou ter um carro forte nas curvas, e bastante lento nas retas. Isso gerou a desconfiança de que eles não mostraram tudo o que podiam, até porque as retas foram o ponto forte do carro ferrarista ano passado.

Ao mesmo tempo, a Federação Internacional de Automobilismo divulgou ter entrado em acordo com a Ferrari após investigação em seu motor, que tinha começado em novembro do ano passado, a pedido das rivais Mercedes e Honda. A entidade publicou que "os detalhes do acordo ficarão restritos às duas partes", dando a entender que encontrou algo irregular no equipamento ferrarista, que não poderá mais ser usado nesta temporada.

Como a Ferrari fez uma ótima pré-temporada ano passado e acabou decepcionando na etapa de abertura, há a especulação de que o time tenha evitado oba-oba e sido lento nas retas de propósito, mas o chefe Mattia Binotto disse que o ritmo é real. "Precisamos melhorar a performance em geral - o motor e até mesmo o certo do carro. Não acho que exista uma área em especial que tenhamos que focar e, sim, em todas."

Quem será a melhor do resto?

O melhor tempo ferrarista ficou a um décimo da Red Bull, com os pneus mais macios. Porém, como a Renault também conseguiu andar no mesmo ritmo e uma evolução tão grande dos franceses não é esperada, presume-se que ambos os carros poderiam ser mais velozes.

O mesmo acontece com a McLaren, que focou mais em sua preparação para a corrida. No final, Carlos Sainz fez o oitavo melhor tempo, atrás também da Racing Point, mas não usou o composto mais veloz de pneu.

Mas foi o time de Sergio Perez e Lance Stroll que roubou a cena durante os testes, andando bem em todos os dias. Depois de mudar radicalmente o projeto de seu carro e trazer um modelo bem parecido com a Mercedes do ano passado, a Racing Point desponta como forte candidata a ser o melhor carro do segundo pelotão. O experiente Perez, que fechou os testes com o sétimo melhor tempo no geral, disse que este é o "melhor carro" que ele já pilotou. "Acho que os sinais são positivos, mas há muito trabalho a fazer antes da primeira corrida."

Ao contrário da Racing Point, a Renault promete um pacote aerodinâmico novo para a estreia em Melbourne, o que pode mudar a relação de forças. Mais atrás, a Williams teve um teste muito mais positivo que ano passado, quando o time estava bastante atrasado com o projeto, mas perdeu bastante tempo de pista devido a problemas no motor Mercedes. A Haas também perdeu tempo com problemas diversos, uma porca no primeiro teste e câmbio no segundo, mas os pilotos estavam positivos em relação ao rendimento do carro e garantiram que não estão sofrendo com os mesmo problemas de pneus do ano passado.

Já a Alfa Romeo foi outro time que focou mais no ritmo de corrida, mas não passou despercebido o fato das reuniões entre os pilotos e engenheiros terem sido longas nos últimos dois dias de teste, o que costuma ser indicativo de que algo não saiu como o planejado.

Isso dá confiança para a AlphaTauri (ex-Toro Rosso) de que eles podem começar a temporada à frente de seus rivais. "Sei que temos um pouco mais no bolso e vamos mostrar em Melbourne. No geral, estou contente com o carro", disse Pierre Gasly, que ficou fora do top 10 nos testes, mas claramente tirou o pé na parte final de sua melhor volta.

A temporada da Fórmula 1 tem início marcado para dia 15 de março, no GP da Austrália, em Melbourne. O campeonato terá cobertura completa in loco da coluna Pole Position.