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Presidente da CBDU levou próprio filho, escondido, para jogar a Universíade

Bombou, esta semana, a notícia de que a Somália levou a filha da presidente da federação de atletismo do país para disputar a Universíade, na China, mesmo sem ter nenhuma condição técnica para isso. O mesmo problema, porém, aconteceu também no esporte brasileiro.

Luciano Cabral, presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), inscreveu o próprio filho, Leandro Cabral, para disputar a competição de tênis, sem que o garoto tivesse passado por qualquer tipo de seletiva. O jovem perdeu três jogos por 6/0 e 6/0, o que é chamado de "bicicleta" no tênis.

A CBDU, que no ano passado recebeu R$ 24 milhões das Loterias, tem como prática esconder a convocadação da delegação brasileira até as vésperas da competição, que é o segundo maior evento poliesportivo do mundo, só atrás da Olimpíada de Verão.

É muito comum que os vencedores das seletivas nacionais não sejam chamados, substituídos por atletas de ponta que têm matrícula em universidades brasileiras ou norte-americanas. Este ano, houve muitas queixas especialmente no atletismo. A natação levou sete atletas olímpicos, em uma espécie de seleção brasileira B.

No tênis, modalidade em que o Brasil tem dezenas de atletas na liga universitária dos EUA — Luisa Stefani, por exemplo, veio de lá — a CBDU anunciou a convocação de dois atletas: Jackson Pereira Xavier, do Ceará, e Tayná de Souza Araújo Mendes, vencedores das seletivas masculina e feminina, respectivamente, disputada em Brasília.

Mas um outro atleta foi inscrito e jogou tanto duplas quanto simples: Leandro Marinho Atayde Cabral, identificado nas súmulas apenas como L. Marinho.

Trata-se de Leandro Cabral, que é filho de Luciano Cabral e não participou de nenhuma seletiva. Em simples, ele estreou perdendo para Henry Der Schulenburg, da Suíça, em uma bicicleta de duplo 6/0, anotando apenas seis pontos na partida toda, contra 48 do adversário.

Como a Universíade tem um torneio de consolação, ele voltou à quadra, e mais uma vez deu vexame. Perdeu de Lucky Candra Kurniawan, da Indonésia, por 6/0 e 6/0, em uma partida de 25 minutos de duração. Neste jogo ele foi um pouco menos pior: fez oito pontos.

Em duplas, jogou ao lado de Jackson, em mais uma derrota acachapante por duplo 6/0. O site da Universíade não detalha quantos pontos cada atleta fez, mas a dupla brasileira anotou um total de 13 pontos, em 61 jogados.

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O caso foi denunciado no Instagram por Neco Haddad, que disputou uma Universíade como jogador de tênis, foi cortado sem explicação da delegação que foi a Nápoles, em 2019, e atualmente é treinador universitário. Ele é primo de Beatriz Haddad Maia. "Coitado do moleque que teve que jogar com ele [Leandro]. Essa é uma demonstração do descaso com o esporte universitário no Brasil", reclamou pela rede social.

O Olhar Olímpico procurou Luciano Cabral via Whatsapp, mas ele não respondeu. Se houver resposta, esta reportagem será atualizada. Além de ser presidente da CBDU, o brasileiro é o vice-presidente em exercício da FISU, a federação internacional universitária, organizadora do torneio.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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